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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Davi – As Vitórias e as Derrotas de Um Homem de Deus

Assembléia de Deus do Ministério Plena Unção

Departamento de Escola Bíblica Dominical

Lição Bíblica nº 1 de 04 de Outubro de 2009

 

 

DAVI E SUA VOCAÇÃO

Leitura Bíblica em Classe: 1 Sm 16.1,3,10 - 13

Introdução

Neste trimestre aprenderemos sobre a vida de Davi, um dos maiores personagens da Bíblia, "um homem segundo o coração de Deus". A sua trajetória é destacada como um marco da História bíblica (2Sm 7.8). Davi um homem que saiu de detrás das ovelhas de seu pai para governar a nação de Israel. Em Davi graçavam muitas promessas sobre a linhagem que levaria ao nascimento do Messias (Lc 1.32). Davi, que significa "amado" em hebraico, é o tema do nosso quarto trimestre.

No livro de Neemias (12.36) há duas peculiaridades a respeito de Davi:

1ª A primeira é o fato de o hagiógrafo associar o nome do rei aos instrumentos musicais, "instrumentos músicos de Davi"– expressão que no contexto remoto refere-se tanto aos instrumentos criados por Davi para adorar a Javé (1 Cr 23.5; 2 Cr 29.26) quanto ao mandado e os Salmos de Davi referentes à adoração (2 Cr 29.25-30).

2ª A segunda descreve o rei como [dāwid 'îsh hā 'Ĕlōîm (דּויד אישׁ האלהים)] "Davi, homem de Deus", expressão que no profetismo israelita identifica o sujeito como profeta, enviado especial de Deus ou alguém que está na presença do Senhor (Dt 33.1; Jz 13.6; 1 Sm 12.27; 2 Rs 1.10ss.). Estas duas características de Davi, músico e homem de Deus, resumem adequadamente o biografado, bem como a singular vocação do jovem Davi.

Uma graciosa lição que aprendemos do texto de Neemias e da vida de Davi é que a vocação divina para o ministério cristão, às vezes, envolve mais de uma ocupação, algumas associadas à principal. Davi foi ungido rei, no entanto, a unção real deu-lhe muitas outras competências e habilidades para a poesia, música, engenharia, guerra, etc., tornando-o um líder completo.

  1. AS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE DAVI FOI CHAMADO
  1. Um período de transição.

Após a conquista da terra de Canaã, pelo povo de Israel, ocorreram muitas transformações. A posse da nova terra fez com que um povo que era nômade passasse a usufruir de uma promessa divina, feita muitos séculos antes ao patriarca Abraão; "Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção"(Gn 12.1,2).

A partir do momento que Josué assume a liderança do povo, após a morte de Moisés (Dt 34) isso nós aprendemos no segundo trimestre da nossa EBD. A história de Israel passou a ser guiada pelos mandamentos feitos pelo Senhor ao povo quando estavam fora da terra; "Porquanto te ordeno hoje que ames ao SENHOR teu Deus, que andes nos seus caminhos, e que guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, para que vivas, e te multipliques, e o SENHOR teu Deus te abençoe na terra a qual entras a possuir. Porém se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido para te inclinares a outros deuses, e os servires. Então eu vos declaro hoje que, certamente, perecereis; não prolongareis os dias na terra a que vais, passando o Jordão, para que, entrando nela, a possuas." Dt 30.16,18. O que aconteceria se com o passar dos anos o povo não guardasse a Palavra do Senhor? O povo não permaneceu fiel as palavras do Altíssimo, mas Ele permanece fiel (2 Tm 2.13).

 

Por ser o princípio religioso a principal motivação para o povo permanecer ligados a Lei divina, mesmo que isso significasse muitas e onerosas dores, o povo chamado de dura cerviz, afastavam-se dos padrões requeridos pelo altíssimo atraindo sobre si ira divina (Dt 31.27).

A história de Davi começa num período de transição muito importante para o povo de Israel. Os juízes comandaram o povo de Israel durante os 300 primeiros anos em que habitaram a terra de Canaã. Durante este período, Deus levantava os juízes para combater a imoralidade e a apostasia, pois o povo era guiado pelo seu próprio coração, "e fazia o que achava reto aos seus olhos" (Jz 21.25).

  1. Em meio a uma crise espiritual
    1. Antes de ter um rei, o povo de Israel possuía uma liderança teocrática (Jz 2.16-17)
    2. Entretanto manifestou o desejo de esquivar-se do sistema político da teocracia para se tornar uma monarquia como as nações. (1Sm 8.1-7,19-22)

Para aquele povo que por anos estiveram sobre o comando de sacerdotes e juízes, a mudança para a monarquia representaria, naquele momento histórico, um passo importante de se igualar as nações que estavam ao seu redor. A figura de um rei iria satisfazer a exigência do povo; "Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações" (1Sm 8.5). A conseqüência da escolha foi um rompimento com aquilo que era algo legal - a presença de Deus -, tornou-se um ato de insubmissão ao Altíssimo. "E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles (1Sm 8.7).

  1. Não era uma simples mudança de regime, mas uma troca de governante (1Sm 8.6,7),o que entristeceu o profeta Samuel.
  1. TEOCRACIA X MONARQUIA(tabela)
  1. O primeiro Rei

A escolha pela monarquia levou a escolha do primeiro rei sobre as tribos, e Saul assume o posto mais alto; "E quando Samuel viu a Saul, o SENHOR lhe respondeu: Eis aqui o homem de quem eu te falei. Este dominará sobre o meu povo" (1 Sm 9.17).Saul reinou em Israel pelo período de 40 anos, um governo marcado no princípio pela presença de Deus nas vitórias diante dos seus inimigos (1Sm 11.9,11). Mas Saul não permaneceu em conformidade com as palavras de Deus, afastando-se do projeto divino para sua vida, e no final buscou inclusive ajuda de uma pitonisa. "Assim morreu Saul por causa da transgressão que cometeu contra o SENHOR, por causa da palavra do SENHOR, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar" 1 Cr.10.13.

  1. O surgimento de Saul é notório nesse contexto, haja vista, ser ele, na visão do povo, quem preenchia os requisitos e as expectativas do povo 1Sm 8.4-6.
  2. Deus, em sua Graça, tocou o povo para seguir o novo rei 1Sm 10.26.
  3. Logo demonstrou suas más qualidades 1Sm 13.14;15.26-28.

    A desobediência pode eliminar oportunidades de serviço pela desqualificação do indivíduo para uma posição de liderança.

  1. A gravidade da crise
    1. Samuel muito se abateu, tal como Israel pela crise gerada, entretanto, Deus que se antecipa, declarou que já havia se provido de um rei (1Sm 16.1)
    2. O Projeto de Deus e Seu Empreendimento nunca serão frustrados por quem quer que seja:
      1. Ele não aceita desobediência ou rebeldia, por essa razão não permitiu que Moisés entrasse na Terra Prometida (Nm 20.11,12; Dt 32.51,52)
      2. Entretanto proveu outro líder para finalmente introduzir Seu povo na Terra Prometida (Dt 1.37,38)
    3. A vocação ou o chamado de Davi surgiu ante a rejeição de Saul pelo Senhor (1Sm 13.13,14;15.26-28).
    4. A NATUREZA DA VOCAÇÃO DE DAVI

Davi não era o primogênito, mas o caçula, o oitavo filho de Jessé. Se tomarmos como base que o rei Davi ascendeu ao trono de Judá em 1011 a.C., com cerca de trinta anos (2Sm 5.4), e, que provavelmente nascera em 1041 a. C., pouco tempo depois de Saul sagrar-se rei, concluímos que Davi não possuía mais de 13 anos quando foi consagrado rei de Israel. Logo, a vocação ministerial não se limita à condição social e à idade do escolhido. É o Senhor Quem escolhe. Ele é Soberano em Suas escolhas!

A escolha de Davi se deu ao passo que o reinado de Saul começou a ruir. É a partir da rejeição de Saul que Samuel recebe a incumbência de ungir outro rei sobre Israel. "Então Samuel lhe disse: O SENHOR tem rasgado de ti hoje o reino de Israel, e o tem dado ao teu próximo, melhor do que tu" 1Sm 15.28.

  1. Um desígnio divino - Davi uma escolha divina.
    1. Ele quem quer, quando quer e capacita como quer e para o que quer Sl 89.20
    2. A ordem divina era que entre os filhos do belemita haveria o futuro rei e a missão do profeta não foi uma tarefa fácil, pois Samuel colocou em risco a sua vida (1Sm 16.2).

Todavia, a menoridade de Davi ante seus irmãos colocava-o como o último na hierarquia familiar e tribal (1Sm 16.5,11-13). O termo "menor" (ARC), ou o "mais moço" (RA), do hebraico qātōn (קטן), significa "ser pequeno", mas também "ser insignificante", ou "ser jovem insignificante".

  1. Essa condição independia do jovem Davi.
  2. Ele era o menor dentre seus irmãos, não apenas na hierarquia familiar, mas também nos direitos sociais e tribais que pertenciam primeiramente ao primogênito.
  3. O fato de o Senhor escolher a Davi dentre os seus irmãos, significa que Deus, embora respeite, pouco se preocupa com as condições sociais do escolhido.
  4. É o Senhor quem habilita e capacitada o eleito independente da classe social do sujeito. Deus "não vê como o homem"! (1Sm 16.7)
  5. Deus escolheu o menor, aquele que a princípio seria o último, este deveria receber a menor parte, na lei de Moisés a benção estava sobre o primogênito (Dt 21.17).
  6. Em um contexto maior, é importante entender que o Messias prometido ao povo de Deus seria um descendente da tribo de Judá e, portanto, Davi é parte direta do cumprimento das promessas divinas a Israel (Is 11.1,2;Jr 23.5,6;At 2.29,30;Rm 1.3)

A escolha de Davi foi feita por Deus, o jovem pertencia a família de Jessé o belemita, um efrateu de Belém de Judá (1 Sm 17.12). Como é importante que os homens estejam na direção divina, cumprindo plenamente a sua vontade. Este foi o objetivo de Jesus em seu ministério terreno, de cumprir a vontade de seu pai. "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou" (Jo 6.38).

  1. Samuel estava numa posição de grande responsabilidade e ele não poderia errar, pois um erro significaria a rejeição do próprio Deus.
  2. Ao entrar na casa de Jessé, o profeta teve de imediato a impressão de estar diante do novo rei, quando olhou para Eliabe, o primeiro filho de Jessé a se apresentar (1Sm 16.6).
  3. Olhar somente a aparência, já não é algo só dos nossos dias, o próprio profeta Samuel foi tentado a tomar esta decisão, "certamente está perante o Senhor o seu Ungido".

Encontramos neste episódio um ensinamento muito especial para nossas vidas, as "nossas escolhas" muitas vezes não representam aquilo que realmente deveríamos escolher. Ao olhar para "exterior" somos tentamos muitas vezes a procurar entender o que as pessoas estão sentindo por dentro, se elas estão tristes, tentamos imaginar o que esta acontecendo. Quando encontramos alguém bem vestido, com roupas caras ou em carros de luxo, pensamos se este ou aquela tem dinheiro. Pode ocorrer que muitos de nós entramos em situações complicadas por não estarmos atentos aos "detalhes".

Ao atentarmos para o exterior nada enxergamos, apenas o que nossos olhos querem ver, mas Deus olha para o que está embaixo da pele, ele olha para o homem interior, onde se descobre as intenções do coração (Hb 4.13). Desta forma, o segundo filho de Jessé também não passou no crivo divino, e ao passar todos os filhos que estavam na casa o profeta faz uma pergunta ao dono daquela casa acabaram-se os jovens? (1Sm 16.11).

  1. A resposta e responsabilidade humana
    1. A Soberania de Deus é um dos princípios da vocação divina 1Cr 28.4,5
    2. Entretanto, Ele considera e leva em conta a responsabilidade humana e realização de seu propósitos 1Cr 28.6,7
    3. À pretensão e ao desejo do povo, Saul subiu ao trono (1Sm 8.9-18;10.17-27)
    4. Em resposta ao injusto clamor do povo, o Eterno deu-os Saul (At 13.21)
    5. A Escolha divina de homens para seu serviço leva também em conta a liberdade humana e não a invalida
    6. Saul não estava predestinado ao fracasso (1Sm 13.13)
    7. Tampouco Davi estava destinado ao sucesso (1Rs 11.38)
  2. Davi uma escolha segundo o coração de Deus.
    1. Faltava o menor, aquele que até o momento não haviam sido lembrado, mas Deus não se esquece de ninguém, havia aquele que estava detrás das ovelhas (1 Cr 17.7), talvez esquecido pela sua família naquele momento, mas nunca pelo Senhor.
    2. Deus estava contemplando aquela ocasião, era algo notório, pois o novo rei abriria uma nova perspectiva para o povo de Israel.
    3. Davi era o caçula entre os seu irmãos, o menor entre todos (1 Sm 16.11), e foi o último a passar diante do profeta Samuel.
    4. Ao aproximar-se do profeta aquele jovem ruivo, versículo 12, o Senhor ordenou ao profeta que o ungisse no meio dos seus irmãos.

Ao chegar o profeta, os filhos de Jessé puseram-se apostos para aquela cerimônia. Contudo, existe um número expressivo de pessoas que estão sempre "prontas" para fazer algo para o Senhor, mas poucos estão aptos. Aqueles que o Senhor quer usar realmente não aparecem, estão por ai "atrás das ovelhas", cuidando do rebanho do Senhor sem muitas vezes serem vistos. A obra feita no silêncio, feita nas lágrimas e fadigas, às vezes debaixo de sol escaldante e o nome destes pequenos não aparecem na mídia, são "esquecidos" pelos seus irmãos, mas estes estão no coração de Deus, esperando para serem lembrados e honrados no momento certo (Ap 22.12).

O Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamente afirma que a raiz qtin "denota pequenez de quantidade ou qualidade". Davi era o mais moço (1 Sm 17.14, 33) e, segundo a tradição do núcleo familiar (bayît 'āb), seus irmãos tinham a proeminência (veja 1 Sm 17.28, 29). Esta é a principal razão pela qual eles são chamados ao sacrifício e à mesa enquanto Davi permanece no pastorício (v.11; 17.15). Deus, porém, honrou a Davi diante de seu pai e de todos os seus irmãos (vv.12,13; 17.12,13). Se você é um servo ou serva de Deus, chamado ou escolhido pelo Senhor, saiba que suas condições sociais não são entraves para a realização da obra de Deus.

  1. A unção de um novo Rei. "Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá." (1Sm 16.13).
    1. Ao receber a unção observamos que a partir daquele momento o Espírito de Deus estava sobre a vida de Davi aumentando a sua capacidade (1 Sm 17.33,37).
    2. Não havia dúvidas que a escolha foi confirmada pela presença sobrenatural do Espírito Santo.
    3. A vida daquele jovem mudou por completo com a benção de Deus sobre sua vida. Deus sempre faz a escolha certa, mesmo que alguns não queiram permanecer na Sua vocação, sempre o Altíssimo escolhe os melhores para Sua obra (Jo 15.16).

Embora escolhido rei, Davi não tomou a princípio o governo de Israel, ele voltou para cuidar das ovelhas do seu pai; "E Saul enviou mensageiros a Jessé, dizendo: Envia-me Davi, teu filho, o que está com as ovelhas". (1Sm 16.19). Mesmo recebendo a unção e estando cheio do Espírito Santo, Davi teve paciência e soube aguardar o tempo certo, o tempo de Deus (Ec 3.1).

  1. O PROPÓSITO DA VOCAÇÃO DE DAVI
  1. Abençoar a nação judaica
    1. Apesar de estar atualmente sob provação divina e temporária por causa de sua incredulidade, Israel continua ser uma nação profética (Rm 11.15-26).
    2. Deus escolheu Israel dentre os demais povos para que, através desta nação, tivesse lugar o seu maravilhoso plano de salvação para a humanidade inteira. (2Sm 7.23ª)
  2. Abençoar a humanidade
  3. Cristo Jesus, o legítimo herdeiro de Davi, abençoaria a humanidade com o Seu reinado e domínio em todos os sentidos (Lc 1.32)
  4. Ele é Rei e brevemente reinará em dimensões nunca conhecidas entre os homens

 

Conclusão

Nesta lição aprendemos que o projeto de Deus na nossa vida pode começar a qualquer momento. Davi estava no campo cuidando das ovelhas de seu pai, sem se preocupar com a política, governo, crises e guerras, mas ele estava no projeto de Deus. Davi teve a oportunidade de comandar uma nação, sem talvez nunca imaginar que isso aconteceria. Aprenderemos neste trimestre sobre a vida de um dos maiores nomes da bíblia, sua vida e trajetória, e poderemos tirar lições preciosas para nossas vidas.

Pr João Luiz Marques

Consulte no endereço abaixo subsídios que poderão lhe ajudar no estudo da lição desse Trimestre.

http://prjoaoluizmarquesrespondendobiblia.blogspot.com

ministeriobethesda@yahoo.com.br; kadosingagios@gmail.com;

detetive_inspetor@hotmail.com; marques_joao2004@yahoo.com.br

BOYER Orlando, Pequena Enciclopédia Bíblica. Rio de Janeiro, CPAD.

JOSEFO Flavio, Historia dos Hebreus. Trad. De Vicente Pedroso. Rio de Janeiro, CPAD, 199O.

HENRY Matteu, Comentário Bíblico, Trad. Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro, CPAD 2002.

Fonte: Lição Bíblica;Site CPAD;Site EBD;Blog: Escrevendo com Responsabilidade

 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 20 de setembro de 2009

"Os Falsos Profetas" - 1 Jo 4.1-6 - Lição de nº 10

Como foi solicitado por alguns irmãos estou postando a lição bíblica referente aos Falsos Profetas.

OS FALSOS PROFETAS

Texto Bíblico Básico 1João 4.1-6

Introdução. João começa com a declaração de que existem falsos profetas, bem como profetas verdadeiros, e com a ordem aos cristãos para que faça uma distinção entre eles. Ao mesmo tempo, ele indica qual é o ponto importante em fazer essa distinção. Não é se o fenômeno sobrenatural está presente, por o Diabo também pode realizar milagres. É uma questão de definir a fonte da inspiração do profeta. Seria Deus? Nesse caso, o profeta é verdadeiro. Se não é Deus, então ele não deve merecer crédito nem ser seguido, independentemente de quão grande seja a sua sabedoria ou de quanto impacto sua atividade provoque.

I. CONCEITOS

1. Profeta

1.1 O termo "profeta" e suas especificações:

a) O termo hebraico que o grego tenta traduzir é "nabi".

b) A raiz 'nb' significa "chamar" e seu padrão vocálico apóia o

significado "pessoa chamada".

c) Assim, o termo grego descreve o profeta, mesmo não sendo tradução

precisa do hebraico.

d)"Vidente" (roeh) e Outros Termos. O profeta também era chamado

"vidente", significando "aquele que tem visões". Duas palavras hebraicas

são assim traduzidas e ao que parece são completamente equivalentes.

Uma passagem, 1Sm 9.9 indica que o termo "vidente" era anterior, tendo

sido substituído por "profeta", mas se havia alguma diferença clara,

tornou-se indistinta na época do Antigo Testamento.

e) a credencial de um profeta verdadeiro de Deus era a habilidade infalível

infalível de penetrar o futuro e revelá-lo (Dt 18.21- 22). Essa habilidade

autenticava sua mensagem como sendo divina, porquanto somente Deus

conhece o futuro.

A. Profeta. O termo mais comum para designar a pessoa e o ofício é

'profeta', do grego profhetes. Significa basicamente "aquele que fala

em nome de um deus e interpreta sua vontade para o homem".A

palavra é composta de dois elementos dos quais o segundo "falar".

O primeiro pode significar "por, em favor de" e "de antemão", de modo

que a palavra pode significar ou "falar por, proclamar" ou "falar de

antemão, predizer".

1.2 Eram chamados por Deus para transmitir a mensagem divina ao povo

a) Os autênticos profetas são porta-vozes de Deus Jr 1.5,9; Ez 2.1-7;

Dt 18.18

b) São chamados de "meus profetas" pelo próprio Senhor Sl 105.15;

Jr 7.25

c) Sua responsabilidade é de grande peso Ez 2.1-7; 3.10,11

B. Características

i. Êxtase. De acordo com uma concepção amplamente difundida, a

Característica principal dos profetas era o comportamento do êxtase.

ii. O Chamado. Os profetas bíblicos estavam certos não apenas de que Deus lhes havia falado, mas também de que eram chamados para falar a mensagem de Deus.

iii.O Caráter. "Pedro, referindo-se à profecia declarou:". "Homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo". Embora afirmações acerca da santidade dos profetas sejam raras, se aceita em geral que Deus usaria somente homens santos como profetas.

C. Classes de Profetas

1. Profetas da Palavra – os transmissores da Palavra

2. Profetas da Escritaos que escreveram a Palavra

2. Profecia

a) Aspectos da Profecia do Antigo e Novo Testamento

1. Declarativa ou anunciada

2. Denunciativa

3. Preditiva ou Vaticinadora

2.1 A profecia segue em três direções: da justiça, da solidariedade e da reconstrução da pessoa.

a)A justiça acontece quando tudo está no lugar como Deus o quer, quando tudo é como deve ser. A profecia luta para que a vida do povo seja organizada de acordo com o projeto de Deus. É neste nível da luta pela justiça que se travou o confronto entre profecia e monarquia: o profeta cobrou do rei a sua parte na observância da Aliança.

b) A solidariedade impõe-se como uma exigência de fidelidade à Aliança diante da impossibilidade de mudar a situação, como aconteceu depois da queda da Samaria. Pela solidariedade, a comunidade do povo de Deus deve ser uma amostra daquilo que Deus quer para todos (Dt 15.4-11, Mq 6.6-8; At 2.42-47)

c) Reconstruir a pessoa é uma necessidade absoluta para neutralizar os terríveis efeitos da injustiça social, da pobreza e da miséria. O injustiçado, o pobre se sente inferiorizado, humilhado, arruinado. Acaba perdendo a consciência de sua própria dignidade. Enquanto perdurar no injustiçado, no pobre essa falta de consciência, qualquer trabalho de mudança, tanto na linha da justiça, quanto da solidariedade é como enxerto em galho seco, reboco em parede rachada, operação plástica em cadáver. O profeta percebe que o fundamental é a reconstrução da pessoa, devolvendo-lhe a consciência roubada, o direito a dignidade.

a) Aspectos da atividade profética

1. Pode ser vista como um ministério permanente recebido de Deus 2Rs 17.13

Jr 7.25; Lc 16.16; Hb 1.1

2. Um dom ministerial na Igreja Ef 4.11-13; 3.5

3. Um dom espiritual na congregação At 2.17,18; 1Co 12.10

b) A profecia como dom ministerial PV 29.18; At 15.32

a) Não é uma pregação

b) É uma mensagem vinda diretamente do Espírito Santo

c) A pregação habitual, no entanto, é preparada antecipadamente 1Tm 5.17

c) O dom de profecia 1Co 12.10; 14.3,31

1. Edifica a congregação 1Co 14.4

2. É um sinal para a igreja

d) A natureza da profecia 2Pe 1.20

1. Devemos discernir a profecia da Escritura da profecia da Igreja 1Co 14.29

2. A manifestação do dom de profecia durante o culto deve ter limite

3. A maior parte do tempo do culto tem de ser destinada à exposição da Palavra de Deus.

O profeta se torna o defensor da Aliança e cobra do povo o compromisso que assumiu de ser povo de Deus (Ex 19.6).

O profeta sente nas entranhas a triste realidade da vida do povo, a injustiça de que é vítima, a miséria, a fome, o sofrimento, o desprezo, a mazela. De outro lado, não pode deixar de indignar-se com o luxo, o desperdício, a corrupção das classes dominantes, a opressão. Este contraste é a negação do projeto de Deus. O povo, neste caso, é visto como cacos da humanidade. Onde existe caco, alguma coisa foi espatifada. Esta experiência impele o profeta a erguer a voz e denunciar com vigor a quebra da Aliança.

Com os pobres, os expropriados, os injustiçados, os oprimidos, o profeta aprende a resistir, a enfrentar o sofrimento, a não ter medo das ameaças dos poderosos, a arriscar a própria vida para testemunhar sua fé no Deus da Aliança, que prometeu uma terra onde o povo possa viver uma vida abençoada, justiçado, respeitado, a tal ponto que a presença do empobrecido, um só que seja (Dt 15.7), representa um sinal de alarme.

II. OS FALSOS PROFETAS

  1. Características
    1. Têm uma mensagem falsa Ez 13.2,3
    2. Trazem ensinos distorcidos Dt 18.20; Is 9.15; Jr. 14.13; Ez.13.3, Mt 7.15); 2 Pe 2.1; 1 Jo.1)
    3. Eles operam até mesmo milagres, sinais e prodígios Mt 24.24
    4. Têm como missão, corromper a fé dos salvos e destruir a unidade da igreja
    5. Fingem Ser Enviados Por Deus - Jr 23.17-18, 31
    6. Não São Enviados Nem Comissionados Por Deus - Jr 14.14; 23.21; 29.31
    7. São Levianos E Traiçoeiros (orgulhosos e enganadores) - Sf 3.4
    8. São Cobiçosos (exigem pagamento) - Mq 3.11
    9. Astuciosos (disfarçadores) - Mt 7.15
    10. Bêbados - Is 28.7
    11. Imorais e Profanos - Jr 23.13-14
    12. Algumas Vezes Mulheres Agiam Como Falsas Profetisas - Ne 6.14; Ez 13.17-23; Ap 2.20
    13. Chamados De Profetas Loucos, que profetizam de seu próprio coração; Raposas do Deserto - Ez 13.1-15; Jr 23.16, 26
    14. Influenciados Por Maus Espíritos - 1 Rs 22.21-22
    15. Profetizam Falsamente - Jr 5.30-31
    16. Profetizam Mentiras Em Nome Do Senhor, praticando adivinhações e feitiçarias - Jr 14.13-16; Ez 22.26-28; At 13.6
    17. Profetizam Em Nome De Falsos Deuses - Jr 2.8
    18. Profetizam Paz, Quando Não Há - Jr 6.13-15; 23.16-17; Ez 13.10-12; Mq 3.5-7
    19. Fingem Ter Sonhos - Jr 23.25-34
    20. Enganados Por Deus Como Castigo - Ez 14.9-11

III. A FALSA PROFECIA

O Objetivo ou propósito principal da "profecia" é consolar, exortar e edificar.

  1. Julgando as profecias pela Palavra
    1. A profecia na igreja necessita ser julgada
    2. A Palavra de Deus, é o parâmetro para o julgamento 2Tm 3.16,17
    3. Qualquer profecia que se conflite com os ensinamentos e doutrinas bíblicas não vem de Deus.

  1. Julgando o falso profeta pelos frutos Mt 7.15-23
    1. Conhecendo a Palavra de Deus
    2. Tendo o discernimento pelo Espírito Santo
    3. Pelos frutos se conhece a árvore

Na sua ambição pelo controle total da sociedade e na sua ganância pelo poder, os reis, como qualquer governo, necessitavam do apoio religioso. Não bastava apenas colocar o templo e os sacerdotes a seu serviço (1Rs 8.3-6;12.31-32; 2Rs 11.17-19; 2Rs 16.10-12), mas queriam ainda o apoio dos profetas para seus planos e ações, porque os profetas sempre tiveram um grande valor religioso aos olhos do povo. Assim, abriram espaço na sua corte para profetas que, na maioria dos casos, estavam a serviço dos interesses do rei, contra o povo (2Rs 22.19-23). Estes eram profetas oficiais, profetas do rei, falsos profetas e não verdadeiros profetas reconhecidos pelo povo. Nos livros proféticos aparecem acusações muitos fortes contra esses profetas mentirosos, bajuladores e impostores. Quem quiser ver uma amostra leia Jr 23.9-38.

A memória do passado como expressão da fidelidade ou infidelidade à aliança é um dos critérios mais importantes para o povo poder reconhecer se um profeta é verdadeiro ou falso.

IV. OS VERDADEIROS PROFETAS

  • São levantados e chamados por Deus - Am 2.11
  • São ordenados por Deus - 1Sm 3.19-21; Jr 1.4-5
  • São enviados por Deus - 2 Cr 36.13-16; Jr 7.25; Mt 23.34
  • São cheios do Espírito Santo - Lc 1.67
  • São guiados pelo Espírito Santo- 2 Pe 1.21
  • Falam do Espírito Santo - At 1.16; 11.28; 28.25
  • Falam em nome do Senhor - 2Cr 33.18; Ez 3.11; Tg 5.10
  • Falam com autoridade - 1Rs 17.1
  • Deus falava e fala por meio deles - Os 12.10; Hb 1.1
  • São comparados com o vento pelo povo rebelde - Jr 5.12-14

V. O QUE ERA EXIGIDO DOS VERDADEIROS PROFETAS

  1. Que fossem ousados e inflexíveis - Ez 2.6; 3.8-9
  2. Que fossem vigilantes e fiéis - Ez 3.17-21
  3. Que recebessem com atenção todas as comunicações de Deus - Ez 3.10
  4. Que nada falassem, senão o que recebessem de Deus - Dt 18.20
  5. Que declarassem tudo o quanto o Senhor lhes ordenassem - Jr 26.1-2

VI. ENSINOS FALSOS

  1. Uma das características dos falsos mestres é ensinar o que as pessoas querem ouvir independentemente se estão erradas ou não Jr 5.31; 1Rs 22.12-14
    1. A busca do ser humano pela prosperidade
      1. É o desejo de todo o ser humano
      2. Hoje, esse desejo tornou-se em busca alucinada
      3. A Bíblia nos adverte contra essa busca insensata pelos bens e contra os que a encorajam mediante os seus ensinos 1Tm 6.6-11,17-19; Sl 62.10
    2. O menosprezo da glória de Cristo
      1. Os ensinos dos gnósticos negam o sofrimento de seu sacrifício na cruz para expiação dos pecados e salvação dos pecadores 1Pe 2.21-24; Rm 5.5-9; 2Co 5.21
      2. Os falsos profetas são influenciados por espíritos de demônios 1Tm 4.1
      3. Eles tentam afastar a Igreja do seu alvo descrito nas Escrituras, mediante a pregação de um evangelho fácil sem renúncia, sem compromisso, sem santidade; um evangelho que apregoa apenas o apego pelos bens materiais.

Conclusão. "Através de um misticismo exacerbado e antibíblico, colocam-se os falsos profetas acima da Palavra de Deus. Apresentam-se, via de regra, como portadores de uma nova revelação. Só existe uma maneira de se combater aos falsos profetas: Confrontá-los com a Palavra de Deus"

Bibliografia

http://www.ebdweb.com.br

CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - BÍBLIA de Estudos Pentecostal.

VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm

terça-feira, 23 de junho de 2009

" A PROFECIA VALE MAIS DO QUE OS PLANOS DO REI"

Dando continuação a postagem iniciada no mês de maio sobre o tema acima,haja vista as dúvidas surgidas, sobretudo várias perguntas enviadas pelos internautas, abaixo, escrevo um pouco mais, não com o obejtivo de liquidar o assunto, porém, esclarecendo pequenas minudências.

A profecia surge como crítica ao poder do rei (1 Sm 12.1-25)

Profecia versus Monarquia. Durante os 200 anos do tempo dos Juízes (+ ou - 1200-1030 a.C.), os problemas do povo de Israel foram enfrentados sem a presença de um rei, sem necessidade de uma administração central e um exército permanente. Heróis e heroínas tribais, suscitados (as) por Deus, mobilizaram o povo e repeliram os ataques dos inimigos. O sistema monárquico foi recusado por Gideão, que alegou, como motivo, que só Deus era o rei de Israel (Jz 8.23). Abimeleque não passou de uma deformada caricatura de rei (Jz 9).

                 

Nesta época também não encontramos profetas nem profetisas. Moisés e Josué são considerados grandes profetas, mas são de tipo diferente. Ele são, antes de tudo, as grande colunas da história dos filhos de Israel: Moisés esteve à frente da libertação do Egito; Josué comandou a ocupação  da terra prometida.

Samuel, o último juiz, pode ser considerado também o primeiro profeta, título que lhe é conferido pela própria Bíblia (1Sm 3.20; cf. 1Sm 9.11). Desde o início, já é apresentado numa moldura diferente, como se pode ver na narrativa de seu nascimento ((1Sm 1.20-28) e da sua vocação (1Sm 3). Liderou o povo por muitos anos. Quando envelheceu, o povo ficou preocupado com o processo sucessório, porque os dois filhos de Samuel eram corruptos, e, através dos anciãos, pediu um rei (1Sm 8.3-5). A veia profética de Samuel levou-o a resistir quanto pôde (1Sm 8.7-18). Acabou cedendo e a contragosto ungiu Saul, apontado por Deus como um juiz libertador contra os amonitas (1Sm 9.16-17).

Saul era um eficiente chefe militar. Percebeu que o exército popular de voluntários não tinha condições de enfrentar as treinadas e bem     equipadas tropas dos filisteus. Aceitou ser rei (1Sm 11.15) e decidiu manter tropas em quartéis e guarnições (1Sm 13.2), contrariando um dos princípios básicos do sistema tribal: não ter exército permanente (cf. Jz 7.1-8).

Quando Saul venceu os amalequitas, não obedeceu à regra das guerras tribais: a guerra santa (Js7). Em vez de fazer guerra de defesa, realizou uma campanha de conquista, buscando enriquecer através de saques e pilhagens. Samuel enfrentou o rei diante de todo o povo. Condenou sua atitude como traição à Aliança e não reconheceu mais sua autoridade de rei (cf. 1Sm 15.10-35). Nesse momento, tornou-se a voz da profecia.

Podemos dizer que profecia e monarquia nascem juntas e caminham lado a lado. Reis e profetas são figuras complementares, mas contrastantes. Quando sobrevier o domínio dos impérios estrangeiros, não haverá mais reis em Israel. Também não encontraremos mais profetas. Nessa época, o povo resgatará e organizará sua memória na Escritura. Serão chamados de profetas aqueles que, em defesa do povo e em nome do Deus da Aliança, se erguerem contra os reis no tempo da monarquia.

A história do povo de Israel, na época dos reis, é a história de um conflito. A origem desse conflito está no modelo de sociedade defendido, de um lado, pela política dos reis e, do outro lado, pelo movimento profético.

A política dos reis defendeu as cidades, o comércio, a especulação, a venda de terras, o culto centralizado em templos régios; uma política de impostos, taxas, favorecimento do negócios, exércitos fortes  e escravidão.

 

O movimento profético defendeu o povo, as aldeias, a roça a propriedade familiar da terra, os pequenos santuários, o culto familiar, o trabalho livre, em nome do Deus libertador, que ouve o clamor dos oprimidos.

Foi uma luta dura e difícil para os profetas e profetisas. Ocorreram perseguições e mortes. Tudo por fidelidade a Deus, que exige justiça, partilha e igualdade. A profecia luta pela PAZ: a presença de Deus no meio do povo fiel (Is 26.12). Só haveria paz se houvesse fidelidade à Aliança. A profecia surge como a consciência crítica do povo e sua luta se resume nisto: fidelidade à Aliança em busca da paz que vem do alto (Lv 26.3-13).