PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO
Esclarecendo dúvidas...
“Todo ato contra o Espírito Santo é pecado, uma vez que se trata de uma Pessoa divina”.
Introdução - O Espírito Santo é uma Pessoa Divina e, portanto, todo e qualquer ato dirigido contra Ele é um pecado, que se caracteriza por ser, justamente, um ato contrário à Divindade. Entre os pecados contra o Espírito Santo encontra relevância a “blasfêmia contra o Espírito Santo”, que é um pecado imperdoável, que está além dos limites da redenção do homem na pessoa bendita de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
A. CONCEITO DE PECADO
“Pecado” - “hamartia” (grego) - “errar o alvo”, “fracassar”, “… trata-se do fracasso em não atingir um padrão conhecido, mas antes, desviando-se do mesmo.…” (R. N.CHAMPLIN).
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l “Pecado” – falta (latim) - violação de uma norma, de uma regra estabelecida por Deus.
B. PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO.
B.1. Como Deus é único, todo e qualquer pecado cometido é um atentado contra Deus, em todas as
Suas três Pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo.
B.2. Pecados contra o Espírito Santo - pecado cometido por alguém que tenha em mente atingir a
Pessoa divina do Espírito Santo em especial
Resistência ao Espírito Santo At 7.51; 1Ts 2.15,16
a) o que é?
Recusa de submissão à vontade divina, rejeição de obediência à Palavra de Deus, luta
contra Deus.
1.1. É encontrado no sermão inspirado de Estevão, o primeiro mártir da Igreja. Em At 7.51, em meio àquela multidão enfurecida de judeus que o haviam levado ao Sinédrio, Estevão acusa os israelitas de cometerem o pecado de resistência contra o Espírito Santo: “Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo, assim vós sois como vossos pais.” Estamos, portanto, neste caso, diante de um pecado contra o Espírito Santo, cujo alvo é a própria terceira Pessoa divina.
1.2. Pelo que podemos verificar a resistência ao Espírito Santo caracteriza-se por ser uma recusa de submissão à vontade divina, uma rejeição de obediência à Palavra de Deus. Conforme nos dá conta Estevão, o povo de Israel cometera este pecado e, por isso, havia rejeitado a Jesus, o seu Messias, porque haviam se recusado a ouvir a Palavra de Deus, a obedecer aos mandamentos divinos, tornando-se “incircuncisos de coração e de ouvido”, “homens de dura cerviz”.
b) Sinais de seu cometimento: dureza de cerviz, obstinação, insensibilidade espiritual, busca
de falsos doutores que justifiquem as suas concupiscências.
c) o sentido do texto bíblico
O verbo resistir usado por Estevão, no original, vai alem de uma mera
resistência . Significa lutar contra; lutar com agonia, cair em cima.
d) É perdoável, desde que haja cessação da obstinação e arrependimento sincero (2Cr
33.1-20; Sl 51.17).
2.Agravo ao Espírito Santo (Espírito da Graça) Hb 10.29
2.1.Segundo o escritor aos hebreus, o “agravo ao Espírito da graça” seria a quebra da lei de
Cristo. Com efeito, o escritor, no contexto de onde saiu este versículo, está a afirmar que
quem quebrava a lei de Moisés tinha como expectativa a morte sem misericórdia (Hb 10.28),
bastando, para tanto, que duas ou três testemunhas depusessem contra ela (Dt 17:1-7),
como ficou bem retratado no episódio da mulher adúltera no ministério terreno de Jesus
(Jo 8.1-11).
2.2 Ora, se a quebra da lei de Moisés representava a morte sem misericórdia, como podemos
esperar que alguém possa se livrar da deliberada quebra da lei de Cristo, sendo Jesus
superior a Moisés em todos os sentidos, como mostra, durante toda a sua carta, o autor da
epístola aos hebreus? O agravo ao Espírito da graça, portanto, seria a deliberada quebra dos
mandamentos de Cristo, por parte de alguém que tivesse sido alvo da graça salvadora do
Senhor, tanto que santificado pelo sangue de Cristo. “Agravar o Espírito da graça” é,
portanto, de modo voluntário, pecar contra Deus, não atentar para a santificação operada
pelo sangue de Cristo, ou seja, tornar profano, tornar mundano, tornar pecaminoso aquilo
que Deus, pelo sangue de Jesus, purificou, separou do pecado.
2.3. Agravar, como aqui é empregado é afrontar, ultrajar, debochar, zombar, injuriar, insultar
com desdém.
3. Entristecer o Espírito Santo Ef 4.30,31
3.1 Como se nota, de pronto, no texto bíblico, estamos diante não propriamente de um pecado
contra o Espírito Santo, mas de um pecado que, embora não dirigido diretamente contra o
Espírito Santo atinge-O, pois, ao se viver ainda em pecado, ainda que inadvertidamente, o
crente não se mantém em santidade, mistura-se com o pecado e a conseqüência disto é que o
Espírito Santo Se entristece, afastando-Se do crente. Não é por outro motivo, aliás, que Davi,
ao perceber o seu pecado, nota que o Espírito Santo dele Se afastou, o que o faz implorar pela
Sua volta (Sl 51.11).
a) Tristeza do Espírito Santo
1. O Espírito Santo, como Seu próprio nome diz, é Santo, ou seja, não compactua, admite ou tolera o pecado e, quando pecamos, Ele Se afasta de nós, uma vez que não pode conviver com o pecado. O pecado faz divisão entre nós e Deus (Is 59.2) e, por isso, quando pecamos, ainda que involuntariamente, não mais temos a companhia do Espírito Santo, que, entristecido, atingido pelo nosso pecado, ainda que não O tenhamos elegido como alvo de nossa falta afasta-Se de nós.
b) O que pode entristecer o Espírito Santo
1) Toda conversação maligna e corrupta, que estimule os desejos pecaminosos e
a luxúria, contrista o Espírito Santo. Descuido que leva o crente a se misturar com o
pecado e com o mundo, gerando o afastamento do Espírito Santo do seu ser.
2) O Espírito Santo também é entristecido quando, desprezando a vontade de
Deus preferimos seguir nossos desejos e ambições.
3) O entristecimento do Espírito Santo, portanto, não é propriamente um pecado contra
o Espírito Santo, mas uma conseqüência do pecado que venhamos a cometer no
nosso relacionamento com Ele. Eis, aliás, uma demonstração de que qualquer
pecado ofende a todas as três Pessoas divinas, independentemente de elas terem
sido o alvo premeditado do pecador.
4) Sinais de seu cometimento: envolvimento com as coisas mundanas, perda de
santidade.
5) É perdoável, desde que se peça perdão ao Pai, pela intercessão do Filho (I Jo2.1,2)
4. Mentir ao Espírito Santo At 5.3
4.1 Notamos, aqui, que, ao contrário do que ocorrera na primeira menção, em que tínhamos um pecado não dirigido ao Espírito Santo, mas que O atingiu, e diferentemente do segundo caso, em que, apesar de um pecado dirigido contra o Espírito Santo, havia uma luta contra a vontade dEle, no presente caso, temos uma deliberada ação de desprezo e de irreverência em relação ao Espírito Santo.
a) O sentido da palavra mentira em Atos 5.3
o termo aqui é como se contar uma falsidade como verdade.
1) deliberada e voluntária demonstração de indiferença, de destemor em relação ao Espírito
Santo.
2) Sinais de seu cometimento: ausência de reverência e de temor a Deus e a tudo que diga
respeito a Ele, em especial à Igreja, coração cheio de Satanás e vazio de Deus.
b) As implicações de se mentir ao Espírito Santo At 5.3,4
Quem mente ao Espírito Santo menospreza sua deidade; Ele é Deus.
1. A mentira contra o Espírito Santo apresenta-se, portanto, como um estágio de completa indiferença diante dEle e do que Ele representa. É um estágio em que a pessoa se encontra totalmente iludida pelo adversário de nossas almas, tendo seus corações cheios de pecado e de mentira. É interessante observar que, quando a Bíblia nos fala a respeito de Judas Iscariotes, diz que o diabo havia entrado em seu coração (Lc 22.3) e, em outra passagem, que havia posto no coração o desejo da traição (Jo 13.2), mas, com relação a Ananias e a Safira, é dito que o coração deles foi cheio por Satanás, a demonstrar, portanto, como era funesta a situação espiritual daquele casal, bem pior que a do próprio traidor do Senhor.
2. A mentira contra o Espírito Santo apresenta-se, portanto, como uma circunstância mais grave, onde há uma indiferença com relação à própria atuação do Espírito Santo. Assim, em virtude de uma seguida e permanente resistência ao Espírito Santo, chega-se a este nível de insensibilidade espiritual, em que o coração, antes endurecido e incircunciso, agora passa a ser cheio de Satanás, cheio de mentira, tanto que não se titubeia sequer em mentir deliberadamente e de forma aberta e pública contra o Espírito Santo, no meio do próprio povo de Deus
3. É perdoável, mas exige retratação expressa e explícita do pecador. (At 5. 8)
5. Extinguir o Espírito Santo 1 Ts 5.19
a) O que é extinguir o Espírito (é o mesmo que apagar aos poucos uma chama, um fogo que está
a arder)
A palavra “extinguir” aqui é o verbo grego “sbennuni”, “… que significa ‘extinguir’, ‘apagar’, e que figuradamente significa ‘suprimir’. Era verbo usado para dar a idéia de ‘apagar fogo’, ou ‘ressecar coisas molhadas’, para se tornarem secas. Também transmitia a idéia de tornar ‘inativas’ muitas coisas.…” (CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, com. 1 Ts 5.19, v.5, p.219).
b) O perigo de se extinguir o Espírito Ap 3.14-22
“Extinguir o Espírito”, portanto, é deixar de dar liberdade ao Espírito Santo para que Ele haja na vida de cada um de nós, bem assim nas reuniões do povo de Deus. “Extinguir o Espírito” é iniciar uma progressiva e crescente limitação da atuação do Espírito Santo, não Lhe dando a necessária liberdade para que faça a Sua obra. Não podemos nos esquecer de que o Espírito Santo, como é Deus, respeita o livre-arbítrio do homem e, por isso, não invade a vontade dos Seus servos, tornando-os instrumentos oprimidos para agir. Ao contrário do adversário e de seus agentes, que escravizam os seus instrumentos (que o diga os “cavalos” e demais “guias” de espíritos malignos, comuns nas manifestações espíritas), o Espírito Santo age quando há o consentimento do ser humano (Ap 3.20).
6. Blasfemar contra o Espírito Santo
1. O que é blasfemar contra o Espírito Santo
A sexta referência bíblica relacionada com o pecado contra o Espírito Santo também se refere ao “pecado imperdoável”, desta feita denominado de “blasfêmia contra o Espírito Santo”, expressão utilizada pelo próprio Senhor Jesus quando acusado pelos fariseus de expulsar demônios por Satanás (Mt 12.22-33; Mc 3.20-30; Lc 12.10). Aqui também, estamos a falar de um pecado tão grave que o próprio Senhor afirma que para Ele não há perdão. É a atribuição deliberada de uma operação do Espírito Santo ao adversário, é a manifestação de uma rebeldia contumaz, de uma rejeição deliberada à ação do Espírito Santo, uma recusa tal que leva a pessoa a atribuir ao próprio diabo àquilo que é feito por Deus.
2. A blasfêmia contra o Espírito Santo é imperdoável
Estas referências (Hb 10.28,29; Mt 12.22-33; Mc 3.20-30; Lc 12.10) bíblicas se referem ao “pecado imperdoável”, ao que comumente se denomina de “pecado contra o Espírito Santo”, no seu sentido menor, ou seja, de uma rejeição deliberada, consciente e voluntária contra o Espírito Santo, um ataque frontal de rebeldia contra esta Pessoa divina, pecado que não comporta perdão, como nos dá conta o próprio Senhor Jesus. Dada a gravidade deste pecado e a sua própria peculiaridade, sobre ele nos debruçaremos separadamente, na parte final deste estudo.
a) Ela é conseqüência de:
1) Rebelar-se e resistir ao Espírito Is 63.10; At 7.51
2) Abafar e apagar o fogo interior do Espírito 1Ts 5.19; Gn 6.3; Dt 29.18-21; 1Ts 4.4
3) Endurecimento total do coração, cauterização da consciência e cegueira total. 2Tm 3.8
b) A blasfêmia contra o Espírito do Senhor é imperdoável -
1) uma atitude deliberada e voluntária demonstração de rebeldia contra o Espírito Santo,
consciente afronta contra o Espírito Santo, seja atribuindo Suas obras ao inimigo, seja
negando a verdade do Evangelho.
2) É imperdoável (Mt 12.31; Mc 3.29; Lc 12.10; Hb 6.4-6; 1 Jo 5.16b)
3) O “pecado imperdoável” não é um pecado de fácil cometimento, exige um longo e tenebroso
caminho para se consumar e produzir o seu nefasto e irreversível efeito.
4) O caminho para o “pecado imperdoável”: estagnação – desvio – apostasia - Apostasia - uma
atitude de mudança de comportamento, de afastamento de valores supremos, de crenças
fundamentais que uma pessoa possuía e que a fazia viver numa determinada comunidade. É
o “agravo contra o Espírito da graça” de que trata Hb.10.29.
c) Características deste pecado imperdoável
1) ser voluntário ou deliberado (Hb 10.26)
2) ser seu agente uma pessoa que conhece a verdade (Hb 6.4)
3) ser seu agente uma pessoa que chegou a ter certa estatura (Hb 6.4)
4) ser seu agente uma pessoa que, embora tenha conhecimento de Deus, decide se
tornar um adversário de Deus(Hb 10.27, "in fine")
5) não resta mais sacrifícios para ele (Hb6.6; 9.22b).
6) faz surgir uma expectação horrível de juízo divino (Hb.10:27,31)
7) o fogo é consumidor, destruidor, é um fogo que reduzirá a nada (Mt3.12, Lc3.9)
8) o juízo é bem mais severo que o da lei mosaica – a morte eterna. (Hb 10.28,29;
1 Jo 5.16 “in fine”)
9) o arrependimento é impossível (Hb 6.4-6)
Sinais de seu cometimento: cauterização completa da consciência, inexistência de qualquer sentimento de arrependimento, ausência completa da própria noção de que está a profanar a obra salvadora de Cristo.
CONCLUSAO
O “pecado imperdoável” não é um pecado de fácil cometimento, exige um longo e tenebroso caminho para se consumar e produzir o seu nefasto e irreversível efeito.
Quem pensa ter cometido este pecado, só por assim pensar é prova de que não o cometeu.
Cuidemos, pois, para que, em hipótese alguma, sejamos enganados pelo nosso inimigo ao ponto de transpormos os amplíssimos e largos domínios do amor divino em relação ao homem e, de forma trágica, acabemos por cometer o pecado imperdoável, não tendo, a partir de então, qualquer esperança de morarmos eternamente com o Senhor.