quinta-feira, 4 de março de 2010

Ninguém Está Seguro: Secretário de Saúde de Porto Alegre é Morto ao Sair do Culto da Assembleia de Deus

Eliseu Santos levou dois tiros. Corpo vai ser velado na Assembleia. Capital decretou luto O secretário municipal da Saúde e ex-vice-prefeito de Porto Alegre, Eliseu Santos (PTB), de 63 anos, foi morto, por volta das 21h30, ao lado do próprio carro, na rua Hoffmann, no bairro Floresta. Eliseu foi baleado ao deixar um culto na Matriz da Assembléia de Deus na Capital, onde estava com a mulher, Denise Goulart da Silva, e a filha caçula Mariana, de sete anos, que presenciaram o crime. O velório deve ser aberto no início da manhã. O prefeito José Fogaça decretou luto oficial de três dias. O delegado da Polícia Civil Alexandre Vieira, um dos primeiros a chegar ao local do crime, confirmou perto das 2h, que Eliseu foi atingido por dois tiros - um no tórax, de cima para baixo, e outro na perna. O disparo no peito atingiu o coração e matou o secretário. A necropsia deve se iniciar às 3h30 para que o corpo seja liberado às 6h30 para ser velado. No início da madrugada, o deputado estadual Kalil Sehbe (PDT) confirmou que a Presidência, a Mesa Diretora da Assembleia e a família de Eliseu autorizaram que o velório ocorra na Sala Júlio de Castilhos, na Sede do Parlamento gaúcho. A Câmara Municipal também ofereceu as dependências da Casa para a cerimônia fúnebre. Eliseu foi baleado em frente ao Sindicato dos Contadores, a poucos metros do estacionamento de um supermercado. Segundo a Polícia Civil, o secretário portava uma pistola .380 e reagiu ao ataque. Manchas de sangue encontradas já na avenida Cristóvão Colombo indicam que um dos autores do crime pode ter ficado ferido. Uma testemunha, que não quis se identificar, afirmou ter visto dois homens atirando. Conforme a pessoa, Eliseu foi alvejado, ao lado do automóvel Corolla, por uma dupla que vestia roupas simples e usava pistolas. Ainda conforme a testemunha, a dupla fugiu em um Vectra prata, onde um terceiro homem esperava, na avenida Cristóvão Colombo, e partiu em direção à Farrapos. Outras pessoas disseram ter ouvido até sete tiros. "É muito prematuro falar em execução, mas ele vinha sofrendo ameaças, existem registros disso", revelou o delegado Bolívar Llantada, da Delegacia de Homicídios. "Não se falou em assalto nesse primeiro momento", acrescentou. A Polícia encontrou cápsulas de 9mm, indicando que o secretário pode ter sido morto por uma arma desse calibre, e cartuchos deflagrados de pistola .380, o que sugere a suposta reação de Eliseu. O quarteirão onde ocorreu o crime deve ser mantido fechado, durante toda a madrugada, para que o local possa ser observado à luz do dia. O subchefe de Polícia Civil do Estado, delegado Álvaro Steigleder, explicou que a Polícia identificou uma câmera particular de monitoramento funcionando na região e pediu aos responsáveis o registro das imagens. Pelo que a Polícia apurou, o equipamento, de um laboratório, é direcionado para o ponto onde um dos criminosos pode ter perdido sangue. Duas câmeras da Brigada Militar, nas avenidas Ramiro Barcelos e Farrapos, também podem ter registrado o crime e a fuga. Nesta noite, o superintendente da Polícia Federal, Ildo Gasparetto, confirmou que Eliseu prestou depoimento, ontem, sobre a fraude detectada nos contratos da empresa Sollus, prestadora de serviços que administrava, até o fim do ano passado, o Programa de Saúde da Família da Prefeitura de Porto Alegre. O prefeito José Fogaça, além de amigos, assessores e parte da cúpula do PTB chegaram, no fim da noite, ao local do crime. Eliseu foi baleado a cerca de 500 metros do ponto onde o ex-presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Marco Antônio Becker, foi assassinado, em 4 de dezembro de 2008. "Está parecendo uma terra de bang-bang", disse, perplexo, à Rádio Guaíba, o vice-prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, referindo-se às mortes de Becker e Eliseu. "O prefeito Fogaça deve estar muito abalado pela perda. É um momento muito triste para todos nós", acrescentou. Em 18 de maio do ano passado, Eliseu revelou ter sido ameaçado de morte em meio à denúncia de pagamento de propina, por meio de um diretor da Pasta da Saúde, para manter vigente o contrato de segurança nos postos de saúde, com a empresa de vigilância Reação. Eliseu estava de carro em uma esquina da Avenida João Wallig quando um motociclista lhe pediu para abaixar o vidro da janela e o ameaçou. O advogado da empresa, na época, disse também ter sido ameaçado. Quem foi Médico, casado e pai de quatro filhos, Eliseu Felippe dos Santos nasceu na zona Norte de Porto Alegre, em 8 de dezembro de 1946. Formou-se pela UFRGS, em 1973, com especialização em traumatologia e ortopedia, medicina do trabalho e desportiva. Evangélico há três gerações, iniciado pelo avô e pelos pais, era ministro atuante na Igreja Evangélica Assembléia de Deus, onde pregava. Petebista, Eliseu Santos foi vereador de Porto Alegre, pelo período de 1993 a 1994, presidindo a Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara. Foi eleito deputado estadual para a 49ª legislatura, (período 1995 a 1998), assumindo a presidência da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, da Assembléia Legislativa. Na mesma legislatura, foi membro titular da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia. Reeleito deputado estadual para 50ª legislatura (período de 1999 a 2002), foi reconduzido à presidência da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa. Eleito vice-prefeito de Porto Alegre na gestão de José Fogaça, entre 2005 e 2008. Em 2007, assumiu a Secretaria da Saúde em Porto Alegre, cargo que ocupava. Em 2010, se preparava para ser candidato a deputado estadual, em outubro. Trabalharam na cobertura inicial do crime, pela Rádio Guaíba, os jornalistas Ieda Risco, Andrea Martins, Ricardo Pont e Erington Szekir Jr. Vice-prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, disse: "está parecendo uma terra de bang-bang" Fonte: Rádio Guaíba e Correio do Povo

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