quinta-feira, 18 de junho de 2009

" ESTER: O PODER A SERVIÇO DA JUSTIÇA E OUTROS..." Parte 1

Fui procurado por uma líder da União Feminina de uma grande denominção no Rio de Janeiro. Esta me solicitou que postasse alguma coisa sobre o Livro de Ester, haja vista que na maioria das vezes que se prega ou se comenta  o livro de Ester, as mensagens sempre ficam em torno de  Hamã (Amã) e Mardoqueu (Mordecai) Embora tenha minhas reservas, procurarei ser suscinto, entendendo que, caso não proceda assim, criarei uma blog de "História". Há quem não goste, todavia, me proponho atender a todos os amantes da Palavra de Deus, indistintamente. 
Certamente que farei pelo menos umas cino (05) postagens.
É necessário, acompanhar o texto, preferencialmente com a Bíblia em mãos. 

"O poder a serviço da justiça"

 

O livro de Ester não é uma narrativa histórica propriamente dita. Trata-se de um conto de estilo sapiencial para ilustrar e orientar a vida judaica num período de dominação estrangeira, com os conseqüentes problemas para a sobrevivência dos judeus, principalmente quando vivem foram da Palestina.

Poderíamos dizer que o livro é um conto ou romance sapiencial de natureza etiológica (do grego aitios = “causa”, “origem”). Em outras palavras, o livro teria sido escrito como explicação para a origem da festa de Purim (9.20-32), dominada pela alegria e descontração. 

 

Tempos difíceis

 

Assuero é uma adaptação do nome Xerxes I, o rei persa que reinou entre 486 e 465 a.C. Se Mardoqueu foi exilado na primeira deportação (597 a.C., agora devia ter mais de cem anos... Ao autor, porém, não interessa a história propriamente dita, e sim produzir um texto com várias mensagens para os judeus que vivem sob o imperialismo das nações, principalmente no estrangeiro.

 

Mardoqueu é nome babilônico, derivado de Marduk, o deus da Babilônia. Sua genealogia demonstra que é israelita, da tribo de Benjamim. Como descendente de Cis, pai de Saul, Mardoqueu é de estirpe  real. Ele serve na corte persa, em Susa, a capital invernal do império, uma das três capitais, ao lado de Ecbátana e Babilônia. Que muitos judeus serviam na corte estrangeira, isso era de fato, como podemos ver pelo caso de Neemias, de Daniel e, em tempo muito anterior, de José do Egito. A história de José sem dúvida criou esse tipo de narrativa.

Os banquetes dos poderosos = dominação   - 1.1-2.18

 

A notícia de que Xerxes I reinava sobre 27 províncias é dado  historicamente correto. O que se pretende é salientar o imenso poder do rei e a universalidade do seu reino, já que “desde a Índia até a Etiópia” englobava praticamente o mundo então conhecido. Susã, uma das três capitais, é a capital usada no inverno. Esse dado inicial coloca Assuero, rei do mundo conhecido, em contraste com Deus, Senhor da história e da vida. Os poderosos imperialistas competem com Deus! Tal competição vai se verificar inclusive em termos de projeto.

O projeto de Deus é a liberdade e a vida para todos. Ele dirige a história em direção à realização desse projeto. A melhor forma como Israel concebeu a realização é o banquete do Reino de Deus realizado na história (Is 25.6). Nesse banquete, onde há fartura, ausência de trabalho e concretização da fraternidade, o povo frui completamente o grande Dom de Deus. E tudo começou com o banquete da Páscoa (Ex 12.1-14), celebrando a libertação do povo em relação à história imperialista.

 O projeto dos poderosos imperialistas também é a liberdade e a vida. Sim, mas apenas para a elite do poder. O resto do povo deve trabalhar para sustentar o luxo e os caprichos dos poderosos. O banquete do povo fica estragado. Em vez de sinal de libertação e de completa fruição do dom de Deus, o banquete é usurpado e torna-se símbolo de dominação e exploração. Quando é que o povo poderá fruir o seu próprio banquete, coroando o trabalho e a luta com alegria e fraternidade?

 

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