sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O que é de fato o pregador – Parte 1 - John Stott

 

A primeira observação que desejo fazer com respeito ao que é ou deve ser o pregador.

Não é um profeta. Ele não recebe uma mensagem de Deus como revelação original e direta. Na verdade, algumas pessoas usam de forma errada a palavra "profeta" hoje em dia. Com freqüência ouvimos que quem prega com fervor ser descrito como quem tem "unção profética"; já que ele sabe interpretar e discernir os sinais dos tempos, que vê a mão de Deus nos fatos do dia-a-dia e procura interpretar o significado das tendências sociais e políticas, diz-se às vezes que é profeta ou tem intuição profética. Afirmo com convicção que o uso do título "profeta" é inadequado.

A característica essencial do profeta não era prever o futuro nem interpretar a atividade presente de Deus, mas falar as palavras de Deus. Como Pedro explicou, "nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo" (2Pe 1.21).

Então, o pregador precisa ter cuidado quando afirma do púlpito eu: "profetizo", vez que o termo foi banalizado, tornando-se uma falácia,de maneira que, é como atirar no escuro, se pegar pegou,ou seja, se der certo foi Deus. E se não der certo? Quem assumirá as responsabilidades?

Portanto o pregador cristão não é um profeta. Ele não recebe nenhuma revelação original; sua tarefa é expor a revelação que já foi definitivamente dada. E embora pregue no poder do Espírito Santo, ele não é "inspirado" pelo Espírito no sentido em que os profetas o foram. Certo, "se alguém fala", deve falar "de acordo com os oráculos de Deus", ou "como se pronunciasse palavras de Deus" (1Pe 4.11).

Agora que a Palavra de Deus escrita está à disposição de todos nós, a Palavra de Deus no discurso profético não é mais necessária. A Palavra de Deus não vem mais aos homens hoje. Ela já veio a todos os homens; agora os homens é que precisam ir a Ela.

Não é um apóstolo. O pregador cristão, também não é um apóstolo. A igreja é apostólica por ter sido fundada sobre a doutrina dos apóstolos e enviada ao mundo para pregar o evangelho. Mas os missionários que plantam igrejas não devem ser chamados "apóstolos". O termo é incorreto, mas este assunto é matéria para outro momento. A única base para o apostolado era a comissão pessoal, à qual devemos acrescentar um encontro com Jesus após a ressurreição. Nunca mais haverá ou poderá haver pessoas que possuam todas as qualificações para o serem.

Portanto assim como a palavra "profeta" deve ser reservada para as pessoas no Antigo Testamento e no Novo, a quem a palavra de Deus veio diretamente, quer sua mensagem tenha chegado até nós, quer não a caracterização de alguém como "apóstolo" deve ser reserva aos Doze e Paulo, pois foram especialmente comissionados e investidos de autoridade por Jesus como tal. Esses homens eram únicos. Não deixaram sucessores.

Não é um falso profeta ou falso apóstolo. O pregador não é e nem deve ser um falso profeta ou um falso apóstolo. Ambos aparecem na Bíblia, e a diferença entre o verdadeiro e o espúrio é claramente definida em Jeremias 23. O verdadeiro profeta é alguém que "esteve no conselho do Senhor, e viu e ouviu a sua palavra" (v.18,22). Já os falsos profetas "falam as visões do seu coração, não o que vem da boca do Senhor" (v.16).

Eles proclamam só o engano do seu próprio coração "(v.26). Proclamam mentiras em nome de Deus (v.25). O contraste aparece com toda a força no versículo 28: "... o profeta que tem sonho conte-o como apenas sonho; mas aquele em quem está a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor". A opção é entre ouvir "cada um a sua própria palavra" e "ouvir as palavras do Deus vivo" (v.36).

Embora não existam mais profetas e apóstolos, temo que haja falsos profetas e falsos apóstolos. Gente que fala as próprias palavras e não a Palavra de Deus. A mensagem vem de suas mentes. Gente que gosta de ventilar suas opiniões sobre religião, ética, teologia e política. Elas podem até seguir a tradição de iniciar seus sermões com um texto bíblico, mas o texto tem pouca ou nenhuma relação com a mensagem que se segue, e não há nenhuma tentativa de interpretar o texto dentro de seu contexto próprio.

Além disso, com muita freqüência esses pregadores, a exemplo dos falsos profetas do Antigo Testamento, usam palavras agradáveis, "dizendo: Paz, paz; quando não há paz" (Jr 6.14, 18.11, cf. 23.17). E nem tocam nos pontos menos "agradáveis" do evangelho, para não ofender o gosto dos ouvintes (Jr 5.30-31).

Não é um tagarela. Essa foi a palavra usada pelos filósofos atenienses no Areópago para descrever Paulo (At 17.18). Metaforicamente, a palavra passou a ser aplicada a mendigos e moleques de rua, "pessoas que vivem de recolher sobras, catadoras de lixo". Daí, passou a indicar o tagarela ou fofoqueiro, "pessoa que recolhe fragmentos de informação aqui e acolá". O "tagarela" repassa idéias como mercadoria de segunda mão, colhendo fragmentos e detalhes onde se encontra; Seus sermões são uma verdadeira colcha de retalhos.

A característica essencial do tagarela é que ele não é capaz de pensar por si. Sua opinião em dado momento é certamente a da última pessoa que ele ouviu. Ele depende das idéias dos outros, sem peneirá-las nem pesá-las, nem apropriar-se delas para si. Como os falsos profetas criticados por Jeremias, ele usa apenas a "língua", e não a mente ou o coração, e é culpado de "furtar" a mensagem de outra pessoas (Jr 23.30,31).

2 comentários:

  1. parece a pregação de 5ª q o senhor está descrevendo, me perdoe, mas tive q acrescentar.
    n entendi como a msgem começou em habacuque, passou p Jesus, e depois p José, e depois foi para em um testemunho... peço a Deus q tenha misericordia de mim, pq eu n sei se o seminário tah me fazendo bem ou mal, pq tah me deixando mto critica... rs
    Eu creio pastor, q Deus está levantando os loucos para confundir os sábios, os q não são para confundir os q são. Deus tá chamando uma raça de gente imparcial, e q assim como o Mestre, fala a verdade, sem se importar com a aparencia.
    doi o coração ver tantas igrejas barganhando por mais almas, e esquecendo-se de proclamar a verdade q liberta. mas o que podemos fazer eh orar, e dar exemplo com nossas vidas.
    Paz do Senhor!

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  2. Tenha certeza de uma coisa minha querida: O Seminário não lhe mal algum desde que:
    1. O ensino procedido nele seja da Palavra de Deus de forma genuina
    2. Que os professores/ensinadores sejam tementes a Deus, Comprometido o Deus da Palavra e a Palavra de Deus
    3. Que vc tenha o Discernimento do Espírito Santo e sensibilidade espiritual para reter o que é bom
    4. Que vc tenha compromisso com Deus e com a Sua Palavra
    5. Que leve a sério o seu chamado e vocação
    6. Que não perca o temor de Deus e nem a humildade
    7. Que ame fazer a Sua obra.
    Lamentavelmente a igreja do Senhor para por uma grande crise na área da pregação genuína da Palavra.
    Anima-se o auditório, anima-se a platéia, anima-se o púlpito, entretanto não se anima Deus e muito menos o espírito e a alma dos que Lhe Serve.
    Deus te abençoe. Continue atenta e ligada

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