segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pastor, não é verdade que os israelitas sob a antiga aliança salvaram-se pela obediência a Deus e não porque ansiavam pela fé O Salvador que haveria de vir? Como podemos ver isso na Bíblia?

Pastor, não é verdade que os israelitas sob a antiga aliança salvaram-se pela obediência a Deus e não porque ansiavam pela fé O Salvador que haveria de vir? Como podemos ver isso na Bíblia?

Pr Adramantino Thompson – Áustria

Querido pastor

Desde o Gênesis até o apocalipse Deus deixa bem claro que alguém jamais se salvou por obras próprias, mas apenas pela fé nas promessas divinas. Só no Éden a salvação foi apresentada com base na obediência, com a advertência acompanhada da pena de morte para a transgressão da ordem de Deus: "Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás"(Gn 2.17).

Em Gênesis 3 essa determinação foi quebrada tanto por Adão quanto por Eva, por causa da tentação e do engano de Satanás; e O Senhor lhes confirmou a sentença de morte, ao afirmar: "Tu és pó, e ao pó tornarás" (Gn 3.19).

A partir desse dia, nenhum ser humano salvou-se pela obediência – exceto a raça dos redimidos, os quais são resgatados pela fé na expiação de Cristo, cujo ato de obediência pagou o preço de nossa salvação.

É verdade que em ambos os Testamentos se coloca grande ênfase na obediência. Em Êxodo 19.5, assim prometeu Deus a Israel: "Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha".

Entretanto, de modo algum essa passagem sugere um caminho alternativo para o Céu, além da trilha da fé; ao contrário, essa promessa foi dada a um grupo de crentes que já se havia arrependido do pecado, e entregue seu coração ao Senhor pela fé.

A obediência era apenas uma evidência necessária do fruto da fé. Não é a maçã que faz da árvore de que surgiu uma macieira; é esta que faz seu fruto ser uma maçã. Disse Jesus: "Pelos seus frutos os conhecereis" (Mt 7.16); em outras palavras, as uvas vêm da vinha, não dos espinheiros; os figos das figueiras, e não dos pés de urtiga. A obediência é a conseqüência natural e necessária da fé, mas nunca é apresentada como substituta da fé, em parte alguma das Escrituras.

Devemos observar que, logo de início, Adão e Eva ensinaram a seus filhos a necessidade de fazer holocaustos perante O Senhor pelos pecados que tivessem cometido. Assim foi que Abel apresentou um sacrifício aceitável em seu altar – um ato de fé que tipicamente representou por prenúncio a expiação que seria feita mais tarde no Calvário.

Hebreus 11.4 esclarece: "Pela fé,Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim [...] Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala".Gn 15.6 registra que, quando Abraão creu em Deus, O Senhor lhe imputou a fé por justiça.

Romanos 4.13 diz-nos que "Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé".

Quanto à geração de Moisés, a quem a promessa de Êxodo 19.5 fora feita, de modo algum poderia haver algum mal-entendido concernente ao princípio da salvação mediante a fé, e nada mais.

Daquele capítulo que contém os dez mandamentos vêm-nos a primeira de várias referências ao culto sacrificial: "Um altar de terra me farás e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, as tuas ofertas pacíficas, as tuas ovelhas e os teus bois..." (Êx 20.24). O princípio subjacente a cada sacrifício era este: a vida do animal inocente substituía a vida cheia de culpa e deturpada do crente. Este recebia o perdão de Deus somente mediante o arrependimento e a fé, e jamais pela obediência.

Hebreus 10.4 refere-se à antiga dispensação do Antigo Testamento e declara: "porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados". Antes, em 9.11,12, declaram as Escrituras: "Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção.

Então, de que forma o benefício da expiação pelo sangue é trazido aos pecadores? Ele só vem pela fé, não mediante obras de obediência, como trabalhos meritórios – quer antes, quer depois da cruz. Assim declaram as Escrituras: "Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8). Mas que tipo de fé? A fé falsificada que trai a si mesma mediante a desobediência à vontade revelada de Deus e pela escravidão da alma ao pecado? Certamente não!

A salvação só pode advir mediante a fé verdadeira e viva que assume com seriedade o senhorio absoluto de Cristo e produz um viver santo – uma vida de verdadeira obediência, baseada na entrega genuína do coração, da mente e do corpo (Rm 12.1).

É dessa perspectiva que devemos entender os ardentes chamados à obediência por parte dos profetas do Antigo Testamento "Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra. Mas se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca dO Senhor o disse" (Is 1.19,20).

A exigência exposta por Jesus é muito semelhante a essa: "Por que me chamais, Senhor, Senhor e não fazeis o que os mando?"(Lc 6.46). Os apóstolos confirmam: "Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões[...] Mas graças a Deus porque outrora, escravos do pecado, contudo viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça (Rm 6.11,12,17,18).

 

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