sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A Sabedoria Divina – Parte 1

A Sabedoria Divina

"Quantas são as tuas obras, Senhor! Fizeste todas elas com sabedoria!.."(Sl 104.24)

O conhecimento e sabedoria, embora confundidos um com o outro por parte de pensadores negligentes, na verdade diferem um do outro. A sabedoria sempre está vinculada às ações. Os nossos sentidos são afetados pelos objetos existentes na realidade externa, cuja percepção surge em nossas mentes, constituindo uma larga fatia de nossos conhecimentos.

Inteiramo-nos das propriedades e relações desses objetos, e esse conhecimento acumulado na memória torna-se um valioso tesouro, do qual podemos tirar proveito quando seu uso faz-se necessário.

É exatamente no uso de tesouro que se manifesta a sabedoria. Quando as impressões externas já despertam o maquinismo mental interno, esse maquinismo por sua vez, atua sobre as coisas externas.

É precisamente nessas externizações da mente que a sabedoria se torna manifesta, no tocante aos nossos planos e propósitos quanto aos atos que queremos concretizar. Nosso conhecimento da nossa conduta; é considerado sábio o indivíduo cujos conhecimentos e cujos princípios morais norteiam bem a sua conduta.

Isso posto, a sabedoria é considerada como escolher a melhor linha de ação, bem como os melhores meios para a realização dessa finalidade.

Deus é infinitamente sábio porque seleciona a melhor linha de ação possível. Não podemos asseverar que compreendemos realmente o fim que Jeová tem em vista em todas as Suas obras. As escrituras aludem à glória de Deus como a finalidade da criação e da redenção, e parece que estamos autorizados a falar sobre a questão como o objetivo de todas as obras divinas.

Não obstante, qual é o sentido completo da expressão' a glória de Deus"? Supomos que ela indique aquela manifestação das perfeições divinas, sobretudo de Suas perfeições morais, que são supremamente agradáveis a Ele mesmo, e, por conseguinte, agradáveis também a todos os seres inteligentes dotados do mesmo tipo de mentalidade que Ele. Porém, sentimo-nos inteiramente perdidos nesta contemplação.

Deus é infinitamente sábio, porquanto adota os melhores meios possíveis para a consecução do objetivo que tem em mira. Quando da criação, tudo foi trazido à existência com sabedoria (Sl 104.24); na redenção, Deus mostra-se rico em sabedoria a favor dos remidos (Ef 1.8). Deus é sábio em conselho e faz todas as coisas "conforme o conselho de Sua vontade" (Ef 1.11).

Para nós, a sabedoria de Deus é um abismo insondável. Os caminhos de Deus podem ser percebidos nos oceanos, e as Suas veredas nas águas poderosas. "Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus!" (Rm 11.33).

Uma criança não é capaz de entender os planos de um sábio estadista; muito menos pode o mais sábio dentre os homens compreender os planos do único e sábio Deus. Nunca nos deveríamos esquecer dessa realidade, sempre que nos dispuséssemos a inquirir as razões do modo de proceder do Senhor.

O motivo pelo qual Deus permitiu a intromissão do pecado no mundo é uma questão que tem deixado perplexa a sabedoria dos entendidos. Na qualidade de um ser dotado de perfeita santidade, Deus abomina o pecado com um ódio perfeito. Se Ele é dotado de poder infinito, capaz de excluir o pecado dos Seus domínios, por qual razão permitiu a sua entrada? Na qualidade de Pai benévolo de Sua grande família, pois que Ele permitiu a invasão de um mal tão arruinador em Seus domínios? Teria havido algum lapso em Seu planejamento, alguma falha na sabedoria de Seu desígnio, possibilitando tão espantoso desastre? Visto que a nossa fé com freqüência se queda perplexa diante dessas indagações, então, observações como aquelas que expomos a seguir podem ser úteis para ajudar-nos em nossa tão débil compreensão.

  1. O pecado está no mundo, mas Deus é infinitamente bondoso e sábio. A primeira dessas proposições expressa um fato a respeito do qual descobrimos comprovações diárias, diante dos nossos olhos ou em nosso próprio coração. A segunda proposição exprime inegável verdade da religião natural e da religião revelada. Embora sejamos incapazes de conciliar essas duas proposições, ambas são dignas de serem acolhidas com a mais absoluta confiança. Nenhum ser humano dotado de perfeito juízo haverá de pôr em dúvida qualquer uma delas.

  2. A existência do pecado não deve ser atribuída a qualquer fraqueza em Deus, pois facilmente Ele poderia ter barrado o pecado para que não penetrasse em Seus domínios. Deus poderia ter declinado em criar agentes morais livres, e poderia ter povoado o mundo com criaturas destituídas de faculdades morais, e, por isso mesmo, incapazes de pecar.Ou então, conforme aquilo que parece ser a idéia oposta, Deus poderia ter criado agentes morais, confirmando-os de tal modo na santidade, desde o começo, que a queda deles na transgressão se tornasse simplesmente impossível. Ou ainda por ocasião do surgimento do pecado em qualquer de Suas criaturas, Deus poderia ter aniquilado prontamente o transgressor, impedindo assim que o mal se propagasse e arruinasse Seus súditos, ou mesmo impedindo que o mal permanecesse em Seu império.

    Se por um momento apenas pudermos tolerar dúvidas acerca do poder de Deus no mundo caído, então o perfeito controle que Deus demonstra exercer sobre o mal, agora que a transgressão obteve entrada nos domínios do Senhor, é suficiente para confirmar a nossa confiança no poder de Deus.

    O pecado realmente invadiu o reino de Deus, e o príncipe das potestades do ar está recebendo o apoio de inúmeras legiões de espíritos, procurando conferir ao diabo a vitória e o predomínio. Porém, com o propósito de destruir as obras do diabo, apareceu o Filho de Deus, revestido da natureza humana.

    Ele escolheu a debilidade da natureza humana, a fim de mostrar por meio dela o Seu poder ao esmigalhar a cabeça da antiga serpente, Satanás. Por essa razão é que Cristo é o poder de Deus. Em sua mais profunda humilhação, nas horas em que este pendurado na cruz, triunfou sobre Seu grande adversário, dando provas de Seu poder triunfante ao arrancar o ladrão penitente que expirava ao Seu lado, da beira dos desfiladeiros da destruição. A cruz, pois, exibe o maior espetáculo da onipotência divina.

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