Relutei muito em escrever esta postagem. Esperava que as coisas não chegassem ao ponto em que chegaram, no âmbito da CGADB. Tanto eu quanto outros companheiros nos posicionamos, sempre que nos foi possível, com a expectativa de que a atual gestão, eleita em abril de 2009, pusesse ordem na casa, programasse uma celebração do Centenário a altura de nossa história, apoteótica, com a inclusão da igreja-mãe, e preparasse uma transição pacífica em 2013. Confesso que estou humanamente decepcionado. O quadro que se nos apresenta hoje mais parece com o baile da Ilha Fiscal. Para quem não se lembra, foi a última grande festa da monarquia brasileira, "considerado o mais extraordinário entre todos os bailes promovidos pelo império", que teve lugar nos luxuosos salões do Palácio da Ilha Fiscal, situada na entrada da Baía da Guanabara, seis dias antes de ser instaurada a República. Segundo dados históricos, "dançou-se muito no baile da Ilha Fiscal, mas o que os convidados não imaginavam, nem o Imperador Pedro II, é que se dançava sobre um vulcão". O resto todos sabem. A ilustração parece forte, mas não vejo outra mais apropriada para o momento. Enquanto um vulcão sem proporções está prestes a explodir sob os nossos pés, os nossos líderes parecem não se dar conta disso e deixam a impressão de que agem como se nada estivesse acontecendo. Paira no ar a noção que o seu interesse é manter o "status quo", custe o que custar, aparentar uma situação sob controle, em que o Titanic parece navegar em águas tranquilas, quando, de fato, há não só um imenso iceberg adiante, mas também uma insatisfação que se alastra a olhos vistos entre os convencionais pelo descalabro em que se encontra a nossa instituição. Não me lembro, em toda a minha história de ministério, de uma crise tão séria como a que experimentamos. Mas os nossos líderes parecem viver como se estivessem em céu de brigadeiro.
Veja em que estágio se encontra o vulcão, enquanto o "baile" prossegue aparentemente sem qualquer percepção da realidade que cerca a nossa instituição. Primeiro foram duas demissões até hoje não esclarecidas de dois funcionários de confiança da CPAD antes da Assembleia Geral Ordinária de abril de 2009. Refiro-me ao Gerente Administrativo e Financeiro da Editora, Walter Alves de Azevedo, homem íntegro e de ilibada reputação, que, ao voltar de férias, quase não pôde entrar em sua sala, pois a fechadura da porta fora trocada antes de sua chegada, como se tratasse de um marginal. Foi substituído por alguém que, segundo me consta, tem laços de parentesco com a esposa do diretor executivo. A segunda demissão foi a do jornalista Antonio Mesquita, Gerente de Jornalismo da CPAD, que desfrutava de prestígio junto à direção da CPAD, sendo também homem de grande caráter. Sei que demissões são normais em qualquer empresa. Uns chegam, outros vão. Todavia, nos casos acima me faz lembrar a recente postagem do pastor Carlos Roberto em seu blog sob o título: "Santa" queima de arquivo. Acredito que em qualquer auditoria independente que se faça sobre a CGADB/CPAD estes deveriam estar na lista como os primeiros a serem ouvidos. Questão de bom senso. Depois veio a própria Assembleia Geral Ordinária de abril de 2009 em que o relatório financeiro da CGADB foi aprovado com ressalvas, após imensa batalha em plenário capitaneada pelo pastor Silas Malafaia. Cheguei o ouvir de um defensor do relatório que o fazia para preservar a CPAD. Creio que o pastor Silas tenha concordado com a aprovação, sob restrições, na esperança de que os rumos fossem corrigidos. Mas o que os fatos parecem demonstrar é que ao invés disso a coisa degringolou de vez. Nos meses recentes teve o imbróglio Dake que até hoje continua sob impasse em que pese duas resoluções determinativas do CD e da CA proibindo a publicação e a venda da obra sem que a editora tenha obedecido aos seus termos. Soube-se depois que a Mesa Diretora da CGADB, em reunião durante as comemorações dos 70 anos da CPAD, se teria pronunciado em favor de uma revisão com o acompanhamento de ambos os órgãos para "escoimar" os resquícios que ficaram. Mas nem isso, ao que eu saiba, aconteceu. Assim, enquanto os órgãos da CGADB caem em descrédito, a CPAD parece dispor de uma força que ultrapassa o poder da CGADB, a sua proprietária. Qual seria a razão? Não demorou muito e veio não só a renúncia do pastor Silas Malafaia à primeira vice-presidência da CGADB, mas o próprio desligamento da entidade. Apesar de ser seu amigo, tenho veemente discordância da teologia que hoje esposa e não compactuo uma filigrana sequer com as campanhas de Mike Murdock e Morris Cerullo levadas a cabo em seu programa. Como então diretor de publicações da editora, isso fica claro em minha decisão de lançar o livro Cristianismo em Crise pela CPAD, que condena tais práticas. Mas tenho de concordar com os motivos alegados para a decisão que tomou, segundo ele "de arrepiar os cabelos", pois, em sendo verdade, refletem o descalabro de nossa instituição. Agora somos apanhados por outra renúncia. O pastor Antonio Silva Santana, 1° tesoureiro da CGADB, homem cuja reputação ninguém discute, também abriu mão do cargo. Nesta segunda-feira, dia 31 de maio, protocolou carta na secretaria-geral da CGADB (já amplamente divulgada na internet como a do pastor Silas Malafaia) onde pinta com cores ainda mais fortes do que o pastor Silas Malafaia as razões para a sua decisão. O que se lê em ambos os documentos e em emails que nos chegam me levam a uma única conclusão: como está não pode ficar. Ou a mesa diretora da CGADB assume o controle da situação, promove uma auditoria independente, rearruma a estrutura administrativa da CGADB/CPAD e permite que em setembro a eleição do cargo vago de 1° vice-presidente seja democrática ou teremos demandas judiciais extremamente danosas pela frente, que poderá resultar no esfacelamento total de nossa já combalida CGADB. Mas se os nossos líderes preferirem continuar repetindo o mesmo frenesi do baile da Ilha Fiscal, como se tudo fosse uma festa, saibam que estão celebrando um centenário desenxabido, em que a igreja-mãe é excluída da programação, a liderança está fragmentada e o dia seguinte pode ser de profunda tristeza para uma denominação que não merecia estar passando por essa vergonha inominável. Alguém poderá criticar-me por tratar do assunto no blog. Mas saiba que, além de não trazer nenhum ponto específico do que circula à boca pequena, em respeito aos colegas convencionais, faço apenas refletir o que, infelizmente, já está espalhado por toda a mídia, sobretudo na internet. Há algum mal nisso? É possível. No entanto, pode ser também a forma que Deus esteja usando para tratar conosco, enquanto líderes que queremos seguir o nosso próprio caminho, não o dEle. Que o Senhor tenha misericórdia de nós!
Fonte:
http://geremiasdocouto.blogspot.com/
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