quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Entendo a Monarquia, Saul e Chamado de Davi – Parte 5

Davi e Salomão - A Era Áurea de Israel

O período áureo de Davi e Salomão sobre Israel nunca teve precedente, tampouco sucessor que pudesse pelo menos aproximar-se da glória e prosperidade alcançada por aquela nação.

A Tripla unção de Davi ( 1Sm 16.13; 2Sm 2.4;5.3)

A morte de Saul deixou Israel sem líder, sujeito à ameaça dos filisteus. Mas, com passos firmes, Davi marchou para o trono de Judá e de todo o Israel, fazendo mais que preencher um vácuo. Por sua necessidade de destruir Davi, Saul deixara a terra vulnerável aos ataques dos filisteus. A dedicação de Davi na expansão dos limites de Israel fez com que subjugasse aos filisteus e colocasse todos os vizinhos sob seu domínio.

1) Rei de Judá e Hebrom. A trégua da perseguição que Saul impunha a Davi e sua volta do exílio entre os filisteus foram obscurecidas por seu pesar pela matança na montanha de Gilboa (2Sm 1.1-27). Seu lamento pela morte de seu rei e do amigo Jônatas misturou-se com a preocupação com Israel, agora necessitado de um pastor firme.

O destino de um pastor firme. O destino do amalequita oportunista que buscou o favor de Davi relatando a morte do rei e alegando participação nela demonstra a profundidade das emoções de Davi.

Outra prova é o lamento tocante pontuado de "como caíram os valentes!"(v 19,25,27). Empregando um contraste dramático (em que glórias passadas dos heróis são recitadas para aguçar a idéia de sua humilhação presente) e linhas curtas e tristes de um réquiem, Davi convoca todo o Israel, inclusive as montanhas de Gilboa, que testemunharam a cena trágica, a lamentar sua grande perda – o rei e seu filho.

O retorno triunfal de Davi de sua peregrinação em Ziclaque resultou em sua aclamação como rei de Judá em Hebrom (2.1-4). Essa antiga cidade, rica de lembranças dos tempos de Abraão, foi sua capital por sete anos e meio. Nesse meio tempo, ainda se teria de lutar contra a família de Saul. Por instigação de Abner, o talentoso general, Is-Bosete, filho de Saul, fora proclamado rei das outras tribos, inclusive dos fragmentos da nação que habitavam na Transjordânia.

Nada indica que o governo de Is-Bosete tenha conquistado amplo apoio popular. Sua capital ficava na Transjordânia, o que reduziu muito sua influência entre as tribos, que viam cada mais Davi como líder.

Após alguns anos de escaramuças entre os dois concorrentes ao trono (2.10;3.1), Is-Bosete irrita Abner acusando-o de intimidadas com a concubina de Saul (v.6-11). É provável que tal relação amorosa, caso de fato tivesse ocorrido, desse a entender que o próprio Abner tinha pretensões de chegar ao trono, já que a união sexual com uma das parceiras de Saul seria interpretada como uma credencial para o reinado.

Essa ruptura com Is-Bosete forçou Abner a lançar uma proposta a Davi (v.12-16). O rei eleito respondeu exigindo que Mical, a filha de Saul, lhe fosse devolvida como esposa. O motivo político por trás desse pedido (concedido por Is-Bosete) é óbvio: um filho gerado por Mical ajudaria a consolidar sob Davi as facções leais a Saul.

O vira-casaca Abner deu impulso ao esforço de Davi para unificar a nação, viajando pela terra para conversar com os anciãos das tribos (v.17-19). Ao que parece, o ciúme e o desejo de vingança incentivaram Joabe, general de Davi, a matar seu rival que, pelo menos publicamente, se tornara seu aliado. A morte de Abner entristeceu Davi (observe seu breve lamento, v 33s.). Também desanimou Is-Bosete, que logo seria assassinado por dois degoladores que haviam servido a Saul (4.2s.). Isso não agradou Davi, que executou sumariamente os assassinos que haviam tentado impressioná-lo com seu feito.

2) Rei sobre todo o Israel em Jerusalém. Desaparecido o rival, Davi é aclamado em Hebrom rei de todo o Israel. A casa de Judá que na época incluía os simeonitas, os calebitas, os otnielitas, os jerameelitas e os queneus (1Sm 27.10;30.29), uniu-se às tribos do norte ("Israel"), cujos anciãos viajaram a Hebrom e completaram a ascensão de Davi ao reino ungindo-o como rei deles assim como de Judá. O rapaz que cuidava das ovelhas de Jessé em Belém fora aclamado por Javé: "Tu apascentarás o meu povo de Israel".

A prova de que as tribos do norte nunca aceitaram de todo um rei de Judá é a rapidez com que o reino se dividiu no tempo de Jeroboão, neto de Davi (1Rs12).

O reino unido precisava de uma capital central bem identificada com o novo rei. A fortaleza cananéia de Jerusalém permanecera fora do controle de Israel durante seus dois séculos e meio de ocupação da terra. Cidade antiga (cf. Gn 14.18), Jerusalém estava localizada no ponto ideal para ser a capital de Davi. Colocada entre as duas metades de seu reino, num território que nenhuma tribo podia reclamar, era suficientemente neutra para servir como fator unificador. Os detalhes da conquista de Davi são obscuros, mas seus homens podem ter rastejado por um canal de água (5.8). A inimizade de Davi pelos jebuseus e a tática por ele empregada para convocar seus homens para o campo de batalha manifestam-se no desprezo contra os soldados inimigos a quem se refere como "os cegos e os coxos".

Ao que parece, essa zombaria refletia o desdém dos Jebuseus para com ele. Tais insultos eram uma tática comum nas guerras antigas. A captura de Davi da nova capital tornou-a literalmente sua – "a cidade Davi".

Nenhum comentário:

Postar um comentário