terça-feira, 30 de junho de 2009

"JOÃO, O APÓSTOLO DO AMOR E SEUS ESCRITOS" Parte 3

1. Teria João, mudado profundamente por Jesus?

João e Tiago, de acordo com Marcos, foram apelidados, como já comentamos anteriormente, por Jesus “Boanerges” que significa “filhos do trovão”, e vários incidentes nas narrativas do Evangelho revelam seu temperamento tempestuoso. É João quem se irrita e proíbe o ministério do exorcista que não era um dos Doze.

São os dois filhos do trovão que juntos ofendidos com a recusa de uma aldeia samaritana de receber Jesus, e à semelhança de Elias, querem invocar fogo do  céu para  consumí-la. E são os mesmos irmãos que vêm com sua mãe pedir que  os melhores assentos  no Reino pudessem ser reservados para eles , Mc 10.35-45; Mt 20.20-28.

Quão pequenos pareciam eles então para compreender o espírito de Jesus ! Ele tem de repreendê-los: “Vós não sabeis de que espírito sois”, Lc 9,55, e novamente: “Não sabeis o que pedis” Mt 20.22; Mc 10.38. Entretanto este filho do trovão tornou-se por nós como “o apóstolo do amor”. É claro que o calor do sol do amor de seu Mestre fez com que se evaporassem as nuvens do trovão.

Agora ele está mais do que aberto ao ministério de outros fora dos Doze: a mais eficiente evangelista em seu Evangelho é a mulher samaritana, 4.39. E agora ele mostra os samaritanos sob a luz mais calorosa possível: eles excedem os judeus em resposta de crença em Jesus, 4.42, e ‘instam’ com Jesus para ficar com eles, 4.40. E agora, longe de procurar reconhecimento e posição ao lado do Senhor, ele apaga completamente seu nome da história e dá a si mesmo um novo nome; o que registra o único epitáfio que ele deseja: esqueça todo o eu, fui amado por Jesus! 

João foi assim eminentemente apropriado a comunicar o coração de seu Senhor. Ele desejou apresentar seus leitores à Pessoa que ele veio a conhecer e amar. Ele queria que também tivessem comunhão com  Ele, 1 Jo 1.3, e esperava que eles tivessem seu caráter transformado como ele teve.

Na realidade, ele explica claramente os propósitos para os quais escreveu. Ele escreveu seu Evangelho para que seus leitores cressem em Jesus e experimentassem a vida por meio da fé nele, 20.31, e escreveu  sua primeira carta àqueles que já acreditavam, para que pudessem saber que tinham vida, 1 Jo 5.13. Sua teologia é profunda e desafiadora, mas seu propósito supremo é prático. Ele quis que seus leitores recebessem a vida eterna e ao mesmo tempo soubessem que já receberam.

Para que seus leitores recebam a vida eterna devem por sua confiança em Jesus Cristo, uma vez que nele está a vida, 1.4. Portanto, em seu Evangelho e em quem podemos crer. Em  particular, ele parece ter dirigido sua obra aos judeus, enfatizar o meio pelo qual Jesus cumpre e substitui todas as grandes instituições do Judaísmo – o templo, a lei, as festas anuais. O templo e sua adoração se perdem, destruídos pelos romanos no ano 70 d.C.; depois dessa data o Evangelho de João poderia ter tido um apelo significativamente poderoso para os judeus, cuja tristeza se converteu em alegria pela descoberta de que Deus já havia reparado aquela perda através de Jesus.

 

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