domingo, 5 de julho de 2009

"JOÃO, O APÓSTOLO DO AMOR E SEUS ESCRITOS" Parte 6

Continuação

O Evangelho inspecionado

  1. Água em vinho - uma nova ordem. O primeiro capítulo apresenta Jesus como a Palavra de Deus falada de uma forma nova. Anteriormente, Deus falou através dos profetas, como João Batista. Mas agora sua Palavra “se fez carne”, 1.14. Isto Significa todo um novo estágio em seu relacionamento com o mundo: “A lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram de Jesus Cristo”,1.17.

Esta “nova ordem” é simbolizada pelo primeiro sinal, a transformação da água em vinho, 2.1-11. Jesus toma o que o Judaísmo oferece como um meio de purificação, 2.6 e o transforma em algo que realmente satisfaz à necessidade. Esta mensagem é então transportada: primeiro Jesus purifica o templo, o foco da religião da “velha ordem”, e fala de um novo templo, seu corpo, 2.21. Em seguida Ele diz a Nicodemos, “mestre em Israel”, 3.10, repositório do aprendizado mais profundo disponível no Judaísmo, que ele precisa ser completamente refeito pelo Espírito. E logo a seguir a mesma mensagem é comunicada aos samaritanos, quando Jesus lhes oferece, através da mulher, “uma fonte a jorrar para a vida eterna”, 4.14, água mais importante que a do poço de Jacó.

     b. Duas curas – nova vida, novo julgamento. Os dois sinais em 4.46 e 5.1-9            formam um par que é  então interpretado através do grande discurso em             5.19-47. Neste discurso Jesus faz a mais ousada reivindicação possível:               que, como Filho, Ele exerce os privilégios do próprio Deus, particularmente           para  conceder vida, 5.21 e proferir  julgamento, 5.22. “Julgamento”neste             contexto não quer dizer apenas condenação, mas expressa a idéia de                 decisão real e decreto. Como juiz, Jesus, o Filho, tem a autoridade de                 decidir sobre a vida e a morte para todos 5.25-30.

     c. Alimentando os 5.000 – Jesus, o pão da vida. Explanando sua reiteração do          êxodo, Jesus alega três vezes ser”o pão da vida”, 6.35,48,51. Quando Ele           parte os pães e alimenta os 5.000, 6.1-15 – o único milagre registrado               pelos quatro evangelistas, Ele está simbolizando a dádiva de sua própria             carne “que darei pela vida do mundo”, 6.51.

Ele está aqui se referindo à sua cruz. É sua carne dilacerada que constitui o “alimento real”, e é seu sangue derramado a “bebida real”, 6.55.Somente por meio de sua morte é que a vida se torna disponível para nós. Comer e beber são ilustrações surpreendentes da fé, isto é,  a aceitação pessoal de Cristo, absorção espiritual de sua vida por nós mesmos, 6.57. Comparando 6.47 com 6.54, vemos claramente  que “crer”é equivalente a “comer e beber”.

Se este  discurso é histórico, dificilmente ele será uma referência direta à Ceia do Senhor, que não tinha sido ainda instituída.  Entretanto, muitos estudiosos dos serviços de culto da igreja, e que  ele próprio teria interpretado este discurso como referindo-se à Santa Comunhão. É certamente apropriado sentir que quando reunidos para celebrar a Ceia do  Senhor, estamos particularmente aptos a exercer a fé da qual esta passagem  fala.

      d. Curando um homem cego - Jesus, a luz do mundo. No capítulo 6 Jesus                apresenta-se como substituto da festa da Páscoa; nos capítulos  7-10 Ele           faz o mesmo em relação à festa maior do calendário judaico, a festa dos             tabernáculos. O centro de atenção desta parte é a cura de um cego de                nascença, (capítulo 9).

Aqui novamente um ato físico simboliza uma verdade espiritual. Por duas vezes nesta parte Jesus proclama: “Eu sou a luz do mundo” 8.12; 9.5. Esta é uma referência à famosa cerimônia das luzes que tinha lugar durante a festa dos tabernáculos, quando grandes lâmpadas eram colocadas no templo, representando a “coluna de fogo” que Israel tinha para seguir através do deserto. Agora, porém, Jesus clama: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, ao contrário terá a luz da vida”, 8.12.

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