segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A História Patriarcal" Gn 11.26 -22.19 - Parte 3

continuando

A Era Patriarcal., c. 2000-1500 a.C.

Por volta de 1950 a.C., Ur III estava perdendo o poder sob pressão do afluxo dos povos semitas do oeste, os amorreus. As cidades-estados na Baixa Mesopotâmia tornaram-se rivais. Ao final desse período, cada cidade-estado da Alta e da Baixa Mesopotâmia era dominada por uma dinastia de amorreus. Embora a base da população no sul da Mesopotâmia continuasse acadiana, no noroeste os amorreus os expulsaram por completo. Esse período, embora caótico no campo político e econômico, não foi de trevas. Encontraram-se dois códigos de leis, um em acadiano, em Eshnunna, e outro em Isin, compilado por Lipit-Ishtar. Ambos apresentam semelhanças consideráveis com o código da Aliança (Ex 21-23).

 

A Assíria e a Babilônia ocuparam, pela primeira vez, lugar de destaque histórico nesse período. Em c.1900, a Assíria, governada por uma dinastia acadiana, estabeleceu uma colônia comercial distante, a noroeste da antiga cidade anatoliana de  Kanesh (atual Kultepe, perto de Kayseri, Turquia). Essa colônia é conhecida em razão dos textos capadócios – alguns milhares de placas descobertas em Kanesh. Essa dinastia de amorreus fundada por Shamsi-Adad. Por breve tempo, ele dominou a Alta Mesopotâmia, tendo como principal rival a cidade de Mári ( na margem esquerda do Eufrates). Essa cidade livrou-se do jugo assírio em c.1730 a.C. e tornou-se poderosa durante curto período.

Extensas escavações em Mári trouxeram à luz uma civilização brilhante, documentada por mais de vinte mil tabuinhas de grande importância para o pano de fundo patriarcal.

 A Babilônia de Hamurábi (c.1728-1686) foi a cidade que emergiu vitoriosa. Hamurábi enfrentou não somente Mári e a Assíria, como também Larsa que, sob uma dinastia  elamita (centralizada em Susã, no sudoeste da Pérsia), governava todo o sul mesopotâmico da Babilônia. Numa série de  campanhas brilhantes, Hamurábi derrotou os rivais. Passou a dominar um império modesto desde Nínive ( o extremo norte do Tigre) até o golfo pérsico. A Babilônia tornou-se o maior centro cultural da época.

Uma profusão de textos revela um nível cultural raras vezes atingido na antigüidade. O mais importante é o Código de Hamurábi, baseado numa tradição legal de séculos (como demonstram os códigos de Ur-Nammu, Lipt-Isthtar e Eshnunna). No código há numerosos paralelos notáveis com as leis do Pentateuco. O império de Hamurábi, entretanto, encerrou-se com ele. No governo de seus sucessores imediatos, a maioria dos estados tributários se desligou. A Babilônia, em particular, defendeu sua existência contra os cassitas, um novo povo que desceu das montanhas de Zagros, rumo ao leste.

Em parte, a causa do declínio da Babilônia foi a quase total inundação de novos povos na área, provenientes, em especial, do norte. Os movimentos étnicos causaram uma ruptura tão grande que por aproximadamente dois séculos os acontecimentos não são documentados. Novos estados e impérios emergiram, sendo o mais importante o dos hurritas. Não eram semitas e haviam-se estabelecido no noroeste da Mesopotâmia desde o final do terceiro milênio, passando então a dominar com poder a região.

Quando as evidências documentárias ressurgem em c. 1500 a.C., os hurritas controlam o império de Mitani[1], estendo-se desde Alalak até os sopés de Zagros, além do Tigre, rumo ao leste. O orgulhoso estado da Assíria submete-se a seu controle. Por um tempo, no início do século V, os hurritas competiram com o Egito pelo domínio mundial. Movimentando-se com os hurritas, mas em número bem menor, estavam os indo-europeus, que parecem ter sido principalmente uma aristocracia dominante. A maioria dos nomes dos reis do império de Mitani é indo-européia.


[1] Mais ou menos na época em que o povo hicso invadia o Egito e em que a Babilônia florescia sob a Primeira dinastia, melhor exemplificada por Hamurábi, emergia o novo reino de Mitani, nos platôs da Média. Esse povo indo-irariano se compunha de dois grupos: a classe comum, denominada hurrianos, e a nobreza, ou classe dominante, intitulada arianos. Tendo vindo do território a leste de Harã, esse povo mitani foi ampliando constantemente o seu reino  para o ocidente, de tal modo que, em cerca de 1500 a C., haviam chegado às margens do  mar mediterraneo. O principal esporte do povo ariano eram as corridas de cavalos. Tratados escritos sobre o tema da criação e treinamento de cavalos foram descobertos neste século, em Bogazcói, onde haviam sido preservados pelos hititas que tinham dominado o povo mitani. Por volta de 1500 a C., o poder mitani fez estacar o avanço dos hititas durante cerca de um século.

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