Mentiras Sinceras. Estudo decifra a maneira como as falsas memórias se formam e criam "verdades" que podem levar inocentes para a cadeia:
Estava aguardando uma consulta para meu filho menor, quando li esta matéria na Revista Galileu, exemplar nº 2201 de novembro de 2009.
Resolvi, então, postá-la e tecer alguns comentários que, para diferenciar grafarei na cor azul.
Imagine se fossemos considerar isso para o julgamento divino
A americana Beth Rutherford tinha 19 anos em 1992, quando procurou uma terapeuta da igreja (infelizmente não consegui manter contato com esta americana, entretanto confirmei a história em alguns sites americanos) para combater o estresse. Nos dois anos seguintes, passou a se lembrar de ter sido abusada sexualmente dos 7 aos 14 anos. Ela, então, acusou seu pai de tê-la engravidado duas vezes e a feito abortar. Depois de meses longe da Família e da terapia, Beth voltou a ter contato com os pais, realizou um exame e foi contatado que ela era virgem. Ela e sua família processaram a terapeuta e receberam US$ 1 milhão como indenização. Esqueça esse valor e se esforce para lembrar que esse caso mostra como uma memória falsa pode ganhar consistência de verdade. Chamou-me atenção o fato de que passamos por isso todos os dias e não nos damos conta. Pensemos como no meio cristão a todo instante vivenciamos algo semelhante. Lembrei-me de Davi, poderia ir mais longe, mas, está vívida a memória para o fato de, como rei ungido, entretanto, ainda sem trono, levando sobre si a responsabilidade de reinar, em breve, sobre o povo do Senhor.
Em dado momento, Davi, depois de se pronunciado um fora lei pelo rei Saul, fugiu, tentando "escapar com vida". Foi buscar abrigo ou asilo no terreno perigoso, a casa do inimigo. Na fuga empreendida, passou por Nobe, e aplicou um golpe baixo. Mentiu para o sacerdote, fingindo-se em missão, a serviço do reino. Acho que ele mesmo acreditava estar em missão. Fingiu ainda, alegando que seus homens estavam em "jejum", sobretudo abstendo-se de mulheres. Mentiu, e mentindo para escapar com vida, sua mentira provocou o morticínio de uma cidade inteira. Que coisa! Ele iria pagar caro por isso.
Estudiosa do assunto, a psicóloga e pesquisadora Lilian Milnitsky Stein liderou o time de especialistas responsável pelo livro falsas memórias (editora Artmed). [O livro traz um conjunto de capítulos sobre como e por que as pessoas acabam lembrando e acreditando que viveram coisas que não aconteceram. A pesquisa sobre as falsas memórias teve uma enorme expansão no último quarto de século, mas a maior parte dela foi produzida nos países da América no Norte e da Europa. A obra não apenas inclui os achados das pesquisas, como também apresenta um importante trabalho realizado na América do Sul].
. Além de explicar formação dessas distorções, a obra traz exemplos de como elas influenciaram julgamentos equivocados nos tribunais. E essas "verdades mentirosas" estão longe de ser uma raridade. Essas distorções podem surgir tanto de sugestões externas quanto da mistura da memória real com a imaginação, que preenche as lacunas daquilo que não nos lembramos com clareza. Quando misturamos a memória real com esses fragmentos de imaginação ou sugestões externas, criamos uma falsa idéia do que ocorreu e passamos a lembrar do fato como parte da informação original. Ainda lembrando-me de Davi, foi ele mesmo quem deu ordem para o assassinato de Urias, um dos seus fiéis escudeiros. Aproveitando-se da inocência de seu fiel guerreiro, tomou para si sua mulher e ainda mandou matá-lo. Que maldade. Será que Davi acreditava que, como rei "segundo o coração de Deus", podia cometer os delitos que desejasse e, depois, arrependendo-se, tudo voltaria ao normal? Deus o perdoaria? Ou será que ele cometeu estes erros, mentiras sobre mentiras acreditando que tudo fosse verdade? O mais incrível é que as falsas memórias podem parecer muito nítidas, contendo mais detalhes do que as verdadeiras. Nos lembramos delas por mais tempo e com maior grau de estabilidade. E nossas lembranças podem ser influenciadas por outras pessoas por meio de relatos, perguntas tendenciosas e informações incorretas sobre um determinado evento. Aqui está um grande perigo! Podemos ser de fato influenciados por estas pessoas. Já atendi em gabinete, pessoas que estavam completamente equivocadas das verdades bíblicas, por ver na vida do seu líder um verdadeiro contraste com as doutrinas esposadas pelas Escrituras. Dizem que Davi era um homem "segundo o coração de Deus" porque ele sabia arrepender-se do que havia feito. A todo instante pedia perdão. Não! Não! Não. Davi era um homem "segundo o coração de Deus" em relação a Saul. É só consultar a Bíblia utilizando-se da hermenêutica sagrada. Entre Saul e Davi, o desejo de Deus, era que Davi reinasse.
Não podemos fazer uso de nossa liberdade para pecar! Veja Gl 5.1. Também seremos julgados por ela. Tg 2.12
Tudo isso sem falar nas mentiras escabrosas que pregamos, falamos e ouvimos nos púlpitos, nas redes de TV através dos tele evangelistas ou pregadores eletrônicos. Meu Deus! É estarrecedor. Ainda mais, "todos" sabemos a verdade, entretanto lá estamos nós utilizando-nos de cinismo e pirotecnia para arrancar da platéia ou dos adeptos aplausos , uivos, quiçá um elogio. Nós até exigimos que se glorifique a Deus. Utilizando tom ameaçador: "Herodes morreu comido de bicho porque não deu glória a Deus"! Será que nós acreditamos naquilo que pregamos, ensinamos ou falamos?
Para o cérebro pouco importa se as memórias são falsas ou verdadeiras. Irá utilizar as mesmas áreas para processá-las. Ambas são produzidas em partes associadas à visão e à formação de imagens localizadas na parte da frente do cérebro, responsável pela capacidade de cognição, atenção e por correlacionar os fatos vividos. Ainda bem que o Senhor "sonda rins e coração". Ele prova os rins com o intuito de distribuir recompensas segundo os caminhos e as ações de cada homem. Quando ouvimos uma conversa ou uma notícia no rádio, temos maior tendência a desenvolver falsas memórias do que quando vemos o fato. O mecanismo da visão é mais competente na criação de memórias reais. Lembranças relacionadas ao passado ou à infância não formam retratos fiéis. Elas se misturam com a visão do indivíduo e as crenças impostas por pessoas que representam autoridade, como pais, avós e professores, gostaria de acrescentar, líderes religiosos. É por isso que os testemunhos infantis foram banidos nos EUA. E, com isso, alguns inocentes ficaram em liberdade. Já de tempos ouvia sempre na antiga rádio –relógio: "A mentira, cedo ou tarde cairá, mas a verdade permanecerá de pé".
Seja sobre nós a graça e a misericórdia do Senhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário