quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A Conversão

A Conversão

 

A vida cristã, por sua própria natureza e definição, representa algo bem diferente da vida que tínhamos anteriormente. Em contraste com estar morto no pecado e nas transgressões, é uma nova vida. Embora tenha duração vitalícia e até eterna, ela possui um ponto finito em seu início. "Um jornada de mil milhas começa com um simples passo", disse o filósofo chinês Lao Tsé. E assim é a vida cristã. O primeiro passo da vida cristã é chamado conversão. É o ato de deixar o pecado em arrependimento e voltar-se para Cristo em fé.

A figura de dar as costas para o pecado é encontrada tanto no Antigo como no Novo Testamento. No livro de Ezequiel, lemos a palavra do Senhor ao povo de Israel. "Portanto, eu vos julgarei, a cada um segundo os seus caminhos, ó casa de Israel, diz o Senhor Deus. Convertei-vos e desviai-vos de todas as vossas transgressões e a iniqüidade não vos servirá de tropeço. Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes e criai em vós coração novo e espírito novo, pois, por que morrereis, ó casa de Israel? Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto, convertei-vos e vivei" (Ez 18.30-32). Em Efésios 5.14, Paulo usa outras imagens, mas o conteúdo básico é o mesmo: "Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará". Em Atos encontramos Pedro defendendo uma mudança na direção da vida: "Arrependei-vos, pois e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados" (At 3.19). É notável que nas passagens que citamos a ordem está na voz ativa. O que se diz na realidade é: "Convertam-se!".

A conversão é um ato único que possui dois aspectos distintos, mas inseparáveis: o arrependimento e a fé. Arrependimento é o ato de o incrédulo dar as costas para o pecado, e fé, seu ato de voltar-se para Cristo. São, respectivamente, o aspecto negativo e o positivo do mesmo acontecimento. Em certo sentido, um é incompleto sem o outro, e um é motivado pelo outro. Quando tomamos consciência do pecado e o deixamos, vemos a necessidade de nos voltar para Cristo para sermos providos de sua justiça. Por outro lado, a fé em Cristo torna-nos conscientes de nosso pecado e, portanto, nos leva ao arrependimento.

As Escrituras não nos especificam a quantidade de tempo implicada na conversão. Em algumas ocasiões parece ter ocorrido uma decisão cataclísmica, com a mudança acontecendo praticamente em segundos. Para algumas pessoas, porém, a conversão foi mais um processo (Jo 19.39). De modo semelhante, as reações emocionais que acompanham a conversão podem variam em muitos aspectos. A conversão de Lídia a Cristo parece ter sido muito simples e calma quanto à natureza (At 16.14). Por outro lado, uns poucos versículos adiante, lemos sobre o carcereiro filipense que, ainda tremendo de medo por ter ouvido que nenhum dos prisioneiros havia fugido depois do terremoto, clamou: "Que devo fazer para ser salvo?" (v.30). As experiências de conversão deles foram muito diferentes, mas o resultado final foi o mesmo.

ÀS vezes, a igreja se esquece que há variedade na maneira de Deus agir. No oeste americano, um modelo de pregação tornou-se estereótipo. A vida era incerta e, muitas vezes difícil, e o evangelista itinerante só vinha ocasionalmente. O padrão geral da pregação incluía uma forte ênfase no horror do pecado, uma apresentação vigorosa da morte de Cristo e de seus benefícios e, então, um apelo emocional para que se aceitasse a Cristo. Os ouvintes eram pressionados a tomar uma decisão imediata. E, assim, a conversão passou a ser entendida como uma decisão de crise. Embora Deus com freqüência trabalhe com os indivíduos dessa maneira, diferenças quanto à personalidade, formação e circunstâncias imediatas podem resultar em outros tipos de conversão. É importante não exigir que os incidentes ou os fatores externos da conversão sejam idênticos para todos.

É importante também fazer distinção entre conversão e conversões. Só existe um grande ponto na vida em que o indivíduo volta-se para Cristo em resposta à Sua oferta de salvação. Pode haver outros pontos em que os crentes precisem abandonar determinada prática ou crença para não retornar à vida de pecado. Esses eventos, porém, são secundários, reafirmações daquele grande passo já dado. Diríamos que podem ocorrer muitas conversões na vida cristã, mas apenas uma Conversão.

Um comentário:

  1. Jamais poderia de parabenizar o autor do blog pela sua dedicação e empenho demonstrado para cada post. Matérias com este teor, deveriam ser ensinadas nos púlpitos das igrejas, entretanto, "não há tempo para isso", como dizem os líderes modernos.

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