segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A Ressurreição do Povo de Deus – É necessário voz profética!

A Ressurreição do Povo de Deus – É necessário voz profética!

 Ezequiel viveu entre os cativos da Babilônia. Sua profecia nasceu da dramática situação dos deportados. Ele mesmo, cativo, experimentou os sofrimentos e a insegurança do cativeiro, mas foi chamado por Deus a animar seu povo pára enfrentar a crise com uma fé amadurecida. Teve um forte espírito de luta. "Mais duro que a pedra" (Ez 3.9), mostrou-se implacável contra a idolatria, os falsos profetas e as falsas seguranças. Mas ajudou o povo a se situar dentro do contexto histórico mais amplo (Ez 16;20;23)

Para entender a mensagem de Ezequiel é necessário distinguir duas fases de sua atividade profética: antes e depois da destruição de Jerusalém. Na primeira fase, sua atitude foi de denúncia e alerta, como uma sentinela vigilante (Ez 3.17). Seus oráculos foram de condenação. Na segunda fase, o profeta mudou de atitude e seus oráculos foram de esperança e consolação.

Na primeira fase (597-587), Ezequiel se dirigiu basicamente ao povo deportado para a babilônia. Mas ficou atento às manobras dos governantes em Jerusalém, Zedequias e sua corte. Sabendo das tentativas de aliança com o Egito contra a Babilônia, dela discordou com veemência (Ez 17), prevendo o pior, o que foi confirmado pelos fatos. Tanto os cativos na babilônia quanto os moradores de Jerusalém esperavam que o rei Jeconias fosse logo libertado, pondo fim ao cativeiro. O que menos lhe passou pela cabeça era a possibilidade de Jerusalém ser destruída (Ez 5.5-14; 6.1-10). Ezequiel chamou-lhes a atenção para as causas da primeira deportação: as injustiças e a idolatria. Mas o centro da corrupção se instalara no templo de Jerusalém (Ez 8.14-18). Se, em vez de converter-se e mudar de vida, o povo se rebelasse contra o rei da Babilônia, a segunda deportação, pior do que a primeira, seria inevitável. 

Conosco não é diferente. A igreja deve ficar atenta às manobras de nossos governantes. Mesmo que elas se dêem no "interior" do templo. Como igreja de Jesus, não podemos nos furtar a aplicação destes fatos em nossos dias. Não há como criar uma ou ensejar uma atitude escapista com respeito às responsabilidades inerentes. Enquanto vivermos um Evangelho de mornidão espiritual, frouxidão profética, descompromisso e injustiça social, egoísmo desmedido e insensibilidade cristã, estaremos, tal como o povo, "bichinho de Jacó", destinado ao cativeiro do sec. XXI e fadado a "erradicação" gradativa. A nossa "deportação" será certa.

Sentinela que alerta do perigo, o profeta jogou todas as suas fichas para abrir os olhos do povo. Do capítulo 12 ao 24, com a vivacidade de sua imaginação, descreveu os abusos, a falsidade de profetas e profetisas (Ez 13), dos anciãos idólatras (Ez 14.1-11); relembrou o lírico começo da aliança e as infidelidades de Israel (Ez 16); predisse a ruína de Jerusalém (Ez 24) e até a morte de sua mulher se tornou um sinal (Ez 24.15-25).Chegamos ao tempo de conhecer muitos profetas viúvos. Quem deseja ser o primeiro? 

Na segunda fase, depois da ruína de Judá, o profeta se revoltou quanto à atitude dos povos vizinhos, contra os quais proferiu uma série de oráculos (Ez 25-32). Solidário com seu povo destroçado, procurou levantar-lhe o ânimo, com a certeza da libertação futura (Ez 36-39). Já na visão da glória de Deus (Ez10-11) o profeta mostrou que ela não estava fixa no templo, mas acompanhava o povo no cativeiro. Para transmitir ao povo essa certeza, o profeta repetiu mais de 50 vezes o mesmo refrão: "Saberei que eu sou Javé.

A visão dos ossos secos foi um ponto alto nas profecias de Ezequiel. De modo envolvente, descreveu a sua experiência: a mão do Senhor o conduziu a um vale cheio de ossos espalhados e o fez circular no meio deles em todas as direções. Era o retrato do povo cativo, no meio do qual o profeta circulava. Uma situação de morte e a única esperança que restava era a de uma verdadeira ressurreição. O profeta não hesitou em garantir, de maneira convincente, que o Espírito do senhor ia operar essa ressurreição. 

Para nós, hoje, essa garantia continua e foi selada pela ressurreição de Jesus Cristo. Dela vem a força que nos fará resistir e, contra todos os planos e cálculos dos que condenam o povo a um cativeiro sem saída, podemos apostar no futuro e trabalhar sua construção.

A última parte do livro de Ezequiel (40-48), depois da destruição do último inimigo ameaçador, Gogue (38-39), é uma descrição detalhada do novo templo e do novo Israel.

 

 

 

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