ADULTÉRIO: EVITANDO UMA REAÇÃO QUíMICA
Nélio Da Silva
O adultério tem invadido a nossa sociedade com uma força jamais anteriormente conhecida. O assunto é inevitável. Televisão, cinema e canções tem explorado com maestria as tramas desenvoltas num relacionamento triangular. Há não muito tempo atrás, Calvin Klein lançou a sua famosa fragrância "Eternity" (eternidade), apostando com este nome na duração do seu produto. Atualmente, ele também está vendendo como nunca a sua nova fragrância "Escape" (fuga), insinuando com este nome a fragilidade das relações traduzidas nas famosas escapadas fora do casamento.
Os escândalos de ordem social não são mais apenas prerrogativas de jornais baratos e sensacionalistas. Em anos recentes, até mesmo as publicações denominadas "responsáveis", tem penetrado nos enlameados escândalos de famílias famosas. A imprensa mundial não vinha dando tréguas aos membros da família imperial inglesa, fazendo com que Charles e Diana, Andrew e Fergie se tornassem foco da atenção mundial. O record de audiência na TV inglesa foi alcançada pela chamada "Confissão de Diana", quando praticamente a Inglatera parou para ver e ouvir a princesa do coração do povo falar sobre o seu problemático relacionamento com Charles, a presença de Camila, a outra de Charles, e o seu próprio envolvimento sexual com uma outra pessoa.
Pouco tempo depois disso, impossível esquecer, Lady Di faleceu tragicamente em acidente de carro, em Paris, junto a seu mais recente namorado, propiciando audiência ainda maior, não só na TV inglesa, mas na mídia mundial.
Uma recente pesquisa sobre adultério publicada em uma revista americana de psicologia, demonstrou que 92% dos entrevistados acreditavam que a monogamia é algo de "grande importância". Porém, 45% dessas mesmas pessoas admitiram o seu envolvimento em uma relação ilícita, com a quebra dos seus próprios votos matrimoniais.
Ao escrever esse artigo tenho que lhe confessar um incômodo dentro de mim. Certamente, existem várias razões para isso, e, talvez, uma das mais fortes é o fato de estar com 46 anos de idade e acabar de ler um livro que muito impactou a minha vida. Meia Idade é um livro no qual o autor descreve que existe um tempo em nossas vidas onde necessariamente, o que temos que fazer é refletir sobre a nossa caminhada nessa existência. Temos de examinar por onde vimos andando, onde estamos hoje e para onde estamos indo. Um tempo de avaliação e retomada de direção. A leitura deste livro fez com que reacendesse em mim um desejo mais intenso de terminar bem a minha carreira.
Não faz muito tempo, recebi a noticia de que um pastor amigo, um homem de notáveis talentos, teve subitamente o seu ministério e a sua vida arrasados por um envolvimento em adultério. Seu ministério está literalmente destruído, seu nome enlameado, sua própria saúde abalada e a família em frangalhos. Histórias como essa tem se repetido centenas de vezes dentro da comunidade cristã e, confesso, o meu coração se quebra todas as vezes em que ouço algo assim.
Estou absolutamente convencido de que, se por um lado essas noticias nos apanham de surpresa, por outro, sei que houve todo um processo sendo desenvolvido, possivelmente ao longo de muitos anos. Também estou convencido de que, para cada líder cristão famoso que cai ao longo do caminho sob o escrutínio da mídia, existe uma quantidade enorme de outros totalmente desconhecidos que estão se afastando voluntariamente, ou estão sendo banidos dos ministérios em função da impropriedade na área sexual.
Meus anos de ginásio me ensinaram alguma coisa sobre reação química. Aprendi: quando certas substâncias entram em contato com outras, fatalmente haverá uma reação. Num pequeno laboratório da minha escola em Lins, estado de São Paulo, quase provoquei um acidente de proporção considerável, ao misturar dois ingredientes que não poderiam jamais se tocar. Tenho aprendido desde então, que, de um modo geral, as pessoas não respeitam as leis químicas mais do que eu, nos meus dias como estudante ginasial. Elas misturam voláteis ingredientes sem dar o devido tempo para avaliar as conseqüências. Muitos casais não compreendem que uma reação química pode ocorrer quando um dos cônjuges se relaciona com alguém que não seja o seu próprio. Por favor, não me interprete mal. Não estou me referindo necessariamente a uma atração sexual. Estou me referindo a uma reação de dois corações, uma química que envolve duas almas. É o que chamo de adultério emocional. Uma intimidade com o sexo oposto além da fronteira do casamento. Adultério emocional é uma infidelidade do coração. Quando duas pessoas começam a falar das suas lutas íntimas, das inquietações dos seus corações, suas dúvidas e incertezas, é bem possível que elas estejam compartilhando as suas próprias. Sabemos, Deus estabeleceu que tal relação fosse somente compartilhada dentro do relacionamento conjugal.
Há algum tempo atrás, um pastor me confessou: - "Já não amo minha esposa, estou apaixonado por uma moça da minha igreja." Olhei nos olhos daquele companheiro da mesma maneira como tenho olhado detidamente nos olhos de muitos outros com quem tenho conversado abertamente sobre essa matéria. Eu tenho descoberto que, na maioria dos casos, um relacionamento adúltero teve início em um encontro casual dentro da própria igreja. Uma reação química toma lugar. Ele fala da sua frustração em casa, ela compartilha uma reação similar e em pouco tempo as emoções passam a ricochetear com uma rapidez intensa, e corações passam a experimentar uma ligação emocional irresistível.
Via de regra, o adultério não se dá por acaso. Antes, há uma história, norteada por passos claros e definidos. Você pode estar convergindo em direção a um adultério quando os seguintes passos são dados:
* Você tem uma necessidade que o seu cônjuge não está preenchendo. Necessidade de atenção, aprovação ou afeição. Se um desses requisitos não são preenchidos, um dos cônjuges então começa a buscar em alguém, ainda que inconscientemente, a satisfação de uma destas brechas.
* Você começa a se sentir mais confortável em se "abrir" com alguém que não seja o seu cônjuge. As dificuldades do dia são compartilhadas com certo prazer em um almoço, um encontro, uma carona no carro ou através de correspondência, via e-mail, etc.
* Você começa a falar com alguém sobre problemas e frustrações que tem vivido com seu cônjuge.
* Você começa a procurar razões para justificar esta sua relação de proximidade com uma outra pessoa, a fim de se sentir mais confortável com sua consciência. Neste processo de auto justificação, você inclusive busca razões espirituais que justifiquem suas atitudes, tais como: é da vontade de Deus falar honesta e abertamente com uma outra pessoa cristã.
* Você começa a sentir um intenso desejo de estar perto desta pessoa.
* Você esconde do seu cônjuge o relacionamento que está tendo com essa pessoa, ainda que o processo esteja somente em nível de conversa.
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