sábado, 12 de dezembro de 2009

Religião Popular

Religião Popular

Gatos pretos, passar embaixo de escadas, ler horóscopos, carregar amuletos e ficar preocupado com o número treze ainda são coisas importantes para muitas pessoas na avançada sociedade industrial de nossos dias. Rituais de ciclos da vida relacionados a nascimentos, casamentos e mortes são com freqüência considerados assuntos em que a "religião" deveria participar, ainda que seja o único interesse demonstrado em relação a Deus ou à igreja durante a vida da pessoa. Por que isso ocorre? Será que tal fato significa que as sociedades modernas não são tão seculares como pensamos?

Religião popular diz respeito a superstição(crença no destino ou na sorte) e a rituais e rotinas que dão significado à vida ou ajudam as pessoas a enfrentar as crises. Os cristãos não devem ficar surpresos quando encontram religiões alternativas no mundo.

Os ouvintes de Jesus aparentemente não tiveram dificuldade em entender o que quis dizer com "onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração". As pessoas que deixam de adorar o Criador fixam-se em alguma coisa criada. A Bíblia não raro se refere à magia e à superstição de diversos tipos, com freqüência ligando-as diretamente ao mundo dos espíritos malignos. A infiltração da religião popular nos lares por meio de revistas populares e conversas de botequim de maneira nenhuma reduz o seu potencial para o perigo espiritual.

Rivais ou Parceiros?

Durante muitos séculos a religião popular tem existido, com freqüência junto com as religiões oficiais ou convencionais como judaísmo ou cristianismo. Às vezes a religião popular pode conter aspectos de religião oficial, e vice-versa, embora a religião oficial possa também ser hostil para com a religião popular.

No tempo do rei Saul, rei de Israel, embora a feitiçaria fosse proibida pela lei judaica, a feiticeira de Endor continuou a exercer o seu comércio. Mas na Europa medieval muitos Rituais e símbolos antigos foram incorporados e se tornaram aceitáveis dentro do cristianismo. Exemplo óbvio é o Natal, festa "cristã" sobreposta à celebração muito difundida do solstício de inverno, com inúmeras tradições populares em nada relacionadas ao cristianismo.

Durante o século XX, entretanto, surgiu a idéia de que o racionalismo crescente acabaria com as crenças "irracionais", que por fim desapareceriam completamente quando o dia da ciência raiasse. Muitos hoje ainda defendem esse ponto de vista. Mas os sociólogos e os antropólogos descobriram que isso não aconteceu.

As chamadas crenças e práticas irracionais persistem mesmo nas sociedades industriais mais tecnologicamente sofisticadas. Especialmente em momentos de desgraça – por meio das doenças, morte, calamidades naturais, guerra, depressão econômica – a dimensão sagrada da vida recebe novo ímpeto. A secularização não é tão facilmente demonstrada.

 

Muitos rituais perduram no mundo de hoje e se relacionam com o orgulho cívico ou a lealdade nacional, o esporte, a bebida, a arte e os entretenimentos. Com freqüência apresentam características da religião popular. Mas entre os mais significativos estão aqueles associados ao ciclo da vida, pois aí as religiões oficial e popular se encontram. Ser batizado, casado ou sepultado com a bênção da igreja é para muitos um meio mágico de dispersar a má sorte e garantir esperança tanto neste mundo quanto no outro.

As pessoas ligadas à igreja ainda encontram um dilema aqui. Será que a igreja deveria dar apoio a tais superstições da religião popular e colocar-se à disposição para o que na realidade é uma exibição do sentimento popular? Ou deveria recusar-se, reconhecendo que essas crenças não são satisfatórias em sua essência e oferecendo em lugar disso as boas novas de Jesus Cristo, a única coisa que pode fornecer consolo genuíno, certeza e esperança?

 

 

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