O que a mente não pode fazer. Há algumas condições que apenas a "fé" não pode curar. O poder do pensamento positivo não pode evitar a morte, ressuscitar os mortos, dar visão a um corpo sem olhos, criar membros amputados ou curar tetraplégicos. O Dr. Nolen observa que nenhuma lesão paralisadora da medula espinhal jamais foi e nunca será curada por meio da fé. (Nolen, p. 286). Joni Earickson Tada sofreu tal lesão num acidente de natação e ficou tetraplégica. Apesar das orações fervorosas e de toda a sua fé, ela permanece sem ser curada por toda a fé que pôde exercitar. Joni conclui:
Deus certamente pode curar, e ás vezes cura, pessoas de forma milagrosa hoje em dia. Mas a Bíblia não ensina que sempre curará que chegam a ele com fé. Ele se reserva soberanamente o direito de curar ou não curar como lhe convém.
Intervenção sobrenatural. A sra. Tada reconhece que, se Deus curasse sua medula, um tipo diferente de cura teria acontecido, um tipo que suspende os processos naturais. Os milagres, ao contrário de curas naturais, são a maneira pela qual Deus age em ocasiões especiais. A forma pela qual Deus geralmente cura é lenta. Mas num milagre ele age de imediato. Quando Jesus curou o leproso, a cura foi instantânea – não o resultado de auto- rejuvenescimento da pele (Mc 1.42).
Muitos dos milagres de Jesus envolveram a aceleração de um processo natural. O fazendeiro coloca o grão no solo e ele se multiplica lentamente em mais grãos até a colheita. Mas Jesus pegou o pão (grão) e o multiplicou imediatamente para alimentar os cinco mil (Jo 6.10-12). Referindo-nos aos "milagres" do nascimento ou da vida. Deus é quem causa ambos. Mas a questão se torna confusa quando falamos sobre eventos naturais, graduais e repetidos como "milagres". São apenas a maneira pela qual Deus trabalha reguladamente. São maravilhosos, mas não milagroso.
O verdadeiro milagre não é uma atividade natural, mas a ação sobrenatural direta. É por isso que uma das palavras bíblicas para milagre é "maravilha". Ela atrai nossa atenção. Uma sarça ardente não é anormal, mas, quando queima sem ser consumida e a voz de Deus fala dela, esse não é um evento natural (Ex 3.1-14).
Do ponto de vista apologético, como distinguir a cura normal da cura milagrosa? Como distinguir a cura psicológica da sobrenatural? Apenas a segunda tem valor apologético.
A fé é o ingrediente essencial da cura psicossomática, mas não da cura sobrenatural, apesar de acompanhá-la. Uma pessoa pode ser curada mesmo que não acredite que a cura é possível. Nos Evangelhos 35 milagres de Jesus são registrados. Dentre esses, a fé do agraciado só é mencionada em dez: 1) o coxo (Jo 5.1-9); 2) leproso (Mt 8.2-4); 3) a mão seca (Mt 9.2-8); 4) o cego de nascença (Jo 9.1-7); 5) o cego Bartimeu (Mt 20.29-34); 6) a mulher com hemorragia (Mt 9.20-22; Mc 5.24-34;Lc 8.43-48; 7) os dez leprosos (Lc 17.11-19); 8) Pedro andando na água (Mt 14.24-33); 9) a primeira pescaria milagrosa (Lc 5.1-11); 10) a segunda pescaria milagrosa (Jo 21.1-11).
Na maioria desses casos a fé não foi exigida explicitamente como pré-condição. Nos poucos casos em que a fé foi exigida, provavelmente foi a fé em Cristo como Messias que foi necessária, não simplesmente a fé que a pessoa poderia ser curada. Portanto, mesmo nesses casos não foi necessário ter fé para ser curado.
Em pelo menos 18 dos milagres de Jesus, a fé não está presente explícita ou implicitamente.
Em alguns casos a fé é resultado do milagre, não sua condição. Quando Jesus transformou a água em vinho, "manifestou a Sua glória, e os Seus discípulos creram Nele" (Jo2.11). Os discípulos de Jesus não acreditaram que Ele poderia alimentar os 5000 pela multiplicação dos pães e peixes (Lc 9.13,14; cf. Mt 14.17). Mesmo depois que viram Jesus alimentar 5 mil, não acreditaram que poderia fazê-lo de novo para 4 mil(Mt 15.33). No caso do paralítico, Jesus o curou quando viu a fé dos quatro que o carregaram até Jesus, não a fé do próprio homem (Mc 2.5).
Em sete milagres Jesus não podia ter exigido fé. Certamente isso é verdade com relação aos três que ressuscitou dos mortos. Mesmo assim Jesus ressuscitou Lázaro (Jo11), o filho viúva (Lc 7) e a filha de Jairo( Mt 9). O mesmo é verdadeiro com relação à figueira amaldiçoada (Mt 21), ao milagre da moeda no peixe (Mt 17.24-27), às duas vezes que Jesus multiplicou os pães (Mt 14.15) e quando acalmou o mar (Mt 8.18-27).
Também não pode ser provado que a fé dos discípulos foi necessária. Na maioria dos casos os discípulos careciam de fé. No milagre da ressurreição de Lázaro, Jesus orou para que as pessoas presentes acreditassem que Deus o enviara (Jo 11.42). Logo antes de Jesus repreender as ondas, disse aos discípulos: "Onde está a sua fé?"Lc 8.25). Depois de ter acalmado as águas, perguntou: "Ainda não têm fé?" (Mc 4.40)
Às vezes Jesus fazia milagres apesar da descrença. Os discípulos careciam de fé para expulsar o demônio do menino ( (Mt 17.14-21). Até a passagem mais usada para mostrar que a fé é necessária para a operação de milagres prova exatamente o oposto. Mateus 13.58 nos diz: "E não realizou muitos milagres ali, por causa da incredulidade deles". No entanto, apesar da incredulidade presente, Jesus"imp[ôs] as mãos sobre alguns doentes e cur[ou-s]" (Mc 6.5).
Como distinguir curas. Há uma distinção clara entre a cura sobrenatural e psicologia. A cura realmente milagrosa diferencia-se mental por várias características. Apenas religiões que manifestam essas características podem usá-las como confirmação de reivindicações de fé.
Milagres não exigem fé. Deus esta no controle soberano do universo e pode realizar, e realiza, milagres com ou sem nossa fé. Dons milagrosos são distribuídos aos crentes do Novo Testamento "como quer" (1 Co 12.11). Como foi demonstrado, Jesus fez milagres mesmo onde havia incredulidade.
Já as curas psicológicas exigem fé. Quem sofre de doenças psicossomáticas deve crer em Deus, ou no médico, ou num evangelista. Sua fé possibilita a cura. Mas não há nada sobrenatural nesse tipo de cura. Ela acontece com budistas, hindus, católicos romanos, protestantes e até ateus. Curandeiros que alegam possuir poderes sobrenaturais podem fazê-lo. E psicólogos e psiquiatras também.
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