A desobediência e o conseqüente fracasso de Saul (1Sm 15.1-35)
O sucesso inicial do primeiro rei de Israel não obscureceu suas fraquezas pessoais. Sua ascensão foi gradual; assim também seu declínio. A ousadia e atrevimento de Saul tornaram-no poderoso na batalha, O que o tornou perigosamente imprevisível no trato com seu povo, em especial com líderes religiosos e conservadores como Samuel. O rei de Israel ocupava uma posição singular entre os dirigentes contemporâneos, tendo a responsabilidade de reconhecer pessoalmente o profeta, que era o representante de Deus. Quanto a esse particular , Saul falhou duas vezes. Primeiro, Saul esperou sete dias em Gilgal a chegada de Samuel, para que este supervisionasse o sacrifício com que os israelitas se preparariam para combater os irados filisteus (13.8ss). Impacientemente, Saul teve o atrevimento de usurpar os direitos sacerdotais de Samuel, sacrificando ele mesmo os animais. A insensibilidade de Saul diante dos limites de seu ofício deram claros sinais a Samuel de que sua primeira experiência na monarquia estava fadada ao fracasso. Em sua vitória sobre os amalequitas ele cedeu ante à pressão do povo, ao invés de pôr em execução as instruções de Samuel. Saul não deu ouvidos à ordem de exterminar todos os amalequitas, seu gado e seus bens, a suspeita de Samuel ficou confirmada (1Sm 15.1-3). Como Acã (Js 7.1ss), Saul não levara a sério a guerra santa. Não era uma simples pilhagem para recompor suprimentos esgotados ou capturar homens para trabalho escravo. Devia ser uma vingança em nome de Deus. O pouco caso de Saul para com a ordem divina foi considerado rebelião por Samuel. O profeta inflexível permaneceu resoluto apesar dos apelo de Saul (v.24-31). A lição tinha de ficar clara, por maior que fosse o preço: para o rei ou para o plebeu, a obediência era melhor que o sacrifício (v.22). Com essa escaldante reprimenda Samuel deixou o rei Saul entregue aos seus próprios recursos. Por causa da desobediência, Saul perdeu seu reinado.
Davi, de Pastor a Rei Eleito – Que guerreiro!!!
O nome Davi significa "amado de Javé". A escolha indica um padrão bíblico conhecido: irmãos mais jovens são escolhidos em detrimento dos mais velhos. Isaque em vez de Ismael, Jacó em vez de Esaú, José em vez dos outros dez. Esse padrão destaca esses eventos como pontos chaves no programa redentor de Deus. As escolhas são baseadas não nas leis de autoridade ou herança, mas no poder e na vontade soberana de Deus. Por conseguinte, as realizações extraordinárias dessas pessoas não são delas mesmas. Deus é a fonte.
A unção de Davi, por Samuel, em cerimônia particular, era algo que Saul desconhecia. [Devido a ter posto fim a Golias,] saiu do curral das ovelhas para o centro de atenções da nação e manchete dos "jornais". Quando foi enviado por seu pai a fim de levar suprimentos a seus irmãos, que serviam no exército israelita, acampado defronte dos filisteus, Davi ouviu as ameaças blasfemas de Golias. Davi raciocinou que Deus, que o ajudara a matar ursos leões, também lhe daria capacidade para matar aquele inimigo que desafiava os exércitos de Israel. [Quando os filisteus perceberam que Golias, o gigante de Gate, fora morto], fugiram de diante de Israel. O reconhecimento nacional conferido ao heróico Davi foi subseqüentemente expresso na declaração popular: " Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares".
O preferido da corte??? (16.1-20.42)
Depois de ungido Davi, o poder carismático retirou-se de Saul (16.13). em lugar do Espírito do senhor, um espírito maligno veio a ele. O fato de se dizer que esse espírito vinha do Senhor dá a entender que sua vinda fazia julgamento de Saul e que para os israelitas toda realidade estava sob controle divino.
Ao que parece, Saul passou a sofrer crises agudas de depressão que só podiam ser aliviadas pela música. É essa situação curiosa que fez cruzar os caminho de Saul e Davi (v.18,23). Um servo de Saul fornece uma descrição dos vários talentos do futuro rei com as mesmas qualidades contidas na narrativa: "... sabe tocar e é forte e valente, homem de guerra, sisudo em palavras e de boa aparência; e o Senhor é com ele".
Quando a popularidade de Davi começou a suplantar a de Saul, o rei tornou-se ciumento e desconfiado e procurava matá-lo (v.6-11). Por numerosos e sutis esquemas Saul procurou remover esse jovem herói nacional. Exposto aos arremessos de lança de Saul ou aos perigos da batalha, Davi conseguiu escapar com êxito a toda manobra que visava à sua ruína. Mesmo quando Saul pessoalmente se dirigiu a Naiote, onde Davi se refugiara em companhia de Samuel, ele foi influenciado pelo espírito dos profetas de modo tal que não foi capaz de prejudicar ou de deter Davi.
Davi tornou-se membro da corte real de Saul, afinal estar ligado a ela, mostrou ser vantajoso quanto a diversos aspectos. Ele se distinguiu nos feitos militares ao comandar unidades do exército israelita em ataques bem sucedidos contra os filisteus. Em seu relacionamento pessoal com Jônatas ele participou de uma das mais nobres amizades de que há notícia nos tempos do Antigo Testamento. Mediante sua íntima associação com o filho do rei.
Davi foi capacitado a aquilatar os pusilânimes desígnios de Saul com maiores minúcias, garantindo-se assim contra perigos desnecessários. Quando Davi e Jônatas se aperceberam de que chegara o tempo de Davi fugir, selaram então sua amizade com um pacto (1Sm 20.11-23). Mais de uma vez, somente Jônatas postou-se entre Deus e a morte (19.1ss;20.1ss;20.30ss).
Os dois haviam firmado um pacto de amizade, selado por um ritual de aliança. Assim como Abraão deu animais a Abimeleque (Gn 21.27s) como penhor de sua fidelidade, Jônatas deu sua capa e sua armadura a Davi. Mais do que uni-los como iguais, isso indica que Jônatas reconhecia o fato de que Davi tinha direito ao trono. A sinceridade desse relacionamento manifesta-se na freqüência com que é mencionado (1Sm 18.3;20.16,42;23.18).
O voto solene de Jônatas - "faça-se com Jônatas o Senhor o que a este aprouver" (20.13;vj o voto de Davi em 25.22) – é um duro lembre-te de que a morte seria o julgamento que sobreviria a quem desrespeitasse tal aliança. Votos assim talvez fossem acompanhados de algum gesto, como fingir cortar a própria garganta.
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