"Antigamente, vossos pais, Terá, pai de Abraão e de Naor, habitaram dalém do Eufrates e serviram a outros deuses". Js 24.2. (Vide também Js 24.14;Gn 31.19-35,53;35.2.)
O tipo de culto que seguia é desconhecido. Em obediência ao chamado de Deus, Abrão deixou Harã por Canaã. Ele abandonou seus antigos costumes religiosos para seguir a Deus com devoção sincera. Esse mesmo Deus apareceu a cada um dos patriarcas, escolhendo-os e prometendo estar com eles (12.1-3;15.1-6,17;28.11-15). Cada um por sua vez escolheu esse Deus protetor da família e a ela o vinculavam: “o Deus de Abraão”, “o Deus Isaque” e “o Deus de Jacó” ( 24.12;28.13; 31.42, 53; cf. Ex 3.6), bem como “o Deus de Naor” 31.53. ele é também chamado “parente” vj, BJ; a maioria das versões traduz “temor de Isaque”; pelo título “O Deus de meu/teu pai”( 26.24; 31.42, 53;32.9;49.25; e esp. Ex 3.6). Essa terminologia apresenta paralelos estreitos nos textos da Capadócia e de Mári, bem como os textos árabes e arameus dos primeiros séculos cristãos. Esse Deus do clã abençoa os patriarcas ( 12.1-3;26.3s) com a promessa da terra de Canaã e de inúmeros descendentes ( 12.2,7;13.14-17;15.4s, 18;26.3s; 28.13s). Protege e salva (19.29). É possível chamá-lo pelo nome, é possível apelar a ele (18.22-330. Pune o mau, (38.7), mas cuida do justo ( 18.25).
Deus selou por meio de uma aliança o relacionamento com a pessoa eleita. Ele primeiro fez uma aliança com Abraão (cap15). A aliança foi ratificada numa cerimônia solene e misteriosa (v 7-21). Deus colocou-se sob juramento passando – em forma de tocha de fogo e fogareiro aceso, símbolos ameaçadores da presença divina – entre as metades dos animais que Abraão havia matado. Simbolicamente, Deus colocou-se sob uma maldição, caso violasse a promessa.
Esse relato revela que Deus é um Deus pessoal, desejando associar-se com pessoas. Os deuses cananeus , por contraste, associavam-se principalmente com localidades. Os patriarcas compreendiam que havia um Deus. Isaque cultuou o Deus de seu pai, 26.23ss., como o fez Jacó, 31.5,42,53. Esse Deus é singular, sem colegas ou consortes. Portanto, a família de Jacó precisou deixar de lado os deuses estranhos trazidos da Mesopotâmia, 35.2.
Os textos fornecem informações apenas esparsas acerca do culto dos patriarcas. Eles oravam 25.21, muitas vezes prostrados como era costume no Oriente Próximo (17.3;24.52). Costruíam altares e faziam sacrifícios (12.7; 22.9;35.1). Entretanto, não havia lugares especiais para tais ritos nem sacerdócio oficial. A adoração era entendida fundamentalmente não como uma cerimônia, mas como um relacionamento entre Deus e seres humanos. A peculiaridade da fé dos patriarcas residia em sua concepção de Deus e em seu íntimo relacionamento pessoal com ele.
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