O PENSAR TEOLOGICAMENTE
By Raul Marino Jr
"....Teologia é o conhecimento supremo, a sabedoria em sentido absoluto, o próprio ponto de vista de Deus comunicado – o quanto possível – aos seres humanos pela revelação, acolhido pela fé e iluminando o espírito do homem, constituindo-se num gênero único de saber: o saber da fé, da razão e da vontade do Deus e Criador.
A partir do momento em que começamos a refletir e a falar sobre Deus, estamos fazendo teologia, que nada mais é que a fé de olhos abertos, lúcida, inteligente, crítica, feita razão e entendimento, independentemente de puras palavras.
A paixão do teólogo é a procura pelo "significado" da Palavra de Deus dirigida a todos os homens e, pela "vontade" divina que existe por trás dela, pois o ser humano não pode abafar dentro de si o anseio natural de busca pela "verdade", busca essa que é um compromisso de vida que cada um tem consigo mesmo: o de chegar à plenitude de sua realização e felicidade.
A teologia é o caminho da opção pela vida do espírito em oposição à vida exclusivamente em função da carne e da matéria, viva ou morta.
Quando a fé seduz a razão, nasce a teologia, e toda pessoa de fé é também teóloga, pois é impossível haver fé sem um mínimo de reflexão sobre ela, sem que o espírito deixe de pensar sobre seu próprio conteúdo. É a fé em estado de ciência, a razão explanando a intuição, pois primeiro vem a fé e depois o entendimento.
O teólogo vê em tudo o Divino, vendo finalmente, o discurso de Deus sobre o ser humano, e não o do ser humano sobre Deus. Fazer teologia é confrontar criticamente as questões humanas com as Escrituras, sendo a revelação o "marco zero" de toda a teologia. O saber teológico é sempre um saber sagrado, é a fé sabendo-se a si mesma. Não é apenas conhecimento, mas reconhecimento: o desdobramento teórico da Bíblia.
Devemos nos lembrar, entretanto, de que por mais que estudemos filosofia, teologia ou ciência nossos estudos serão sempre- e apenas – um reflexo da vontade do Criador. Todo o nosso conhecimento será apenas uma gota no oceano do que teremos ainda por conhecer, embora uma simples gota de orvalho – que seria o nosso cérebro – possa refletir o céu inteiro...Mas, do ponto de vista de nossa finitude e de nossa humanidade, o restante permanecerá um mistério, apesar de toda a nossa fé de toda a nossa teologia em relação ao inescrutável plano de Deus, do qual nosso cérebro representa apenas um microcosmo, pois sempre enxergamos o nosso Criador com nosso limitados olhos humanos.
Se quisermos pelo menos entender melhor os desígnios do Criador, a única forma que temos para fazê-lo é utilizando nosso cérebro para pensar teologicamente – ia quase dizendo biblicamente – sobre a revelação, pois tais conhecimentos sempre estarão muito além de nossa maneira humana de raciocinar.
Muitas vezes esquecemos que somos finitos e que o infinito jamais caberá em nossa caixa de ossos craniana. Na profundidade de nosso ser, não gostamos de pensar teologicamente, pois fomos acostumados a pensar humanamente, tentando imaginar Deus com roupagens terrenas e emoções puramente humanas.
Não nos esqueçamos que certas regiões especificamente criada em nosso cérebro animal poderão tornar esse órgão muito mais "humanizante", sincronizando-o, como antenas que captam através da crença e da religião, com as vibrações e orientações do infinito por meio das quais Deus está realizando Sua sublime vontade em nós, moldando-nos segundo Sua imagem, desenvolvendo em nós a perseverança, a disciplina, a fidelidade e a seu próprio Filho, dentro de um plano grandioso.
Quanta ilusão a dos nossos cientistas e filósofos de achar que podemos entender logicamente os caminhos do Todo Poderoso! Quanta arrogância a dos ateístas, que nem sequer parecem se incomodar com esses mistérios.
Tendemos a esquecer que Deus não comete erros e, portanto, não precisa nos explicar nada, apenas mostrar-nos os caminhos, como tem feito por séculos através das Escrituras.
Podemos, com nosso limitado patrimônio cerebral, substrato de nossas antenas espirituais, arriscar-nos a confiar Nele sem saber qual será o desfecho, pois Ele é de confiança, e a Fé não mais será cega, mas uma nova maneira de ver e de entender as coisas do mundo e as do espírito.
Nossa mente e nossa consciência podem ser treinadas para conhecer e reconhecer a mão de Deus em tudo o que vemos e pensamos, sem a contaminação da racionalização humana.
Já que Ele foi o princípio, aceitemos que Ele também seja o fim, deixando-nos fazer parte de Seu plano perfeito, para nós ainda envolto em sagrado mistério.
Isso é pensar neuroteologicamente, valendo-nos das estruturas cerebrais especificamente criadas para esse fim.
Isso é pensar teologicamente.
Esse deveria ser o testemunho e a contribuição dos homens de ciência que crêem na presença do sagrado no homem e numa religião do cérebro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário