sexta-feira, 23 de outubro de 2009

João Calvino – O Argumento Moral – Soteriologia e Eclesiologia – Apologética Clássica

 

Apologética Clássica – Calvino e as Institutas

 

João Calvino. Nasceu em Nyon, Picardy, França (1509-1564), mas tornou-se o reformador,de Genebra, Suíça. Erudito humanista em paris quando foi atraído para os princípios da Reforma, Calvino baseou grande parte do seu pensamento teológico nas obras de Agostinho. Além da sua sistematização da teologia Institutas da religião cristã, o reformador João Calvino foi um exegeta protestante pioneiro da Bíblia.

Os comentários de Calvino sobre as Escrituras Sagradas ainda são muito usados. Por meio da Academia de Genebra, Calvino e seus colegas também foram pioneiros no treinamento evangelísticos, na erudição protestante e numa ética abrangente da vida cristã.

A apologética de João Calvino. Os seguidores de João Calvino não estão unidos na interpretação da sua abordagem apologética. Entre eles estão apologistas clássicos e pressuposicionistas.

Os pressuposicionistas, com raízes em Herman Dooyerweerd, são liderados por Cornelius Van Til e seguidores seus como Greg Bahnsen e John Frame. Os apologistas clássicos seguem a opinião de B. B. Warfield sobre Calvino e são representados por Kenneth kantzer, John Gerstner e R. C. Sproul. Calvino se identificaria com os apologistas clássicos.

As raízes de Calvino na apologética clássica. Ao contrário da visão pressuposicional, a visão de Calvino sobre o uso da razão humana na proclamação do evangelho não era muito diferente dos grandes pensadores anteriores. Como Agostinho e Tomás de Aquino, Calvino acreditava que a revelação geral de Deus é manifesta na natureza e estabelecida nos corações de todos os homens.

O senso inato de divindade. "Consideramos indiscutível o fato de existir na mente humana, e na verdade por instinto natural, algum sendo de divindade", disse Calvino em Institutas da Religião Cristã, 1.3.1.Ele argumentou que "não há nação tão bárbara, nenhuma raça tão brutal, que não esteja imbuída com a convicção que há um Deus"(Ibid.) Esse " senso de divindade está gravado tão naturalmente no coração humano, na verdade, que até os réprobos são forçados a reconhecê-lo".

A existência de Deus e a imortalidade da alma. Na primeira parte das Institutas, Calvino considera" a essência invisível e incompreensível de Deus que, até certo ponto, é feita visível nas suas obras" e as "provas da imortalidade da alma". Pois em cada uma das Suas (de Deus) obras sua glória está gravada em letras tão brilhantes, tão distintas e tão ilustres, que ninguém, por mais simples e iletrado, pode alegar ignorância como desculpa".

Calvino não elaborou isso formalmente, como fez Aquino, mas provavelmente teria aceito o argumento teleológico, o argumento cosmológico, e até o argumento moral. Os dois primeiros podem ser vistos na sua ênfase em criação e causalidade e o último na sua crença numa lei moral natural. Ao comentar Romanos 1.20,21, Calvino conclui que Paulo....claramente afirma, aqui que Deus pôs o conhecimento de si mesmo nas mentes de todos os homens. Em outras palavras, Deus tem assim demonstrando sua existência por meio de más obras a fim de levar os homens a verem o que não buscam conhecer de sua livre vontade, ou seja, que existe Deus.

Lei Natural. Para Calvino esse conhecimento inato de Deus inclui o conhecimento da sua lei justa. Ele argumentou que, já que "os gentios têm justiça da lei gravada naturalmente nas suas mentes, certamente não podemos dizer que são completamente cegos à lei da vida" (Institutas, 1.2.22). Ele chama essa consciência moral de "lei natural", que é "suficiente para sua condenação justa", mas não para salvação. Com isso a lei natural "o julgamento da consciência" é capaz de distinguir entre o justo e o injusto.

A natureza justa de Deus "está gravada em letras tão brilhantes, tão distintas e tão ilustres que ninguém, por mais simples e iletrado, pode alegar ignorância como desculpa".

A lei natural não sé é clara, mas também é específica. Estão "gravados nos seus corações uma discriminação e um julgamento, pelos quais distinguem a justiça da injustiça, honestidade da desonestidade". Segundo Calvino, até povos sem o conhecimento da Palavra de Deus "provam seu conhecimento [...] de que adultério, roubo e assassinato são males, e que a honestidade deve ser almejada". Deus deixou provas de si mesmo para todos os povos tanto na criação quanto na consciência.

Já que uma lei moral natural implica um Legislador Moral, Calvino teria concordado com o que mais tarde tornou-se conhecido como o Argumento Moral da Existência de Deus. Na verdade, sua aceitação da lei natural o coloca no centro da tradição da apologética clássica de Agostinho, Anselmo e Aquino.

A evidência da inspiração das Escrituras Calvino falou várias vezes sobre as "provas" da inspiração da Bíblia. Elas incluem a unidade das Escrituras, sua majestade, suas profecias e sua confirmação milagrosa.

Calvino escreveu: Veremos [...] que o volume das Escrituras Sagradas ultrapassa em muito todas as outras obras. Além disso, se as observarmos com olhos transparentes e julgamento imparcial, elas se apresentarão imediatamente com uma majestade divina que submeterá nossa oposição presunçosa e nos forçará a prestar-lhe homenagem.

À luz da evidência, até incrédulos "serão convencidos a confessar que as Escrituras exibem evidência clara de se inspirada por Deus, e conseqüentemente, de conter sua doutrina celestial".

Os efeitos deletérios da depravação. Calvino foi rápido em demonstrar que a depravação obscurece essa revelação natural de Deus. Calvino escreve: A idéia de que a natureza [de Deus] não é clara a não ser que o reconheça por origem e o fundamento de toda bondade. Disso surgiram a confiança nele e um desejo de apegar-se a ele, se não fosse a depravação da mente humana que a afastou do caminho certo da investigação.

O papel do Espírito Santo. Calvino acreditava que a certeza completa de Deus e a verdade das Escrituras vêm apenas pelo Espírito Santo. Escreveu: Nossa fé na doutrina não está estabelecida até que tenhamos uma convicção perfeita de que Deus é seu autor. Então, a maior prova das Escrituras é uniformemente obtida a partir do caráter do dono da palavra [...] Nossa convicção da verdade das Escrituras deve ser derivada da fonte mais elevada que conjeturas, julgamentos ou raciocínios humanos; a saber, o testemunho secreto Espírito.

É importante lembrar, no entanto, como indica R. C. Sproul, que "o testimonium não é colocado acima da razão como forma de subjetivismo místico. Mas vai além e transcende a razão". Palavras do próprio Calvino: Mas respondo que o testemunho do Espírito é superior à razão. Pois só Deus pode testemunhar adequadamente sobre Suas palavras, de modo que essas palavras não conquistam mérito total nos corações dos homens até que estejam seladas pelo testemunho interior do Espírito.

Agindo por meio da evidência objetiva, Deus dá certeza subjetiva de que a Bíblia é a Palavra de Deus.

Conclusão. Apesar de João Calvino, por causa de seu lugar na história, se preocupar primariamente com os debates sobre autoridade, soteriologia e eclesiologia, no entanto o esboço da sua abordagem à apologética parece claro. Ele se encaixa na categoria geral da apologética de Deus estão disponíveis à mente não- regenerada e pela sua ênfase na revelação geral e na lei natural.

Fontes: J. Calvino, comentário sobre as Epístolas de Paulo ao Romanos e Tessalonicenses _ Institutas da religião cristã.; K. kantzer, John Calvin´s Theory of the Knowledge of Gog and the Word of God.; R.C. Sproul, the Internal testimony of the Holy Spirit em N. L. Geisler, org., Inerrancy.; B.B> Warfield, Calvin and Calvinism.

 

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