Muitos povos já desapareceram da face da terra. De alguns a história guardou o nome. De outros, nem o nome guardou, como os povos que viveram na América antes da chegada dos colonizadores. É extraordinário, portanto, que o povo judeu tenha sobrevivido até hoje tenha conservado a sua identidade, carimbada com a Lei de Moisés, a “Torá”. Isso se deve sobretudo à sinagoga que, para os judeus da diáspora, era o centro comunitário que supria a falta do templo, onde eles se reuniam para estudar a Lei e celebrar seu Deus. Ao lado da lei escrita e para aplicá-la a situações novas, foram aparecendo, desde o tempo de Esdras, “leis orais” que não deviam ser fixadas por escrito.
A maior ameaça de extinção do Judaísmo veio do Cristianismo, que nasceu no seu seio, mas, abrindo-se para os outros povos, tornou-se autônomo e rapidamente se propagou. Ioanam bem Zakkai, que morreu no ano 80 da era cristã, dez anos depois da destruição de Jerusalém pelos romanos, fundou a Academia Talmúdica em Iavné (Jamnia?), onde foram codificadas as “leis orais” e elaboradas normas que permitissem às comunidades judaicas espalhadas pelo mundo sentirem-se pertencentes a um mesmo povo, a uma espécie de “pátria portátil”, sem base territorial. A Aliança proclamada na Lei de Moisés (o Pentateuco) regulamentava as situações concretas através do Talmude, que é também um livro sagrado para os judeus.
Foi Theodor Herzi (1860-1904) quem lutou para transformar o sofrimento do povo judeu, vítima de perseguições e massacres, numa desafiadora questão internacional, lançando a idéia da criação de um Estado judeu. Herzi fundou a Organização Sionista e promoveu cinco Congressos Internacionais ( os três primeiros e o quinto em Basiléia/Suíça e o quarto em Londres/Inglaterra em 1897, 1898, 1899,1900,1901). Desenvolveu intensa atividade em vários países, conversou com reis e governantes para fazer valer a sua idéia. Morreu em 1904, com 44 anos depois, em 1948, seu sonho se tornou realidade com a criação do Estado de Israel. Em 1949, seus restos mortais foram transladados para Israel e enterrados numa colina que se chama Monte Herzi.
Em 1904, Herzi foi a Roma para conversar com o rei da Itália e com o Papa Pio X. O rei mostrou-se simpático à idéia, mas Pio X lhe disse o seguinte: “Os judeus não reconheceram Nosso Senhor , por isso não podemos reconhecer o povo judeu. Se fordes para a Palestina, ali estabelecendo vosso povo, estaremos preparados com igrejas e padres para batizar-vos”.
Essa resposta do Papa é uma amostra do intolerável preconceito anti-semita que causou tantos males ao povo judeu em particular e à humanidade em geral. Os cristãos acusavam os judeus de deicídio por causa da crucificação de Jesus Cristo, esquecidos de que o próprio Jesus era judeu e judeus eram os fundadores da Igreja. Na Idade Média, os judeus foram vítimas de todo tipo de violência por parte das autoridades eclesiásticas. O anti-semitismo sacrificou milhões e milhões de judeus. Ainda hoje o muno está traumatizado com os horrores do “Holocausto” dos judeus, um crime monstruoso cometido pelo nazismo de Hitler.
Depois de tantos séculos, o anti-semitismo se entranhou muito na nossa cultura. No dicionário ´Aurélio´, um dos significados da palavra judeu é: “Indivíduo mau, avarento, usuário”. Esse preconceito se trai também na linguagem comum, quando usamos palavras como: “judiar”, “judiação”, “judiaria”, etc.
Os cristãos nunca deviam esquecer-se de suas raízes judaicas e de que, na cruz de Nosso Senhor Jesus, foi colocada esta inscrição: “Jesus Nazareno rei dos Judeus”.
Infelizmente o Estado de Israel tem praticado uma política de inimizade e de opressão do povo da palestina que se assemelha ao anti-semitismo de que os judeus foram vítimas. Populações inteiras de palestinos foram expulsos de seus territórios, perderam suas terras e casas e vivem até hoje em campos de refugiados em países vizinhos. Israel tem patrocinado ações militares de conquista e desobedece sistematicamente as resoluções das Nações Unidas quanto à cidade de Jerusalém e aos demais territórios ocupados.
Graças a Deus, nos últimos tempos, parece haver um novo e sério empenho em prol do entendimento e da paz, possibilitando também ao povo palestino uma pátria autônoma.
Só essa atitude honra Israel, pois um povo que, como ele, traz as marcas de tão terríveis sofrimentos, não devia infligir sofrimento a ninguém mais. A vocação de Israel é de anunciador da paz (“Shalom”) a todas as nações.
Oremos pela PAZ em Jerusalém!!
Pr por onde eu pergunto
ResponderExcluir?
por aki msmo?
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