segunda-feira, 22 de junho de 2009

"ESTER: O PODER A SERVIÇO DA JUSTIÇA" - Parte 6

 

O oprimido não adora o opressor 3.1-6

 

Mardoqueu não recebeu nada em gratidão ao favor feito ao rei. Quem vai ser promovido é Amã, que recebe o mais alto cargo. Por ordem do rei, todos devem dobrar os joelhos diante de Amã, que funciona como uma espécie de primeiro ministro.

Mardoqueu, porém não, aceita ajoelhar-se diante de Amã. Não se trata de orgulho. O motivo é que Mardoqueu é um judeu e Amã um agagita, um amalequita. Um judeu não se ajoelha submisso diante de um amalequita, seu inimigo. Além do mais, o homem só deve adorar a Deus. Dessa forma Mardoqueu prova que está do lado de Javé, opondo-se aos inimigos de Javé e do seu povo.

Os outros funcionários, porém, estranham o fato de Mardoqueu não se ajoelhar diante de Amã e, sabendo que ele é judeu, denunciam o comportamento dele a Amã.

Amã fica furioso porque vê o seu poder ameaçado. Isso é insuportável para o poderoso, pois o coloca sob a ameaça de se ver completamente despotencializado. Ameaçado por Vasti, Assuero castigara todas as mulheres do império. Ameaçado por Mardoqueu, Amã quer destruir todos os judeus – genocídio total. Na verdade Amã age como verdadeiro amalequita. Outrora os amalequitas quiseram impedir o acesso de Israel à liberdade. Agora Amã quer destruir a vida do povo.

 

O que pretende o autor? Os persas sempre foram favoráveis para com os judeus. O fato, portanto, não é estritamente histórico. O que o autor quer é mostrar como o povo de  Javé não se dobra ao opressor que detém o poder dominante. É um povo que sempre resiste, pois tem fé que para concretizar o projeto de Deus, que proporciona liberdade e vida para todos.

Holf observa que  Amã apresenta um contraste marcante com Mardoqueu. Era o tipo do político que sobe ao poder empregando qualquer meio, seja bom ou mal, para estar na “primeira fila”. Era um homem ambicioso, arrogante, astuto, cruel e vingativo. Não importava nada o bem-estar de seu povo. Pensava somente em seus próprios interesses. Quando ficou sabendo que Mardoqueu negava-se a inclinar-se perante ele, encheu-se de ira. Quis vingar-se, mas considerava insuficiente, o castigo de simplesmente matar Mardoqueu por tal insulto à sua dignidade pessoal. Sabendo que Mardoqueu era  judeu, Amã tramou diabolicamente a destruição de todos os judeus do império persa. Mas era tão supersticioso como cruel, e lançou sortes para determinar qual era o dia mais propício para o massacre. O dia escolhido caiu quase um ano depois, dando, portanto tempo para que os judeus se preparassem, e dando a Amã tempo para que seu próprio orgulho precipitasse sua queda.

 

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