sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Entendendo a Monarquia, de Saul, Davi a Salomão – Parte 3

 

Os interesses políticos falam mais alto que a vontade de Deus

 

 

Rivalidades - Jeroboão, preocupado com sua candidatura tem em mente dois fatos – descobrir uma forma rival de javismo no norte a ser condenado pelos profetas. Temeroso que as peregrinações para Jerusalém sabotassem seu reino, Jeroboão proibiu as viagens para o templo de Salomão e estabeleceu santuários alternativos em Dã e em Betel. Ele não somente proveu esses "lugares altos" de sacerdotes e assistentes que não descendiam de Levi, como também lhe deu bezerros de ouro, como os cultuados por Israel no Sinai.

 

Conflitos - Com Roboão, a apostasia religiosa que caracterizara o reinado de Salomão tornou-se mais patente. O javismo (culto a Javé) debatia-se com a religião cananéia, como indicam a menção de aserins (postes –ídolos) e da prostituição cultual masculina. O exército de Judá continuou suas lutas militares contra seu rival do norte, sem que nenhum deles conseguisse supremacia. Como se não bastasse, Sisaque invadiu Judá (926) e exigiu tributos pesados, chegando a pilhar os escudos de ouro de Salomão. Roboão substituiu os escudos de ouro perdidos por escudos de bronze, assinalando o fim da era de ouro de Judá.

 

 

Tudo isso, ocorrendo em Israel e Judá é classificado pelos escritores como julgamento divino aplicado sobre os dois reinos pelos vários pecados cometidos.

 

O fim de Israel (norte)

 

Após Jeroboão, o reino do norte caminhou de modo direto, mas inconsciente rumo à tempestade histórica que acabaria por destruí-lo. O avanço dessa tempestade pôde ser visto em dois desdobramentos significativos. Primeiro, Israel sofreu instabilidade interna – uma série de golpes violentos como os que derrubaram as dinastias de Jeroboão I, Baasa e Onri.

 

Exatamente como predisse Oséias (1.4), a dinastia de Jeú entrou em colapso quando Salum matou Zacarias, filho de Jeroboão II. Apenas um mês depois, o impiedoso Menaém assassinou, por sua vez, a Salum. Menaém governou cerca de uma década e, ao que parece, sofreu morte natural, o único dos seis últimos reis de Israel a morrer desse modo. Pecaías, filho de Menaém, foi assassinado por seu capitão Peca, que ocupou o trono até 732, quando Oséias conspirou contra ele e tomou a coroa.

 

O profeta Oséias testemunha ocular, descreveu esse padrão implacável de intrigas e contra intrigas. Segundo, sob Tiglate –Pileser III e seus sucessores, a ameaça de um ataque assírio voltou a exercer pressão externa contra Israel. Menaém, Peca e Oséias, os três reis israelitas mais importantes desse período final, tiveram um sério acerto de contas com os invasores assírios, quer pelo pagamento de impostos, quer pela devastação sofrida ( 15.19s., 29; 17.3-6).

 

Durante o reinado de Peca, Tiglate-Pileser havia devastado grandes áreas de Israel, deixando intato apenas o centro em torno de Samaria (15.29). Assim, quando Oséias assumiu o trono, não teve escolha senão aceitar pagar o tributo exigido por Tiglate-Pileser.

 

Algum tempo depois que Salmanaser V sucedeu a Tiglate Pileser, Oséias desafiou o senhor assírio e solicitou o apoio egípcio contra ele. Mas o Egito estava tão enfraquecido que não pôde ajudar quando Salmanaser precipitou-se sobre Israel e assaltou Samaria. A capital fortificada resistiu durante alguns anos, morrendo Salmanaser nesse ínterim. Seu sucessor, Sargão II, encerrou a tarefa com uma vingança. O orgulhoso reino de Israel havia caído para não mais se levantar.

Tal julgamento foi piorado pela deportação de boa parte dos sobreviventes israelitas e da introdução de hordas que contribuíram para a delinqüência da terra com suas religiões estranhas. Essa mistura de povos era uma prática assíria corrente, tendo por objetivo refrear revoltas, esfriando os ânimos do patriotismo. O sincretismo étnico e religioso dos samaritanos, (17.41), bem como a oposição deles à restauração de Judá (registrada em Esdras e Neemias) ajudam a explicar as atitudes hostis para com eles na época do Novo Testamento.

 

O fim de Judá ( sul)

 

Com a queda de Israel, surgiram perguntas a respeito de Judá. Como eles sobreviveriam? Renovariam eles sua aliança com Deus?

 

Judá teve uma série sucessivas de reis como Uzias, Jotão, Acaz (o pior destes três), reis que deram seqüência a um período de relação amistosa e conciliação com a Assíria. Ezequias tentou romper relações com o poder assírio no oeste, tentou purificar a fé de Judá, abolindo o culto de deuses cananeus e assírios. Manassés reverteu a política de Ezequias, seu pai. Foi o pior dos reis de Judá. Uniu-se a política dos assírios, acompanhando suas práticas pagãs. Erigiu imagem da deusa cananéia de Aserá no templo de Salomão. Judá passou a celebrar o culto astrológico assírio e a praticar todo tipo de magia e adivinhação.

 

Josias, o último herói de Judá, desejou avidamente a reforma da fé. O Livro da Lei foi achado no templo, este foi reparado, renovou a aliança de Israel com Javé. Infelizmente morreu numa batalha contra Neco, o que resultou numa tempestade avassaladora para Judá.

 

Com sua morte, a queda de Jerusalém tornou-se inevitável. Seus sucessores no trono reinaram apenas nos termos estabelecidos pelos soberanos egípcios e babilônios. Jerusalém foi finalmente invadida, os saques e os incêndios, as pilhagens e as espoliações selvagens documentam o julgamento divino, há muito esperado, dos crimes de Manassés. Judá sofreu o mesmo destino de Israel.

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