quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A Narrativa Que Interpreta o Nome de Javé

A Narrativa Que Interpreta o Nome de Javé (Ex 3.9-14)

O Israel do Antigo Testamento considerou o nome de Javé como dádiva que se tornou tão preciosa no decorrer dos tempos que Israel não pronunciou mais aquele nome, mas o substituiu por outras palavras – porque não queria profanar e nem lembrar o mistério, que este nome contém. Os devotos bíblicos da época da monarquia tentaram gravar a significância e a profundidade do nome Javé de outra maneira. Eles contaram uma história com sentido profundo, na qual Javé mesmo desvenda e ao mesmo tempo encobre de Seu nome:

E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel é vindo a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem.    Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó para que tires o meu povo (os filhos de Israel) do Egito. Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?     E disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte.     Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?     E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. ( Ex 3.9-14).

Esta pequena história quer incutir, sobretudo duas coisas. De um lado, ela lembra as situações nas quais o nome Javé tinha sido pronunciado. Ele não é informação interessante, nem uma instrução inteligente, mas foi falado a homens que estavam até o pescoço nas águas da morte e do medo. A frase "Javé" = " Ele quer e vai estar aqui convosco" é sinal de esperança. A tarefa mais importante dos servidores enviados por este Deus é anunciar este sinal da esperança fiel e corajosamente – especialmente diante dos faraós de todos os tempos.

Mas a ação libertadora deste Deus não é a ação de robô manipulado. Que e como Javé leva o Seu povo para liberdade por Ele desejada, é Seu presente, que deve ser aceito como tal. O caráter de dádiva desta libertação, que, ao mesmo tempo, não elimina Sua soberania, sublinha, em nossa narrativa, a frase misteriosa pela qual javé responde à pergunta de Moisés. " Qual é o seu nome?", quando diz: Meu nome, Javé dir-vos-à:'Eu quero estar aqui convosco como aquele que quer estar aqui convosco'". Esta frase complicada que se encontra de forma semelhante em outro discurso de Javé, em Êx 33.19: " Farei graça a quem eu quiser agraciar, e terei misericórdia de quem eu quiser", quer afirmar expressamente como, quando, para que e de quem o Deus de Israel quer Ser conhecido como Deus libertador e salvador. São quatro os aspectos da proximidade de Javé contidos nesta frase gramaticalmente particular:

  1. Confiança Certa – "Eu estou aqui convosco de tal maneira que vós podeis contar comigo. Até caminhando no vale da morte, podeis confiar que eu estou aqui. Até quando fugis de mim, duvidando, gritando ou emudecidos, podeis saber: Eu estou aqui convosco, ainda que vós não me reconhecêsseis".
  2. Disponibilidade: "Eu estou aqui convosco de tal maneira que tendes de contar comigo, quando e como quero – talvez até em momento e de maneira que vos incomode. Pode haver situações e estações do vosso caminho de vida, nas quais quereis lembrar-vos de que eu estou aqui convosco ou nas quais preferiríeis outro Deus".
  3. Exclusividade: "Eu estou aqui convosco de tal maneira que contais unicamente comigo como aquele que pode estar próximo para salvar-vos. Contar comigo exige de vós a decisão clara de levar a sério que eu sou o único para vós, que tem permissão de dar-vos apoio e medida. Só em mim podeis e deveis encontrar o verdadeiro amor, a verdadeira bondade e a verdadeira vida".
  4. Ilimitação: "Eu estou aqui convosco de tal maneira que minha proximidade não tem limites de lugar, de tempo e de instituição. Quando estou aqui convosco, pode ser que esteja com os vossos inimigos ao mesmo tempo. Minha proximidade que salva transcende a terra, sobre a qual viveis e da qual fazeis muitas vezes o centro da vossa vida. Sequer a morte é limite para mim e não pode limitar a minha vitalidade".

Que esta promessa de vários aspectos da proximidade da Javé era sempre mais do que o sonho para Israel, tinha a sua razão, sobretudo no êxodo histórico: ele era e continua sendo também para as novas gerações a experiência fundamental, na qual se podia confiar e a partir da qual se podia esperar que a experiência "Ele quer estar aqui como aquele que liberta" continuaria possível e válida, inclusive após o êxodo histórico

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