quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O Consolo Nas Tribulações e Aflições

O Consolo Nas Tribulações e Aflições (2 Co 1.1-11) - Didaquê – volume xxxvi

Por que há tanto sofrimento no mundo? Por que passamos por situações aflitivas? Como explicar o aparecimento de terríveis doenças na vida de pessoas extremamente bondosas? Essas são perguntas que, por vezes, são feitas e que nem sempre temos uma resposta adequada para dar. Primeiro, porque são indagações onde as respostas vão além do nosso limitado conhecimento, e segundo, porque as respostas a estas questões, às vezes, fogem ao campo da lógica e normalidade humana: pertencem aos mistérios do nosso bom Deus.

Contudo, podemos afirmar que qualquer tipo de sofrimento, qualquer tribulação, pode ser vista e aproveitada como bênção. Como pode ser isto? Seria uma espécie de "masoquismo", isto é, sentir prazer com o próprio sofrimento? Cremos que não! Cremos que Deus pode usar as atribulações e os sofrimentos como momentos de provação da própria fé, ou até mesmo para uma aproximação maior à Sua divina pessoa.

O texto que serve de base para nossa reflexão é um clássico sobre o consolo nas tribulações. O apóstolo conhece de perto as perseguições, viu a morte bem próxima e sofre na pele todo tipo de incompreensão. Não obstante a tudo isso, Paulo aprendeu sempre a dar graças ao Senhor. Suas palavras iniciais: "Bendito seja Deus" – são um contraste às nossas constantes reclamações nas tribulações.

A ação de graças é feita na certeza do consolo divino. Os termos referentes à consolação aparecem dez vezes no texto, significando o alívio proporcionado ao indivíduo que foi confortado. O texto, significando o alívio proporcionado ao indivíduo que foi confortado. O texto enfatiza a solidariedade da Igreja no sofrimento e também a comunhão na consolação (vv 6,7 e 1Co 12.26). O texto também fala das tribulações, e nesta análise, devemos perguntar: - Que tipo de tribulação e qual a natureza da consolação? Por tribulação, o apóstolo inclui as provações físicas, os diversos perigos, as perseguições e até mesmo as ansiedades que surgem no exercício da missão. Suas tribulações serão um tema presente em todo o corpo da carta. Por consolação podemos entender a mudança de situação, ou seja, o livramento que anulava a tribulação momentânea. Por isso, nesta rápida análise, podemos afirmar que a grande lição que aprendemos com as tribulações, está sintetizada no versículo nove: "contudo, já em nós mesmos tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós,e, sim no Deus que ressuscita os mortos.

O Consolo nas Tribulações é Proporcionado Por Deus

Paulo deixa bem claro que o consolo nas tribulações vem tão somente de Deus, "O Pai de misericórdias e Deus de toda a humanidade". Contudo, o consolo divino não isenta nenhuma pessoa das tribulações. Uma das razões por que Deus manda tribulação para os crentes, é que Ele quer que experimentem Seu conforto. Fica claro também que a consolação pode ser entendida como encorajamento e graça sustentadora em plena tribulação. Neste sentido, podemos entender o aspecto positivo das tribulações. Elas nos permitem ver em Deus a fonte de toda consolação e, neste sentido, as tribulações podem nos aproximar de Deus. Porventura, pensaria a mulher siro-fenícia em se achegar a Cristo, caso não tivesse o coração dilacerado pelo tremendo sofrimento de sua filha possessa? (Mc 7.24-30). Acaso teria Jairo chamado o Senhor, se não visse AM agonia a sua filha? (Mc 5.21-24). Eis aí o caráter positivo das tribulações que a vida em cristã nos desafia a descobrir. Não afirmamos que as tribulações da vida tenham aspectos redentores, mas que o nosso Deus se serve das mesmas para promover o crescimento do próprio homem (Rm 5.3,4).

O Espírito Santo ganha nas Escrituras o nome de "Consolador" – promessa de Jesus cumprida para o conforto de toda a comunidade cristã. É ele que, de forma singular, imprime ao sofredor as energias para a sua vitória (Jo 14.16-18; 16.7-11). O consolo nas tribulações é efetuado por Deus, o Consolador. Paulo experimentou isto durante todo o seu apostolado. Dizia que "todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito" (Rm 8.28). À comunidade cristã de hoje é suficiente saber que Deus é poderoso e bom; se nos permite passar por tribulações e sofrimentos, é por algum outro motivo de poder e amor.

O Consolo Nas Tribulações Nos Torna Consoladores Capacitados

A ação de graças do apóstolo é também por causa dos resultados obtidos do consolo divino. A tribulação é permitida "para podermos consolar aos que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus" (v.4). O comentarista bíblico Colin Kruse, comentado este versículo diz que "um ser humano não pode efetuar livramento divino que anule a aflição de alguém, mas lhe é possível compartilhar com outro sofredor o encorajamento que recebeu em meio às suas próprias aflições. O testemunho da graça de Deus na vida do crente é um lembrete poderoso às demais pessoas da habilidade e prontidão de Deus para prover graça e força de que necessitam".

O consolo nas tribulações torna-nos consoladores capacitados, pois quando você fala de sua prórpia experiência, sua fala é mais adequada. Não falará de teorias, mas de algo prático e vivido em sua própria existência. Com absoluta certeza, alguém que já enfrentou uma determinada doença, terá maiores condições de confortar uma pessoa que está enfrentando a mesma doença. Os melhores consoladores nem sempre são os estudiosos, os intelectuais ou os doutores. Os melhores consoladores são aqueles que, na vida, tiveram tribulações e sofrimentos e experimentaram a consolação infalível de Deus e agora podem, capacitadamente, levar o encorajamento para outros que sofrem. Seria este um dos motivos de tanta tribulação? O apóstolo diz que "se somos atribulados, é para o vosso conforto e salvação; se somos confortados, é também para o vosso conforto, o qual se torna eficaz, suportando com paciência os mesmos sofrimentos que nós também padecemos.

O Consolo Nas Tribulações Desperta solidariedade

A visão que o apóstolo Paulo tem da Igreja, é a visão de um corpo (1 Co 12.12-27). A participação da Igreja em qualquer atividade é sempre em conjunto; todos participam. O consolo nas tribulações nos leva a uma saudável solidariedade, pois "somos participantes dos sofrimentos e o seremos da consolação" (v.7). "De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele, e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam" (1 Co 12.26).

É notável a solidariedade e a união que surge em épocas de sofrimentos, tribulações e calamidades. A comunhão se intensifica e ficamos mais próximos de nossos semelhantes. Paulo pede: "Todavia fizeste bem, associando-vos na minha tribulação" (Fp 4.14). Ele próprio sofria solidariamente com a Igreja cristã (Cl 1.24), e queria a solidariedade da mesma; não queria que "ignorassem a natureza da tribulação" (v.8).

Em nossas comunidades atuais, são conhecidos: as reuniões de oração por aqueles que sofrem, os grupos de visitação aos hospitais, a diaconia da Igreja que se mobiliza para suprir necessidades de famílias inteiras. Enfim, são atividades que mostram a solidariedade cristã em meio às tribulações. Contudo, esta solidariamente tem deixado a desejar em muitas comunidades de hoje. A sua seria uma delas?

O ministério de Paulo, bem como o trabalho da Igreja cristã primitiva, obtiveram êxito, em grande parte por causa da solidariedade que sempre foi levada a sério entre os primeiros cristãos (At 4.32-35; Rm 16.3,4).

Será que nos nossos sofrimentos temos experimentado o consolo efetuado por Deus? Estamos, com o conforto recebido de Deus, tornando-nos consoladores capacitados? Temos colocado essa capacidade em prática? Até que ponto o consolo nas tribulações tem feito de nós uma comunidade solidária? A solidariedade entre vós é levada a sério?

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