segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Os Crentes podem perder a salvação, conforme está escrito em Hebreus 6.4-6; 10.26-31?

Os Crentes podem perder a salvação? (Hb 6.4-6; 10.26-31)

Hebreus 6.4-6 parece ter sido escrito para os crentes porque contém certas características que somente são verdadeiras em relação a eles, tais como "participantes do Espírito Santo" (v.4). Mas esse texto declara que, se eles caírem, "é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estai crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia" (v.6). Isso quer dizer então que os crentes podem perder a salvação?

Há basicamente duas interpretações dessa passagem. Há os que a tomam como referindo-se aos crentes, e há os que a consideram como referindo-se aos que não são crentes.

Aqueles que dizem que essa passagem se refere aos que não são crentes argumentam que todas essas características poderiam ser daqueles que professam meramente o cristianismo, mas que de fato não possuem o Espírito Santo. Observam que as pessoas referidas no texto não são descritas da maneira usual como um crente é caracterizado, como, por exemplo: quem nasceu "de novo" (Jo 3.3); ou quem está "em Cristo" (Ef 1.3); ou quem foi selado no Espírito Santo (EF 4.30). Apontam para Judas Iscariotes como o exemplo clássico dessa situação. Ele andou com o Senhor, foi enviado e comissionado por Jesus em missões, tendo recebido "autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades" (Mt 10.1). Entretanto, em Sua oração no Evangelho de João, Jesus falou de Judas como o "filho da perdição" (Jo 17.12).

Vários problemas surgem quando se toma essa passagem como relativa a não-crentes, mesmo para aqueles que sustentam a posição de que o crente pode perder a salvação (i.e., os arminianos). Primeiro, a passagem declara enfaticamente que "é impossível outra vez renová-los para arrependimento" (Hb 6.4-6). Mas poucos arminianos crêem que, uma vez tendo alguém apostatado, lhe seja possível ser salvo de novo.

Apesar de a descrição de tais pessoas no texto ser um pouco diferente das formas empregadas em outras partes do Novo Testamento, algumas das expressões utilizadas muito dificilmente poderiam aplicar-se as pessoas não salvas. Por exemplo, (1) tais pessoas tinham experimentado o "arrependimento" (Hb 6.6), que é a condição para a salvação (At 17.30); (2) o texto refere-se àqueles " que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial" (Hb 6.4); (3) eles " se tornaram participantes do Espírito Santo" (v.4); (4) provaram a boa palavra de Deus" (v5); e (5) também " os poderes do mundo vindouro" (v.5).

É claro que, se eles são crentes, então a questão que surge é a respeito da sua situação depois que "caíram" (v.6). Aqui a interpretação varia conforme a linha teológica adotada. Os arminianos argumentam freqüentemente que tais pessoas perderam de fato a salvação. Entretanto, o texto parece indicar que elas não podem ser salvas de novo, o que a maioria dos arminianos rejeita.

Por outro lado, aqueles que sustentam um ponto de vista calvinista, apontam para alguns fatos. Primeiro, a palavra correspondente ao verbo "cair" que aparece no texto (parapesontas  não indica uma ação sem retorno. É, sim, uma palavra para "desviar-se do rumo", indicando que a situação daquelas pessoas não é desesperadora.

Segundo, o fato de que é "impossível" que eles de novo se arrependam indica a natureza do arrependimento, ou seja, que é uma vez para sempre. Em outras palavras, eles não necessitam arrepender-se novamente, já que isso foi feito uma vez e é suficiente para a "eterna redenção" (Hb 9.12).

Terceiro, o texto parece indicar que não há necessidade de que os que se "desviaram" (apóstatas) se arrependam de novo para serem salvos, assim como não é mais necessário que Cristo morra de novo na cruz (Hb 6.6).

Finalmente, o autor de Hebreus chama de "amados" aqueles a quem ele está levando essa advertência, termo este que dificilmente poderia ser considerado para descrentes.

De qualquer forma, não há problema algum nessa passagem, a respeito da inspiração da Escritura. É simplesmente uma questão de interpretação da Bíblia por cristãos que têm comum crença de que ela é a inspirada Palavra de Deus em tudo o que afirma.

3 comentários:

  1. Se uma pessoa aceitar a Cristo como Único e suficiente Salvador, ela está com o passaporte carimbado para o céu e é seu destino certo no final das contas?

    E só acontece aqueles que são predestinados à isso?

    Deus já escolheu todos para o céu e todos para o inferno?

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