Davi traz a arca para Perez-Uzá. 2Sm 6
Davi, embora quisesse ser um servo fiel, comete um grande erro que acarreta conseqüências graves. É bastante estranho que, num assunto como este, ele não indague nada de Deus nem se lembre da direção dada na Lei referente ao transporte da arca e vasos sagrados. Ainda mais estranho é que, de todas as pessoas apartadas para o serviço do santuário, não tenha havido nenhum sacerdote ou levita para advertir o bem-intencionado rei sobre o modo prescrito de conduzir a arca. Muito já tinham sofrido os filisteus devido à desonra feita à arca. Muito sofreram os homens de Betes-Semes.
Contudo o expediente dos filisteus – o carro de vacas – para descobrirem, da melhor maneira que sabiam se deveras foi a mão de Jeová que os ferira: esse é o modo que Davi adota para levar a arca a Sião!
É verdade que Deus permita aos filisteus aprender a sua lição desse modo, e isso talvez fosse o motivo de Davi adotar o mesmo meio, mas essa imitação não tinha desculpa. Deus falara sobre o assunto e a ignorância do que Ele determinara mostrava descuido, ou aquecimento culpável.
Como podia Deus neste frisante exemplo, perante os olhos da nação inteira, estabelecer um precedente para os tempos futuros, e fazer pouco caso da Sua própria honra?
E vão atrás dos filisteus, como todos os imitadores costumam fazer. Os filisteus tinham pensado que, se Jeová era Deus, o gado havia de Lhe obedecer em qualquer direção humana, e até contra seus próprios instintos. Mas os israelitas, ao entregarem a arca ao carro, querem que Uzá e Aio guiem o gado. Não têm confiança no seu próprio expediente e já estão entregues à obra perigosa de contas os próprios recursos no caso de aparecer qualquer dificuldade. Nada mais então tinham aprendido durante todos os anos em que a arca estivera na casa de Abinadabe!
Contudo a coisa vai bem no princípio. Há regozijos e abundantes demonstrações de lealdade da parte do povo, até que chegando ao lugar preparado, os bois tropeçam e Uzá estende a mão e segura a arca. Uzá significa "força", mas ele não se havia medido na presença de Deus, nem aprendido a verdadeira fonte da força. Seu ato revela o que a arca significa para ele – o ato de uma alma ignorante de Deus e de si mesmo. Ele é ferido, e o eirado preparado vem a ser Perez – Uzá, "o quebramento da força". Uzá morreu porque a obra de Deus naqueles dias se tornou uma coisa comum. Tão comum que os sacerdotes esqueceram que a arca só poderia ser transportada nos ombros dos sacerdotes (1Cr 15.13-15).
É estranho que no serviço do santuário Davi fosse tão ignorante: mas casos semelhantes abundam entre nós hoje. O fato de ser bem-intencionada muitas vezes impede a pessoa de procurar indagar a vontade do Senhor, ou de verificar tudo pela Sua Palavra. Se a coisa proposta for boa em si, por que tanto escrúpulo quanto a modos e métodos? Quão pouco compreendemos a falta de reverência que jaz sob uma aparência de devoção honesta, onde presume-se que a sabedoria humana é suficiente para tomar uma resolução sem consultar a Deus, ou a força humana suficiente para operar a Sua vontade! Quantas vezes nossos "Uzás são feridos, justamente quando imaginamos que nosso serviço deve ser bem aceitável a Deus!
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