quinta-feira, 18 de junho de 2009

"ESTER: O PODER A SERVIÇO DA JUSTIÇA E OUTROS" Parte 2

"Os Banquestes"

 

1º banquete: a ostentação do poder 1.3-4

 

Neste livro os banquetes têm papel decisivo. Tudo é resolvido em banquetes. O primeiro é a apresentação do poder do chefe imperialista. Ele dá um banquete que dura 180 dias (!) aos seus oficiais e ministros, isto é, a cúpula do império. Por quê?  Porque é essa elite que torna possível o poder e o governo do rei sobre a vasta extensão do seu domínio.  Temos aí três poderes subalternos:

 

· chefes do exército: que, através das guerras, expandem o império e, através da repressão, mantém a ordem”;

·nobres: a elite que mais se beneficia dos favores do rei acumulando riqueza e influência;

·governantes das províncias: são como que o “longo braço do rei”, administrando o vasto império.

 

Para que esse banquete por 180 dias? Para a ostentação do poder: “Assuero queria ostentar a riqueza e glória do seu reino com o fausto magnífico de sua grandeza”. Um meio de manter coesa a elite do rei, pois dela dependia, em última análise, o sucesso do rei. Em outras palavras, tudo em função do rei, desde o começo até o fim.

Não é um banquete de alegria e fraternidade, mas de exibição de força que mantém a elite submissa. É preciso agradar os grandes para que eles não se rebelem. É o que podemos perceber entre os grandes. O problema é o de sempre; Quem é que paga esses banquetes?

 

2º banquete: povo sob controle 1.5-8

 

Há um segundo banquete, bem mais curto (7 dias). É o que o rei oferece ao povo. Para quê? Para manter o povo submisso através da impressão de que “o rei é bem, é generoso”. Trata-se de banquete importante, porque o povo não pode se revoltar, principalmente ao ver o luxo dos poderosos. Já diziam os romanos que o povo quer “pão e circo” e, com isso, perdoa e esquece tudo. Esquece,  sobretudo que o luxo e os caprichos dos poderosos é conseguido graças à exploração do povo.

Esquece também que a mísera semana de festa esconde 51 semanas de opressão. Esquece ainda que a “generosidade real” é feita com o que fora roubado do próprio povo.No meio do maior luxo, o povo vai poder beber vinho à vontade por uma semana, e esquecer  que nas outras 51 semanas deverá cumprir a vontade do rei.

 

                  

Na Bíblia o vinho também é sinal do dom de Deus que alegra e traz fraternidade (Zc 10.7). Aqui, porém, o vinho é “dom” do rei para controlar o povo e mantê-lo submisso. O rei ocupa o lugar de Deus, e o banquete do povo acontece por ordem do rei, e não por livre e espontânea vontade o povo. Quando é que o povo vai poder se banquetear sem para isso estar cumprindo ordens? Quando é que o vinho será sinal de fraternidade e alegria?

 

3º banquete: mulheres em separado 1.9

 

Conforme o costume oriental, os banquetes implicavam divisão de sexos. Vasti, a rainha-esposa de Assuero, dá um banquete para as mulheres. E assim, no  mesmo palácio, encontramos a divisão social: os poderoso, o povo, as mulheres. Ao contrário do banquete do Reino de Deus, que reúne a todos – homens, mulheres e crianças -, o banquete do reino dos poderosos divide, a fim de criar e manter a opressão.

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