sexta-feira, 3 de julho de 2009

" Há Abusos em Nome de Deus" Parte Final

Após leitura no exemplar de nº 580, páginas 69 e 70 de 29.06.2009, e, pela consistência cabal da matéria publicada, resolvi fazer este post,na íntegra(com pequenos comentários do editor deste blog)  haja vista a relevância do assunto, não somente para o público evangélico, mas para todas as esferas da sociedade, quiçá, a humanidade.

continuação

 

Jornalista relata os danos do assédio espiritual cometido por líderes evangélicos

ÉPOCA – Você afirma que muitos dos pastores não agem por má-fé, mas por uma visão messiânica...

Marília – É uma visão messiânica para com seu rebanho. Lutero (teólogo alemão responsável pela reforma protestante no século XVI) deve estar dando voltas na tumba. O pastor evangélico virou um papa, a figura mais criticada pelos protestantes, porque não erra. Não existe essa figura, porque somos todos errantes, seres faltantes, como já dizia Freud. Pastor é gente. Mas é esse pastor messiânico que está crescendo no evangelismo. A reforma de Lutero veio para acabar com a figura intermediária e a partir dela veio a doutrina do sacerdócio universal. Todos têm acesso a Deus. Uma das fontes do livro disse que precisamos de uma nova reforma, e eu concordo com ela.

Editor do Blog – Em tese, essa visão messiânica, como falei anteriormente foi cunhada de um erro de interpretação jazido do Antigo Testamento. Somos todos pecadores, sujeitos a falhas e falhos por nossa natureza pecaminosa. Todavia, Freud também era gente, ou não? Pastor é gente comum, todavia com uma pequenina diferença. O escritor aos Hebreus apresenta um detalhe:  Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil”.Hb 13.17. A ovelha não dará conta do pastor, mas ao contrário, o pastor dará conta das ovelhas. Entendo que o excesso de confiança em si mesmo e o complexo messiânico, têm levado muitos pastores, homens que até então nutriam temor a Deus, mas que agora se deixaram levar pelo vil orgulho e vaidades humanos, quais, são o princípio e o fim de qualquer de nós.

Marília – Eu não acho. A igreja tem mesmo de ser questionada, inclusive há pensadores cristãos contemporâneos que questionam o modelo de igreja que estamos vivendo e as teologias distorcidas, como a teologia da prosperidade, que são predominantemente neopentecostais e ensinam essa grande barganha. Se você não der o dízimo, Deus vai mandar o gafanhoto. Simbolicamente falando, Ele vai te amaldiçoar. Hoje o fiel se relaciona com o Divino para as coisas darem certo. Ele não se relaciona pelo amor. Essa é uma das grandes distorções.

Editor do Blog - Neste ponto, devo concordar. Entretanto preciso denunciar esse tipo de comportamento mais uma vez, haja vista, ter feito outra vez em uma de minhas postagens e, receber alguns  email´s contundentes e até grosseiros e ofensivos. A relação com Deus deve, primariamente basear-se no amor, pois, Ele nos amou primeiro.

ÉPOCA – No livro você dá alguns alertas para não cair no abuso religioso.

Marília – Desconfie de quem leva a glória para si. Uma boa dica é prestar atenção nas visões megalomaníacas. Uma das características de quem abusa é querer que a igreja se encaixe em suas visões, como querer ganhar o Brasil para Cristo e colocar metas para isso. E aquele que não se encaixar é um rebelde, um feiticeiro. Tome cuidado com esse homem. Outra estratégia é perguntar a si mesmo se tem medo do pastor ou se pode discordar dele. A pessoa que tem potencial para abusar não aceita que se discorde dela, porque é autoritária. Outra situação é observar se o pastor gosta de dinheiro e ver os sinais de enriquecimento ilícito. São esses geralmente os que adoram ser abençoados e ganhar presentes. Cuidado.

Editor do Blog - Também devo concordar com parte deste parágrafo.  Na realidade a glória e honra pertencem ao Senhor e Ele a nenhum outro a dá. De maneira inadvertida, alguns homens, têm se feito pastor. A razão é simples. Em “qualquer lugar”, a credencial de pastor é vendida, negociada. Às vezes na tesouraria, outras vezes nos gabinetes, sejam da igreja, sejam da vida. O que me estarrece, não é que a credencial seja vendida ou negociada, mas, o fato de que haja quem se interesse por adquirir por soma de dinheiro. Esquecem-se de que a Bíblia relata a condenação de um personagem porque tentou comprar o “dom de Deus” com dinheiro. Veja história de Simão, o Mago.

Por último, o pastor que não aceita a ser “confrontado” (não estou apoiando revoltas ou rebeliões, insubordinações etc.), está a um ou dois passos da sua derrocada. Tornou-se um totalitário, inerrante, em breve será inacessível. Quando Deus olhar para ele, não encontrará lugar em seu coração para o arrependimento.

Dinheiro?! Quem não gosta! O problema não está em gostar, mas, no fato de que o dinheiro passa ser a razão, o fim da existência, da vida e não o meio pelo qual se sobrevive.

Se você tem medo de seu líder é porque ele é um déspota, não um pastor, nunca liderou.

Se você é um líder e não tem seguidores, você está apenas passeando, não liderando.

 

Fonte:  www..epoca.com.br   

Revista exemplar nº 580 de 29 de junho de 2009

Comentários adicionais: Editor do Blog "Escrevendo Com Responsabilidade".: Pr João Luiz Marques

 

 

3 comentários:

  1. Muito boa a matéria, pastor, gostei (novidade, rsrsrs).
    O que dizer, diante da vasta explanação da autora da reportagem, bem como dos teus comentários...
    Na verdade, apenas venho ratificar o quão importante é o equilíbrio em tudo nesta vida. E isso inclui, obviamente, a espiritualidade. Afinal, Jesus, o mestre dos mestres, não era um ignorante insensato, mas espiritual e racional (agia, portanto, com equilíbrio).
    Fico muito triste e desconsertada quando vejo, dentro das igrejas, atos semelhantes (e/ou piores) aos relatados ao longo desta reportagem, motivados tão somente pelo desequilíbrio, que vem a ser um misto de insensatez (bem como esperteza e mal caratismo, muitas vezes) por parte de alguns (ALGUNS, NÃO TODOS!!) pastores, versus simploriedade dos membros, os quais acostumam-se a ser teleguiados por homens, não por Deus.
    Fico imaginando o Senhor gritando por equilíbrio no meio do Seu povo...
    Oxalá houvesse menos "gritaria (leia-se insensatez)" e mais homens e mulheres dispostos a agir debaixo da unção de Deus (o que inclui, indubitavelmente, um senso, ainda que ínfimo, de lógica e raciocínio, ambos pautados, certamente, na palavra de Deus).

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  2. Olá irmã Tati. como sempre você supera os comentários!
    Fiquei até constrangido para comentar o pot do pastor.
    É isso aí.

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  3. Hahaha... essa é boa, anônimo! Até parece... quem ficou constrangida agora fui eu, rsrsrs.
    De qualquer forma, obrigada.
    Por falar nisso, eu te conheço?

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