sexta-feira, 3 de julho de 2009

“Há abusos em nome de Deus” Parte 1

Após leitura no exemplar de nº 580, páginas 69 e 70 de 29.06.2009, e, pela consistência cabal da matéria publicada, resolvi fazer este post,na íntegra(com pequenos comentários do editor deste blog)  haja vista a relevância do assunto, não somente para o público evangélico, mas para todas as esferas da sociedade, quiçá, a humanidade.

Jornalista relata os danos do assédio espiritual cometido por líderes evangélicos

Kátia Mello

“A igreja evangélica está doente e precisa de uma reforma. Os pastores se tornaram intermediários entre Deus e os homens e cometem abusos emocionais apoiados em textos bíblicos. Essas são algumas das afirmações polêmicas da jornalista Marília de Camargo César em seu livro de estreia, Feridos em nome de Deus (editora Mundo Cristão), que será lançado no dia 30. Marília é evangélica e resolveu escrever depois de testemunhar algumas experiências religiosas com amigos de sua antiga congregação”.

ENTREVISTA - MARÍLIA DE CAMARGO CÉSAR

QUEM É

Marília de Camargo César, 44 anos, jornalista, casada, duas filhas

O QUE FEZ

Editora assistente do jornal O Valor, formada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero

O QUE PUBLICOU

Seu livro de estreia é Feridos em nome de Deus (editora Mundo Cristão).

 A ENTREVISTA

 

ÉPOCA – Por que você resolveu abordar esse tema?

Marília de Camargo César – Eu parti de uma experiência pessoal, de uma igreja que frequentei durante dez anos. Eu não fui ferida por nenhum pastor, e esse livro não é nenhuma tentativa de um ato heroico, de denúncia. É um alerta, porque eu vi o estado em que ficaram meus amigos que conviviam com certa liderança. Isso me incomodou muito e eu queria entender o que tinha dado errado. Não quero que haja generalizações, porque há bons pastores e boas igrejas. Mas as pessoas que se envolvem em experiências de abusos religiosos ficam marcadas profundamente.

 

Editor do Blog – É preciso considerar, no primeiro momento, a experiência pessoal da Editora assistente do jornal O Valor, até porque, há no tom da sua inicial o esclarecimento primário de que não se trata de uma tentativa de denúncia. Também consideremos o respeito demonstrado pela entrevistada quando faz uso da expressão “meus amigos”; isso traduz o carinho com que tratou cada caso.  Mesmo não querendo que haja generalizações, muito provavelmente, o impacto que a matéria publicada causará, será de “generalizações”, mesmo com a ressalva de que “há bons pastores e boas igrejas”, pois a psicologia diz que as pessoas estão sempre prontas a acreditar no pior com respeito aos outros.

ÉPOCA – O que você considera abuso religioso?

Marília – Meu livro é sobre abusos emocionais que acontecem na esteira do crescimento acelerado da população de evangélicos no Brasil. É a intromissão radical do pastor na vida das pessoas. Um exemplo: uma missionária que apanha do marido sistematicamente e vai parar no hospital. Quando ela procura um pastor para se aconselhar, ele diz: “Minha filha, você deve estar fazendo alguma coisa errada, é por isso que o teu marido está se sentindo diminuído e por isso ele está te batendo. Você tem de se submeter a ele, porque biblicamente a mulher tem de se submeter ao cabeça da casa”. Então, essa mulher pede um conselho e o pastor acaba pisando mais nela ainda. E usa a Bíblia para isso. Esse é um tipo de abuso que não está apenas na igreja pentecostal ou neopentecostal, como dizem. É um caso da Igreja Batista, que tem melhor reputação.

Editor do Blog – De fato a intromissão radical do pastor na vida das pessoas é um abuso caracterizado pela divinização contumaz de alguns líderes, que julgando-se senhores, o que não o são, nem mesmo de si, decidem o que o fiel liderado, muitas vezes incauto, é deve ou não fazer. É evidente que um pastor, líder, que teme a Deus e que leve a sério sua vocação ministerial e sacerdotal, jamais aconselharia tal tipo de atitude, pois, no caso em tela, trata-se de subserviência, servilismo, menos submissão. Na verdade a Bíblia recomenda “Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao SENHOR; Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.

De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos”. Efésios 5.22-24

Isto não quer dizer, estando a mulher submissa, o marido faça dela o que bem entender. Nunca veremos este tipo de orientação fundamentada na Bíblia. Alguns até forçam a interpretação, “envergando” algum versículo, talvez seja o caso relatado acima, alegando ter base bíblica para o que afirmam, entretanto, ter base bíblica não significa que se tenha fundamentação bíblico-exegética e teológica.

Notemos bem que a assertiva bíblica diz que temos um modelo a ser seguido. À submissão, vem carregada de responsabilidade, não somente para o submisso, mas principalmente para o objeto da submissão, senão, veja, ”... sujeitai-vos a vossos maridos, como ao SENHOR...”. A submissão como “... ao Senhor...”, implica para o senhor, maior responsabilidade e compromisso para com aquele que lhe é submisso. Temos a lamentar os passos largos com os quais caminha a sociedade para ”lugar ignorado”, sobretudo a forma exacerbada com que os laços familiares se desintegram, tudo isso por conta de uma liberdade libertina, suposto crescimento e modernização o que, dentre tantos outros prejuízos, provocou o abandono dos rudimentos dos princípios e valores do lar, da família e da vida com Deus.

Esse abuso não é exclusividade da igreja, seja ela pentecostal ou neopentecostal, mas em todas as esferas, quer religiosas ou não.

Um comentário:

  1. Que coisa, um pastor como esse não ama a sua ovelha, nem muito menos pode amar a Deus, pq se Ele tivesse tido compaixão dessa mulher de maneira nenhuma teria dado tal conselho, o que está denegrindo a imagem do evangelho é isso, pessoas q sabem muito ler, mas mto pouco ou nada amar, pessoas q usam a bíblia para os seus proprios interesses, mas esquecem-se da palavra que diz: a letra mata, mas o Espírito vivifica, ora esse mesmo Espírito é o q nos concede o fruto, que inclui o amor.
    Vamos nos deixar usar mais por DEus atraves de sua palavra e do seu Espírito, ao invés de querermos usar sua palavra para servir de pretexto para as más ações humanas.

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