quinta-feira, 28 de maio de 2009

" A MATANÇA EM NOME DE DEUS " PARTE I

Respondendo em parte ao professor de estudos religiosos na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, Bart Ehrman

Herem, ou Matança em Nome de Javé.

De acordo com a narrativa bíblica, quando os israelitas sitiaram Jericó, queimaram a cidade, inclusive todos os habitantes exceto Raabe e sua família (Js 6.24ss). Fizeram o mesmo em Ai (8.24,29) e em outros lugares. A palavra equivalente a essa destruição total é herem, “consagração”, e o verbo pode ser traduzido por “destruir totalmente” (cf. 6.17, “condenada”, “consagrada ao Senhor para destruição”).

Se a apresentação bíblica desse assunto fosse expressa numa linguagem que implicasse que tal “consagração” foi praticada porque os israelitas apenas pensaram que o Senhor a desejava (mas Deus não lhes solicitara em parte alguma), a idéia ainda seria perturbadora. Mas afirma-se algumas vezes, explicitamente, que Josué agiu “como ordenara o Senhor” ou “como ordenara Moisés, servo do Senhor” (Dt 10.40; 11.12; cf. Dt 7.24).

A idéia de que Deus podia ordenar a qualquer pessoa que matasse outra ou exigir o extermínio completo de todos os seres viventes de uma cidade parece ofensiva ou até ultrajante. Para contornar o problema, alguns propõem que o Deus (Javé) do Antigo Testamento não pode ser o mesmo Pai de Jesus Cristo do Novo Testamento. Isso, é claro, vai contra os ensinamentos de Cristo e dos apóstolos, que identificam claramente o Deus deles com o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e como o Deus que se revelou a Moisés e aos profetas.

Uma resposta parcial a esse quebra-cabeça é o fato de que a “consagração” religiosa era uma parte da cultura da época. Os povos do antigo Oriente Próximo “consagravam” pessoas, posses e cativos a seus deuses. Obviamente, o fato de tais atos serem costumeiros não os torna corretos, mas ajuda a explicar por que os israelitas não o consideravam necessariamente errado. Deus toma as pessoas onde estão e as conduz, passo a passo, até que finalmente cheguem onde Deus está. A revelação divina é progressiva. Nesse ponto, os israelitas não tinham como Torá o Sermão do Monte (“amai vossos inimigos”). Essa compreensão do amor precisava aguardar que o Novo Josué (Jesus) a tornasse conhecida em sua vida e morte.

Mas na palavra e opinião de Lasor, essa não é a resposta completa. A posição bíblica com respeito aos cananeus não é simplesmente “sejam exterminados!” Há boas razões por trás dessa ordem. Aos olhos de Javé, os cananeus, com sua cultura e religião, eram pecadores extremamente maus, cometendo não apenas abominações contra Deus, mas também tentando seduzir Israel para que os acompanhassem nesses atos “religiosos”.

A descoberta de documentos ugaríticos em Ras Shamra na Síria tem proporcionado informações detalhadas acerca das práticas religiosas cananéias. Prostituição religiosa, sacrifício de crianças e outros aspectos dessa religião contaminaram Israel durante séculos, como bem testemunham os livros de Reis e dos primeiros profetas.

Javé, lembrava-se sempre aos israelitas, é Santo, um Deus que não tolera tais práticas abomináveis, especialmente em nome de um serviço à deidade. Isso era idolatria contra a criação e o criador. Os cananeus mereciam punição. Além disso, a pureza da religião israelita tinha de ser preservada. Os atrativos sensuais da religião cananéia (como em Baal–Peor, Nm 25.1) impunham uma séria ameaça à vida javista.

Um cirurgião não hesita em remover um braço ou uma perna, ou mesmo um órgão vital, quando a vida está em jogo. A própria existência de Israel - e, em última análise, a salvação do mundo - dependia da bênção de Deus.

Claro que isso é só uma interpretação e uma tentativa parcial de justificar a difícil posição bíblica. Mas há o veredicto da história. Os israelitas, cansados da matança ou seduzidos pelos ritos religiosos, pararam de exterminar os cananeus e as práticas religiosas cananéias invadiram gradualmente a religião israelita. A punição que isso acarretou a Israel foi terrível. Javé lhes infligiu opressão estrangeira, invasão, destruição de cidades israelitas e de Jerusalém, além do exílio que os afastou da terra prometida.

Repetindo, Javé não ordenou que os israelitas exterminassem todos os gentios, mas apenas os cananeus. Essa política não era um princípio permanente ou eterno. Foi designada para uma situação imediata, que os israelitas estavam ocupando a terra que Deus havia prometido a seus pais. Mais tarde, os ensinamentos morais e éticos dos profetas como Amós, Miquéias e Isaías seriam apresentados a Israel com a mesma veemência, como a palavra de Javé. Ainda mais tarde, Jesus Cristo alegaria que veio para cumprir a lei e os profetas. A “consagração” dos cananeus na terra deve ser considerada a partir desses fatores e, não sob o ponto de vista dos achólogos ou pretensos "teólogos", sobretudo daqueles que pretendem ser o "enviado" para "eleucidar", e, que petulância; o que compete ao mundo espiritual. Como o homem natural discernirá o que é genuinamente espiritual?

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