Observe Como A Universalidade Formal Dos Provérbios E Ditos Proverbiais
Raramente São Uma Universalidade Absoluta
Compare
estes dois ditos de Jesus. (a) “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo
não ajunta espalha” (Mt 12.30). (b) “... Porque quem não é contra nós é por
nós” (Mc 9.40; cf. Lc 9.50). Como com frequência tem-se notado estes ditos não
se contradizem, se o primeiro foi expresso a pessoas indiferentes contra si
próprias, e o segundo aos discípulos sobre outros, cujo zelo ultrapassa seus conhecimentos.
Mas as duas afirmações são com certeza difíceis de conciliar, se cada uma for
tomada absolutamente, sem pensar em tais questões.
Ou
considere dois provérbios adjacentes em Provérbios 26. (a) “Não respondas ao
tolo segundo a sua estultícia...” (26.4). (b) “Responde ao tolo segundo a sua
estultícia…” (26.5). Se estes dois versículos são estatutos ou exemplos de leis
casuísticas, há uma inevitável contradição. Por outro lado, a segunda linha de
cada provérbio dá explicação suficiente de modo que enxergamos o que deveríamos
ter visto. Provérbios não são estatutos. Eles são sabedoria destiladas, frequentemente
escritas de forma pungente e aforística, que exige reflexão, ou que descreve
efeitos na sociedade como um todo (mas não necessariamente em cada individuo),
ou que exigem consideração de exatamente como e quando tal sabedoria é
aplicada.
Escrevamos
por inteiro estes dois provérbios de novo, mas desta vez com a segunda linha
inclusa em cada caso. (a) “Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para
que também te não faças semelhante a ele”. (b) “Responde ao tolo segundo a sua
estultícia, para que não seja sábio aos seus olhos”. Os versículos lado a lado
como estão, estes dois provérbios exigirão reflexão sobre quando é a vez da
prudência para refrear-se de responder aos tolos, a menos que sejamos
arrastados para o nível deles, e quando é a vez da sabedoria oferecer réplica
afiada, “tola” que tem o efeito alfinetar as pretensões do tolo. O texto não
esmiúça isto explicitamente, mas se as explicações destes dois casos forem
lembradas, nós teremos um princípio sólido de discriminação.
Então,
quando uma bem conhecida organização eclesiástica ficar repetindo “Ensina a
criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará
dele”, como se fosse uma lei casuística, o que devemos pensar? Esta afirmação
proverbial não deve ser roubada de sua força. um incentivo poderoso a uma
educação infantil responsável, temente a Deus. Contudo, este versículo é um
provérbio, e não uma promessa de uma aliança. Nem tão pouco o versículo
especifica a que ponto a criança vai entrar na linha. É claro, muitas crianças,
que cresceram em lares cristãos se desviam, porque os seus pais foram realmente
tolos, ou não-bíblicos, ou completamente pecaminosos. Mas, muitos de nós já
testemunhamos os fardos de culpa desnecessária e vergonha que pais realmente
piedosos carregaram, quando seus filhos adultos, digamos já aos 40, e
claramente não se converteram. Aplicar o provérbio de tal forma como se fosse
para causar ou reforçar tal culpa não é somente pastoralmente incompetência, é
hermeneuticamente incompetência. É fazer as Escrituras dizerem algo um pouco
diferente do que seguramente pode ser inferido. Aforismos e provérbios dão
percepção de como uma cultura sob Deus funciona, como relacionamentos
funcionam, quais devem ser as prioridades. Eles não dão todas as exceções
individuais em notas de rodapé e sob quais circunstâncias devem ser aplicados,
e assim por diante
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