segunda-feira, 29 de junho de 2009

" JOÃO, O APÓSTOLO DO AMOR E SEUS ESCRITOS" Parte 1

Haja vista que, durante esse Trimestre, estudaremos na Escola Bíblica Dominical acerca da Primeira Carta do Apóstolo São João, resolvi postar algumas considerações que poderão ajudar no estudo e esboço sobre a vida e obras desse discípulo " a quem Jesus amava".

 João - O Evangelho de Cristo, o Filho de Deus.

A.[1]O autor

Do próprio Evangelho se podem deduzir alguns fatos a respeito do seu autor. Primeiro, era um judeu acostumado a pensar em Aramaico, embora o Evangelho tivesse sido escrito em Grego. Muito poucas cláusulas subordinadas aparecem no seu texto e são freqüentes as palavras hebraicas ou aramaicas nele insertas e explicadas a seguir. João estava familiarizado com a tradição judaica. Em 1.19-28 refere a expectativa judaica da vinda de um Messias.
Conhecia os sentimentos judaicos para com os samaritanos, 4.9, e a sua atitude exclusivista no culto, 4.20. Estava relacionado com as festas judaicas, que explicou cuidadosamente aos leitores. 
Segundo, era um judeu da Palestina, familiarizado com a terra e especialmente com Jerusalém e os seus arredores, 9.7;11.18;18.1. Estava familiarizado com as cidades da Galiléia, 1.44;2.1 e com o território de Samaria, 4.5,6,21. Parecia sentir-se em casa no país que descrevia.
Ainda, era testemunha ocular dos acontecimentos que descreveu. Tanto em 1.14, “vimos a sua glória...”, como em 19.35, onde falou na terceira pessoa, “aquele que isto viu, deu testemunho”, afirma dizer aquilo que tinha sido parte da sua experiência pessoal. Pequenas pinceladas espalhadas por todo Evangelho confirmam esta impressão.
A hora a que Jesus se sentou no parapeito do poço, 4.6, o número e o tamanho das talhas nas bodas de Caná, 2.6, o peso e o valor do perfume que Maria derramou sobre os pés de Jesus, 12.3,5 os pormenores do Julgamento de Jesus,  18 e 19, são pontos que têm pouco que ver com a narração principal, mas que indicam grande capacidade de observação.

B. Quem era João?

Esta é uma pergunta complicada e controvertida. O ponto de vista tradicional é que o Evangelho e as cartas foram  escritas já em sua idade avançada, em Éfeso, pelo apóstolo João, filho de Zebedeu. Esta interpretação remonta a Irineu, bispo de Lyon de 178 até sua morte em 195 d.C., aproximadamente. Irineu alegava ter uma ligação direta com João através de Policarpo, o bispo de Esmirna, martirizado em 156 d.C., aos oitenta e seis anos de idade.

Numa famosa carta conservada ( Na Soberania Única de Deus )  por Eusébio, o historiador da igreja, Irineu[2], conta a um amigo como, quando jovem, sentava-se aos pés de Policarpo e o ouvia discorrer sobre suas conversações com João e o ensino que recebera diretamente do apóstolo. Podemos bem imaginar Policarpo, com seus vinte anos, ouvindo o apóstolo João, que, por sua vez, devia estar então nos seus oitenta anos, parecendo haver pouca razão para duvidar da alegação de Irineu.

Quando, portanto, Irineu afirma que João, o filho de Zebedeu, Mc 1.19,20, (pescador da Galiléia ), e de Salomé, que era provavelmente irmã de Maria mãe de Jesus, ( Cf Mt 27.56;Mc 15.40;Jo19.25), escreveu o quarto Evangelho, e que ele era o “discípulo a quem Jesus amava”, o qual reclinava perto de Jesus na última ceia, 13.23, devemos considerar seriamente seu testemunho.

Embora o autor não tenha dito o seu nome, tomou por certo que os seus leitores sabiam quem era o autor e que aceitaram a sua autoridade nos assuntos sobre o que escreveu.

Os episódios da vida de Jesus de que João partilhou são demasiadamente numerosos para serem postos em lista e considerados separadamente. Esteve com Jesus em Jerusalém durante o primitivo ministério na Judéia. Talvez a entrevista com Nicodemos se tenha dado em sua casa. Tomou parte mais na missão dos doze, descrita em Mateus 10.1,2.

Precisou dos conselhos de Jesus tanto como qualquer outro dos doze, pois ele e Tiago parecem ter tido temperamentos invulgarmente fogosos. Jesus chamou-lhes “filhos do trovão”, ou traduzindo mais literalmente, “Filhos do  Tumulto”, Mc 3.17. Marcos não apresenta nenhuma razão pela qual esse nome lhes tivesse sido dado, mas o uso do idiotismo hebraico “filho de...”significava meramente que a palavra que completava a expressão qualificava o homem como “filhos de Belial” significava “pessoa sem valor”.

A sua intolerância e truculência revelou-se na sua prontidão em repreender o homem que expulsava demônios, porque não seguia com eles, Lc 9.49 e no seu desejo de chamar fogo do céu sobre as aldeias samaritanas que não recebiam Jesus, Lc 9.52-54. Também, precipitadamente, sua mãe pediu a Jesus que lhes garantisse lugares de primazia no Seu reino, Mt 20.20-28. Estas durezas de espírito, mesmo que fossem mantidas por um desejo de lealdade para com Ele e a Sua obra, foram severamente repreendidas por Jesus.

Na última ceia, João ocupou um lugar de privilégio e de intimidade junto de Jesus, Jo 13.23. No julgamento, obteve acesso ao tribunal do sumo-sacerdote, porque era conhecido dele, 18.15,16. Talvez tenha sido representante em Jerusalém de sociedades de pesca de seu pai e assim se tenha relacionado com todas as casas notáveis da cidade.

Segundo se vê , presenciou o julgamento e a morte de Jesus e assumiu a responsabilidade da mãe de Jesus, quando Jesus a recomendou aos seus cuidados, 19.26,27. Andou com Pedro durante os tristes dias do funeral, e foi, com ele, um dos primeiros a visitar  o túmulo vazio. Lá, ao olhar para as roupas no túmulo vazio “viu e creu”,20.8.


[1] Papias, bispo de Hierápolis, na Ásia Menor, assim escreveu uma geração antes que “sempre que chegava alguém que houvesse seguido os presbíteros, eu lhe fazia inquirições sobre as palavras desses presbíteros, que haviam dito André, ou Pedro, ou Filipe, ou Tomé, ou Tiago, ou João, ou Mateus, ou que estavam dizendo Aristião, e o presbítero João, ou qualquer outro dos discípulos do Senhor. É que eu nunca supus sequer, que as informações oriundas de livros me ajudariam tanto quanto as palavras oriundas de uma voz viva, sobrevivente” Irineu, Against Heresies., 3.3.3; ANF 1.416

                   

[2] Irineu, perto do fim do segundo século, escreveu a respeito “daqueles que tinham grande familiaridade com João, o discípulo do Senhor, (afirmando) que João transmitira aquela informação, i.e., a respeito da idade de Jesus e a extensão de seu ministério. E permaneceu entre ele até a época de Trajano”  Acrescenta ainda, que “a igreja de Éfeso, fundada por Paulo, e tendo João permanecido entre eles de forma perene, até os tempos de Trajano.

Um comentário:

  1. Aleluia!! Pelo visto não teremos problema quantos às informações necessárias para estudarmos o 3º Trimestre da na Lição Bíblica.
    A internet é tudo de bom!!!!

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