quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A verdade!!!

Texto adaptado

Não dirás falso testemunho contra o teu próximo Ex 20.16

Não sou, tampouco pretendo ser a “palmatória do mundo”, mas gosto de me introspectar. Temos no Antigo Testamento que Deus é fonte de toda verdade. Sua Palavra é verdade. Sua Lei é verdade. "Sua fidelidade continua de geração em geração" (Sl 119.90). Foi em Jesus Cristo que a verdade se manifestou plenamente. "Cheio de graça e verdade", Ele é a "luz do mundo" (Jo 8.12), a Verdade. O verdadeiro discípulo de Jesus "permanece em Sua palavra" para conhecer a "verdade que liberta" (Jo 8.32) e santifica. Jesus nos ensinou o amor incondicional da verdade: "Seja o vosso 'sim, sim e o vosso 'não', não. (Mt 5.37).

Viver na e na verdade constitui-se um desafio a desbravar. Como é difícil, quase impossível até, porém, essa é a condição proposta e exigida pelo Evangelho de Jesus.

Os homens tendem à verdade e somos obrigados a honrá-la e testemunhá-la. São também obrigados a aderir à verdade e ordenar suas vidas segundo as suas exigências. A verdade deve estar presente em nosso falar, pensar e agir pois assim, estamos nos guardando da duplicidade, simulação e da hipocrisia. Devemos ter veracidade naquilo que fazemos ou dizemos. É o que chamamos de fé e prática.

Não haveria possibilidade de convivência recíproca se não houvesse a verdade entre as pessoas. A verdade nos ensina corretamente aquilo que deve ser expresso e aquilo que deve ser guardado. Isso implica em honestidade e discrição. Todos devemos manifestar a verdade entre nós e em si mesmos.

Partindo deste raciocínio devemos entender qual é a seriedade de se viver na verdade. "Um inimigo pode nos causar um terrível mal (matar, ferir gravemente, espalhar falsos boatos, roubar, etc ...), mas um amigo pode nos destruir por completo". Isto posto, temos a importância cabedal e seríssima de manifestar a verdade para com as outras pessoas. O nosso amigo, e, quando mais intimo, é aquele que nos conhece, sabe das nossas fraquezas, das nossas limitações. É por isso que devemos ser verdadeiros. Lembremos que, amigo ou inimigo, também são o meu e o seu próximo. E por mais que ele tenha criado motivos justos para atitudes de retaliação, devemos nos lembrar: “Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.

O servo de Cristo " aceita viver na verdade", isto é, na simplicidade de uma vida conforme o exemplo do Senhor. Ao dizermos que estamos em comunhão com Ele e, pelo contrário, andamos nas trevas, estamos mentindo descaradamente para Deus e para nós mesmos.

Assim como Cristo proclamou diante Pilatos que "veio ao mundo para dar testemunho da verdade", o cristão não deve temer ou envergonhar-se de dar testemunho do Senhor (2 Tm 1.8). O cristão deve manter uma "consciência irrepreensível, constantemente, diante do Senhor e dos homens" (At 24, 16). Ao fazer parte da Igreja, o cristão deve dar testemunho do Evangelho e das obrigações dele decorrentes. Ele fará isso através de seus atos e palavras.



O martírio é o supremo teste da verdade e implica em dar testemunho que pode, muitas vezes, ira até a morte. O mártir é aquele que dá tesmunho do Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade. Enfrenta a morte num ato de fortaleza. "Deixai-me ser comida das feras. É por elas que me será concedido chegar até Deus. (Santo Inácio). Temos então as lembranças daqueles que foram até o fim por causa de Cristo. São as "Atas dos mártires".



Ofensa a verdade

O Falso testemunho e o perjúrio:

Quando se emite publicamente algo contrário à verdade, diante de um tribunal, é falso testemunho e quando se está sob juramento, é perjúrio. Isso pode contribuir para condenar injustamente um inocente ou inocentar o culpado. Prejudica o exercício da justiça pronunciada pelos juízes.




Que o Senhor, por bondade e amor, nos ajude a melhorar-mos nossa vida e caráter...

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Mensagem de Joao, o batista





 
 
Havia um homem chamado JOÃO BATISTA que apareceu no deserto da Judéia anunciando uma mensagem. Quem era João? A Bíblia não se preocupou em detalhar a chegada deste homem. Não temos informações de onde estudou, o que fazia na sua infância, adolescência e juventude ou qualquer outro detalhe que pudesse qualificá-lo para estar pregando. O que é maravilhoso! Pois um João ninguém aparece em cena, sem ser anunciado, e torna-se a maior voz profética de todos os tempos.


Mas a Bíblia revela informações sobre seus pais, a forma sobrenatural que fora concebido, seu encontro com Jesus ainda no ventre de sua mãe, que o seu nascimento trouxe grande alegria (Sem João, não haveria de chegar Jesus) para muitos, suas palavras uniriam pais e filhos, transformaria a desobediência em prática de justiça, que teria um estilo de vida não muito convencional, que viveria no deserto, que a mão do Senhor estaria sobre ele e que sobre ele estaria a missão de preparar o caminho para o Reino de Deus na Terra.

João Batista foi uma daquelas pessoas que não nasceu para passear na Terra. João, assim como nós, nasceu com uma missão a cumprir nesta vida e nada pode impedi-lo de viver as páginas que Deus escreveu para ele.

Na verdade Deus encontrou em João Batista um homem segundo seu coração. Alguém inquieto e sem atrativos, porém fiel às virtudes mais simples; um homem para quem a carne e o clamor do mundo pou¬co significavam. Este, verdadeiramente, era um homem digno da mensagem que lhe foi confiada.

Embora crescido em meio a um regime ascético e na mais rígida simplicidade, João Ba¬tista era, na verdade, descendente de nobre linhagem sacerdotal, tanto por parte materna quanto paterna. Seu pai, Zacarias, era sacerdote do oitavo turno de ministração, correspondente ao turno de Abias (1 Cr 24.10, 2 Cr 8.14, Ne 12.4-17, Lc 1.5). Isabel, sua mãe, era descendente da casa sacerdotal de Aarão. As circunstâncias sobrenaturais que cercaram sua concepção e seu nascimento estão atentamente descritas no primeiro capítulo do Evangelho de Lucas. Isso, de certo modo, denota a importância que a Igreja primitiva atribuía ao seu trabalho profético, como predecessor do Messias.



Escolhido e separado desde o ventre materno (Lc 1.15), João Batista preparou-se para seu árduo ministério profético retirando-se para o Deserto da Judéia, na região oeste do Mar Morto, sob cuja aridez despendeu boa parte de sua vida. Vestia-se de maneira rude, à moda típica dos profetas (Mt 3.4 e 2 Rs 1.8) e alimentava-se segundo as escassas possibilidades oferecidas pela região. Assim, podemos concluir que nenhum lugar é tão remoto para que o excluamos das visitações da graça divina.

Tanto quanto a santidade e a consagração a Deus, João Batista trouxe como marca de seu ministério profético a coragem e da determinação com as quais exortava o povo, sem acepção de pessoas.

Foi um homem que nunca deixou de falar o que Deus lhe ordenava. João Batista sabia que deveria confrontar o pecado e o erro porque agindo diferente estaria desonrando a Deus. (Mt 3.7-8)

A corrupção que imperava em meio aos coletores de impostos, assim como a inquietude que rondava os soldados foram, da mesma sorte, publicamente desafiadas por João Batista (Lc 3.10-14).

João Batista não parece ter conhecido limites em sua fidelidade para com o Senhor. Nem mesmo os pecados praticados pelo déspota Herodes Antipas, governador da Judéia, deixaram de ser denunciados por este corajoso homem de Deus, que sabendo de sua responsabilidade e lealdade, desprezou as terríveis conseqüências de suas palavras.



Embora o tirano prezasse intimamente a João (Mc 6.20), isso não o impediu de lançá-lo no cárcere da isolada Fortaleza de Maquiros, na costa oriental do Mar Morto. Ali, durante os excessos de sua festa natalícia e no devaneio protagonizado pela sensual filha de Herodias, cujo nome, segun¬do Flávio Josefo, era Salomé, mandou-o decapitar.

A coragem e a determinação mostradas pelo profeta em seu ministério foram lembradas de maneira especial pelo próprio Senhor Jesus, no teste¬munho de Mt 11.7-11.

“(…) Que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?

Sim, que saístes a ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que vestem roupas finas assistem nos palácios reais.

Mas, para que saístes? Para ver um profeta? Sim, eu vos digo, e muito mais que profeta.



(…)Em verdade vos digo: Entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior que João Batista (…)”João Batista é a única pessoa do Novo Testamento, exceto Jesus, cuja obra foi predita no Antigo Testamento. Em Isaías 40.3 ele é a voz do que clama no deserto e prepara o caminho do Senhor.

João Batista veio para dar testemunho de Jesus: Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele (Jo 1.7). Nessa sua missão lemos do testemunho de Jesus nos versículos 7,15,32 e 34. São algumas das verdades que João afirmou:



a) Que Jesus era a luz dos homens;

b) Que o que veio depois dele, era antes dele;

c) Que ele mesmo não era o Cristo;

d) Que era apenas uma voz;

e) Que Jesus era infinitamente mais digno do que ele;

f) Que Jesus era o Cordeiro de Deus;

g) Que o Espírito Santo desceu sobre Jesus;

h) Que Ele era o Filho de Deus (“A Bíblia Explicada”, p. 374).



João testemunhou de Jesus, mas Jesus fez questão de dar sua opinião sobre João Batista. Disse ele:

Mais do que um profeta. Fala dele como…muito mais do que profeta (v. 9); Não era nenhum volúvel, e sim um espírito forte: não era …uma cana agitada pelo vento… (v. 7);



O maior dos nascidos de mulher: Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista… (v. 11) (“A Bíblia Explicada”, p. 316).

O que João fez e disse para que Jesus o elogiasse desta maneira? O que preenchia o coração de João que chamou tanta a atenção de Jesus?



Imediatamente podemos dizer que não existem adoradores de João Batista. Este homem cumpriu o que disse, e o que disse agradou o coração de Deus como poucos: ”Que Ele cresça e que eu diminua”. Muito embora sendo a pessoa mais importante até hoje nascida de mulher, mais que qualquer outra, João nunca esqueceu de seu lugar e por isso nunca tomou o lugar de Jesus.

Somos apresentados a João Batista que apareceu no meio de trevas morais e religiosas. Sua vinda cumpriu promessa feita na Palavra de Deus (João 1.6-8). João veio como luz, não como foco de atração, mas para refletir a luz que lhe foi dada de modo que, por seu intermédio, os homens fossem atraídos para a Fonte de luz. Seu ministério não devia atrair os homens para si próprio, mas para a Luz. Por isso, quando os homens vieram a João e lhe perguntaram se ele era o Messias, ele disse que não. Ele era uma luz para trazer os homens a Cristo.

Tão arrebatadora foi sua autoridade diante das multidões que muitos se convenciam de que o rude ermitão poderia não ser apenas mais um dentre tantos profetas, mas o pró¬prio Messias (Lc 3.15), aquele sobre quem brilharam as luzes proféticas desde a Antigüidade. No entanto, a possível tentação de usurpar uma posição espiritual para a qual não fora designado não encontrou guarida no fiel coração de João Batista. Diante das constantes indagações populares acerca de sua suposta messianidade, João contundentemente afirmava:



“(…)Eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor”Jo 3.28

“(…) Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias.”Mc 1.7

João Batista morreu cumprindo a sua missão como já foi dito. Mas devemos nos lembrar de um fato: o rei Herodes, responsável por sua morte, morreu também. Afinal, tais fatos se deram há cerca de dois mil anos. Quanto a isso não houve diferença entre os dois, assim como não há diferença entre eles e nós (somos todos mortais). A distinção residiu no que cada um fez durante a sua vida, o legado que deixaram e no lugar para onde foram depois da sua morte.

A MENSAGEM



Jamais esqueçamos o que o sábio João disse certo dia: “O homem não pode receber coisa alguma se do Céu não lhe for dada” (Jo 3.27). O evangelho de Lucas também nos afirma que a palavra veio até João Batista no deserto (Lc 3.1). A palavra estava com e em João, mas ele fez questão de dizer que não era dele. O profeta sabia que não era a origem da mensagem, era apenas o instrumento para liberar a mensagem. Ser usado por Deus não é uma questão de escolhermos a mensagem, mas ser escolhido para liberar a mensagem.



Não escolhemos o que pregar, pregamos porque fomos escolhidos.

João também era sal mediante sua pregação. Ele criava fome e sede de justiça, mas este fato em si não garante que o homem tenha essas necessidades satisfeitas. É preciso indicar-lhe o Caminho, a fonte de vida. João era, pois, a luz que mostrava aos famintos e sedentos de justiça a Fonte da qual jorrava a água viva.

Na verdade João Batista veio para despertar o que estava esquecido e incendiar o que estava já estava frio. João Batista foi privilegiado porque ele levou a tocha da evangelização à era do Novo Testamento.

Pregava a doutrina do arrependimento: “Arrependei-vos”. A palavra aqui usada implica uma mudança total de modo de pensar: uma mudança de juízo, da disposição e dos afetos, uma inclinação diferente e melhor da alma. Considerem seus caminhos, mudem seus pensamentos: pensaram errado; comecem de novo e pensem certo. Os penitentes verdadeiros têm pensamentos de Deus e de Cristo, do pecado e da santidade, deste mundo e do outro, diferentes dos que tinham. A mudança do pensamento produz uma mudança de caminho. Este é o arrependimento do evangelho, o qual se produz ao ver a Cristo, ao captar seu amor, e da esperança de perdão por meio dEle.

“O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em um mim. Convém que ele cresça e que eu diminua “(Jo 3.29)

Isso foi dito, portanto, no contexto de identificar quem era quem no ministério. Muitos criam que João poderia ser o Messias esperado. A maneira interessante de João referir-se a Jesus, como noivo, aponta para alguém que veio procurar e preparar a noiva, para as suas futuras bodas, as Bodas do Cordeiro.

Assim como o mundo não estava pronto para o Novo testamento antes de ter recebido o Antigo. Assim como o não salvo não está em condição alguma hoje para o Evangelho até a Lei ser aplicada a seus corações, pois “pela lei vem o conhecimento do pecado (Rm 3.20). Assim também os judeus não estavam preparados para o ministério de Cristo até João Batista ter ido adiante dEle. Num tempo de terrível declínio espiritual em Israel, Deus enviou João Batista para “preparar o caminho do Senhor” (Isaías 40.3; Malaquias 3.1).

A Bíblia diz:

“Desde os tempos de João Batista até agora o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele.” (Mateus 11.12)

Isso não soa, de alguma maneira, como uma descrição nossa? Tornamo-nos tão inertes na igreja, que temos nosso próprio manual de ações “politicamente corretas” e de regras de etiqueta. Porque não queremos nos parecer radicais demais, alinhamos as cadeiras em fileiras muito bem arranjadas e esperamos que nossos cultos sejam igualmente lineares e previsíveis. Precisamos ficar desesperadamente famintos por Deus e, literalmente, nos esquecermos das “boas maneiras”! A aparente diferença entre um louvor litúrgico e um louvor “carismático” é que o programa de um é impresso e o outro memorizado. Geralmente já sabem quando “Deus” vai falar!

Todas as pessoas do Novo Testamento que “esqueceram suas boas maneiras” receberam algo de Deus. Não estou falando da indelicadeza propriamente dita, mas da indelicadeza que brota do desespero! Você se lembra daquela mulher atormentada por uma hemorragia incurável, que, com dificuldade, abriu caminho em meio à multidão para tocar a orla das vestes do Senhor? (Mt 9.20-22). E quanto à impertinente mulher cananéia que não parava de implorar que Jesus libertasse sua filha endemoninhada em Mateus 15.22-28? Embora Jesus a tenha humilhado, dizendo: “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos” (Mateus 15.26b), ela persistiu. E foi tão indelicada, tão incômoda (ou simplesmente tão desesperadamente faminta por pão), que replicou:

“… Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos.” (Mateus 15.27).

Muitos de nós, por outro lado, vamos a nossos pastores e dizemos: “Oh, pastor, será que poderia, por favor, orar por mim e me abençoar?” Se nada, realmente, acontece, simplesmente damos de ombros e dizemos: “Bem, acho que vou comer ou então relaxar”, ou: “Vou para casa e aplacar a minha fome interior com comida carnal e entretenimento.”



Para ser honesto, espero que Deus incomode homens e mulheres em Sua Igreja e os torne tão obcecados com o pão da Sua presença, de forma que não parem mais. E, quando isto acontecer, não vão querer somente o “por favor, me abençoe”. Vão querer a manifestação da presença de Deus, não importa o que custe ou quão insólitos possam parecer. Poderão parecer rudes ou indelicados, mas não se importarão mais com a opinião de homens, somente com a vontade de Deus. Podemos dizer que a Igreja, de modo geral, não tem dado lugar a pessoas assim.

Um dos primeiros passos para o avivamento real é reconhecer que você está em estado de decadência. Esta não é uma tarefa fácil em face da nossa aparente prosperidade, mas precisamos dizer: “Estamos em decadência. Não estamos mais vivendo nossos melhores momentos.” Ironicamente, nos encontramos na clássica situação descrita no livro A Tale of Two Cities (Uma história de duas cidades), de Charles Dickens: “Foram os melhores momentos, foram os piores momentos”.

Em termos econômicos, talvez, sejam estes os melhores momentos, mas, como um todo, a Igreja não está se movendo sobre uma onda de prosperidade espiritual. Qual foi a última vez que sua sombra curou alguém? Qual foi a última vez que sua presença, em algum lugar, tenha levado as pessoas a dizerem: “Tenho que me reconciliar com Deus”? Onde estão os futuros Finneys e Wigglesworths, homens que incendiaram sua geração através do poder do Espírito Santo? Maravilhas provenientes de Deus faziam parte do cotidiano deles.

Conheci um pastor da Etiópia que certa feita estava ministrando um culto, quando homens do Governo Comunista o interromperam, dizendo: “Estamos aqui para acabar com esta igreja.” Eles já tinham tentado de tudo sem sucesso. Então, naquele dia, agarraram a filha de três anos do pastor e a arremessaram pela janela do templo à vista de todos que ali estavam presentes. Os comunistas pensaram que esta violência acabaria com aquela igreja, mas a esposa do pastor desceu, colocou seu bebê morto nos braços, retornou ao seu lugar na primeira fila, e a adoração continuou. Como conseqüência da fidelidade deste humilde pastor, quatrocentos mil crentes fiéis destemidamente compareceram em suas conferências bíblicas na Etiópia.

João Batista não começou dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus…”, porém começou dizendo “arrependei-vos”. Quando Jesus começou Seu ministério pastoral, Ele não disse “tome uma decisão por mim”, mas também começou dizendo “arrependei-vos porque o reino de Deus é chegado”. Como foi que Jesus evangelizou Nicodemos? Ele disse: “você precisa nascer de novo”. Como Jesus evangelizou o jovem rico? Ele disse: “Guarde os mandamentos”. Por que Jesus lhe disse isso? Ele sabia que o jovem não podia guardar todos os mandamentos no seu coração. Jesus estava colocando como alvo a convicção de pecado.

Os puritanos não faziam na sua evangelização nada que os apóstolos e o próprio Senhor Jesus não fizesse. Eles pregavam a lei para que os pecadores se sentissem culpados perante Deus e aí pregavam Cristo, não um Cristo de 12 centímetros de profundidade, e sim, Cristo completo na Sua altitude, na Sua amplitude e na Sua profundidade. Pregavam Cristo destacando Seus ofícios, Seus nomes e Seus títulos. Pregavam Sua natureza e Sua Pessoa,pregavam-no plenamente. Isso nos leva a uma conclusão: o que nós estamos precisando desesperadamente é de uma evangelização centralizada em Deus; uma evangelização centralizada na mensagem; centralizada na Bíblia; não uma evangelização feita pelo homem, mas uma evangelização onde o Espírito Santo está agindo na Palavra e por meio dela. Para este fim você e eu, como evangelistas, nós mesmos fomos restaurados para um relacionamento mais vital e íntimo com Deus por Jesus Cristo.

 O que nós precisamos desesperadamente é de carregadores da tocha, homens e mulheres que estejam em chamas por Deus. Não de homens que estejam em fogo por ensinos não bíblicos, mas de homens inflamados pelo ensino da Palavra de Deus – sim, de homens cheios daquele temor filial a Deus. Você já percebeu que todas as vezes que Paulo fala a pastores e presbíteros para dar-lhes algum conselho ele sempre diz, “Tem cuidado de ti mesmo e depois do rebanho”?

Conclusão

Querido irmão, se você não odiar o pecado, se você não amar a Deus, se não estiver cheio do poder de Cristo, não deve ficar surpreso de seu ministério ser tão infrutífero.

http://www.iepazbacabal.com.br/a-mensagem-de-joao-batista-que-nao-era-dele


terça-feira, 10 de julho de 2012

Unção: Quem pode ungir ou o que ungir?











Este assunto me tem tirado o conforto em razão de tantas inovações e até aberrações por alguns líderes, principalmente.
O que me entristece é que, mesmo sem o conhecimento do assunto, tais líderes sequer procuram se instruir.
É o meu lamento....



Unção: Quem pode ungir ou o que ungir?

Um irmão
A paz do Senhor! Tudo bom meu chefe? Gostaria de lhe perguntar qual é sua opinião sobre unção com óleo; o senhor é tradicional, mas pelas novas concepções, qual é sua posição?
As mulheres podem ungir? Todos os irmãos podem fazê-lo? Tudo se unge e unge-se por
tudo? Hum, gostaria de ouvir sua opinião. Desde já, obrigado pela atenção. Que o Senhor
vos abençoe; tenha uma boa noite, com sono tranquilo e reparador. Fique na paz.

Outro irmão
Pastor, sei que a pergunta nada tem a ver com que o irmão estava tratando ao telefone, mas e ajude.
O óleo mencionado em Tg 5.14 tem qual significado? É importante ou foi só para a época, porque era usado como remédio? O óleo simboliza a presença do Espírito Santo? Quem pode ungir com óleo, e para quê?
Acredito que respondendo essas perguntas, o senhor estará ajudando muita gente que está estudando
Uma irmâ
Qualquer irmão pode ungir? Pode-se ungir objetos ou qualquer parte do corpo? Deve-­se beber o óleo, ao invés de ser ungido?"
Antigamente, o azeite era aplicado depois do banho (Rt 3.3 e Ez 16.9), nas feridas (Lc 10.34), nos cadáveres após a lavagem do corpo (Mc 16.1), nos cativos libertos (Lc 28.15), na cabeça (SI 23.5) e nos pés (Lc 7.38).

No Antigo Testamento, além dos propósitos descritos, a unção adquiriu uma relevância distintivamente religiosa. Ungir com óleo separava determinadas pessoas e objetos, dedicando-os ao serviço divino. Havia na legislação (Ex 30.22-­33 e 40.10-11) óleos que eram usados para dedicar o tabernáculo, seus móveis e seus vasos, assim como os membros da classe sacerdotal de Levi que deviam ali servir. Eventualmente há menções à unção dos profetas (1 Rs 19.6 e SI 105.15), porém o maior número diz respeito à unção dos reis ( 1Sm 10.1; 16.13 ). Até os utensílios de guerra passavam por consagração (2Sm 1.21 e Is 21.5).

Na história da Igreja, era de se esperar que um tão grande número de referências à unção nas Escrituras exercesse um impacto sobre os cristãos ao longo de sua existência.
As igrejas protestantes reconhecem a unção exclusivamente com respeito à cura física. Outros segmentos mais recentes, compostos pelos neopentecostais, têm procurado difundir a ampla e irrestrita utilização de procedimentos apresentados no Antigo Testamento, ungindo a tudo e a todos, sob o pretexto de transmissão de virtudes espirituais.

Esse processo de mistificação do cristianismo afasta-nos da base de que "Cristo é suficiente e bastante" para tudo que necessitamos. Paulo exortou aos Colossenses acerca dos perigos tanto da filosofia, do dogmatismo e do legalismo, quanto do misticismo (Cl 1e 2).
Conforme Amos 6.6 a corrupção generalizada distorceu a intenção original da unção, fazendo crer que mais importante do que a vida interior era a repetição do ritual com o óleo mais excelente. E é exatamente aí que reside o perigo da substituição da espiritualidade dinâmica e transformadora pelo ritualismo repetitivo e sem vida.

A supervalorização de rituais serve apenas aos interesses de quem quer manipular o fiel para multiplicar os resultados da instituição que o impõe. A realidade é que nestes rituais não há qualquer possibilidade de elevação de alma em busca do sagrado.
Em Tiago 5.14-16, o apóstolo orienta sobre a doença física e instrui sobre o direito do fiel em receber a oração, seguida de unção efetuada pelo presbítero, e demonstra que a ênfase recai sobre a oração motivada pela fé, fazendo-nos compreender que a unção aqui pode possuir um caráter estimulante desta fé, não possuindo o azeite em si mesmo qualquer graça espiritual ou "mágica" para operar a cura. Também deixou claro que há enfermidades que não se afastam senão após confissão de pecados. Mas, por outro lado, reconhece que nem sempre a enfermidade é de raiz pecaminosa, conforme indica a expressão "se houver cometido pecados" do verso 15.
E imperativo salvaguardar a espiritualidade desprovida de artifícios que encantam e impressionam os sentidos físicos, pelo tato, visão e até paladar (procedimentos em que o azeite é ingerido e outras aberrações), mas não afetam a vida espiritual.

A ênfase por rituais de unção indiscriminada, além do preceituado em Tiago, atende a interesses de retornar ao período pré-reformado da Igreja, lançando-a na obscuridade advinda da ignorância dos fieis e da volúpia de dirigentes. As ADs, segundo a Bíblia, continuam recomendando: unção apenas pelos enfermos, sobre a testa e não no local da doença, seguida da oração da fé, para restauração da saúde física; e unção realizada apenas pelos condutores espirituais do rebanho de Deus, ou seus presbíteros e pastores-auxiliares, quando autorizados.  
O óleo mencionado em Tiago 5.14 é óleo mesmo, usado como ponto de contato, para estimular a fé do doente. Não há nele nenhum poder inerente. Tanto que o versículo seguinte mostra que "a oração da fé salvará o doente".

A unção para os enfermos é a única que deve prevalecer em nossos dias (Mc 6.13; Tg 5.14). No plano espiritual, a unção representa o Espírito Santo (Lc 4.18), mas no caso da unção literal (exclusivamente para os doentes, e não para carteiras de trabalho, carros, casas, etc.), é apenas um ponto de contato mesmo.

Quem pode ungir com óleo, e para quê? Só o ministério pode ungir, a fim de interceder a Deus pelos enfermos (Mc 6.13; Tg 5.14). O que passar disso é modismo, má inovação, sem nenhum respaldo bíblico.

Não encontramos na Bíblia nem uma vez sequer ordem para ungir carros, caminhões, casas, sítios e etc. Ungir essas coisas fica um tanto esquisito porque casas, carros, sítios poderão ser vendidos e daí como fica a unção anteriormente realizada, ela tem vencimento? No Novo Testamento encontramos ordens para ungir enfermos, porém examine com muita atenção essa ordem, porque existem também pessoas ungindo em desacordo com a Palavra de Deus, preste bem atenção no que o Apostolo Tiago diz: (Tiago 5:14) “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor”. Tiago diz: Está alguém entre vós doente? E em seguida determina quem são os que devem realizar a unção. Hoje vemos pessoas que não estão no Presbitério e até senhoras ungindo, além disso, ungindo pessoas que nem pertence a uma igreja, como pode ser isso? Como fica a ordem apostólica, porque quando ele diz; alguém entre vós, entende-se claramente que ele se referia a Igreja e não ao mundo. Outra coisa que acontece é que muitos ungem o local da enfermidade, se você prestou atenção na leitura do versículo acima você notou que está escrito; orem sobre ele e em lugar nenhum diz para ungir o local da enfermidade. Ungir o local da enfermidade pode trazer conseqüências desastrosas e mesmo porque não existe essa recomendação na Bíblia. E o que é ainda pior, banaliza a unção que é algo tão sagrado. Ao ungir qualquer pessoa, e sem critérios, sobretudo não crentes, posso incorrer em um grande erro: ungir alguém que pode estar dominado por demônios ou espíritos enganadores.

Para mim, isso é ultrapassar o que está escrito e isso não é recomendável.

Não concordo com discriminações alguma, porém a unção não foi autorizada para ser realizada por senhoras(irmãs) e nem para se ungir os de fora(não crentes) e nós temos que obedecer às ordens bíblicas e não os nossos pensamentos que isso pode ser assim e assim. Se alguém puder me apresentar outra base dentro da Bíblia, ficarei grato.

Não podemos aceitar heresias e modismos. Bíblia é Bíblia.

Em Cristo,

Procure saber se estes adeptos, inclusive pastores:

1.  São alunos da Escola Bíblia Dominical
2.  São participantes dos Cultos em que a Palavra é Ensinada
3.  São participantes dos Cultos Administrativos da Igreja
4.  São alunos de Seminário Genuinamente Teológico
5.  São obedientes aos seus líderes e pastores
6.  Têm compromisso com Deus,Sua Palavra e com a sua Igreja
7.  Têm vida consagrada a Deus
8.  Dão testemunhos de vida em casa, rua e trabalho etc

Fontes consultadas:
cirozibordi.blogspot.com
 Biblia Hebraica
Novo Testamento Grego
Dicionário Zondervan
Concordância Exaustiva de Strong
Léxico Alemão grego

segunda-feira, 9 de julho de 2012

A Enfermidade na Vida do Crente

A enfermidade na vida do crente


Texto Áureo: Sl. 41.3 – Leitura Bíblica: Is. 38.1-8

DEFININDO ENFERMIDADE

Em hebraico, o verbo halâ descreve uma pessoa em situação de fragilidade, especialmente de doença. O substantivo está associado a uma praga, com destaque para as doenças de pele, cujo regulamento se encontra em Lv 13,14. No grego do Novo Testamento, o verbo astheneia significa fraqueza, mas também pode ser usado para se referir às fragilidades físicas. O substantivo nossos é o termo mais usado, e diz respeito à doença, muitas delas curadas por Jesus (Mt 4.24), em cumprimento às profecias de Is. 53.4, de acordo com Mt 8.17. Jesus também deu aos Seus discípulos a autoridade para curar as enfermidades (Lc 19.1), muitas delas narradas por Lucas em Atos (At 19.11). Na teologia bíblica veterotestamentária, a enfermidade é considerada uma das maiores provações, basta considerarmos a avaliação dos amigos de Jó (Jo 2.4,7). As pessoas vitimadas pela enfermidade, na cultura judaica, eram tratadas com desdém. Por isso, os judeus temiam as enfermidades, dentre elas, a lepra (Nm 12.12-16; 2 Rs 7.3; 2 Cr 26.19-21), tumores (1 Sm 5.6; 2 Sm 24.11,15), tuberculoses e febres (Dt 28.22; Sl. 91.5) e varíola (Ex 9.8-12), bem como as doenças mentais (1 Sm. 19.8; Dn 4.26-30). Dentro daquela cultura, a enfermidade costumava ser atrelada ao pecado (Sl 38.3,18; 2 Cr 21.12-20). No Novo Testamento, Jesus se mostra condescendente com os enfermos (Mt 4.23,24). A relação entre enfermidade e pecado, assumida pelos amigos de Jó, e comum na cultura judaica, foi questionada por Jesus (Jo 9,2,3). Ao invés de evitar os enfermos, a igreja de Jesus Cristo, tal como Ele mesmo fez com os leprosos (Mc 1.40-45), deva se compadecer com aqueles que sofrem enfermidades (1 Co. 12.26). Ninguém tem autoridade para julgar os outros por causa da enfermidade, suas origens são diversas: quebra de leis da natureza, trabalho excessivo, acidentes, preocupação, ansiedade e hereditariedade, todas elas com a permissão de Deus (Jó 1.8-12; Gl 4.3; 2 Co 12.5-10).

TEXTO ÁUREO

“O Senhor o assiste no leito da enfermidade; na doença, tu lhe afofas a cama” (Sl 41.3 - ARA).



VERDADE PRÁTICA

Deus nem sempre cura as nossas enfermidades, mas concede-nos forças para que, mesmo no leito de dor, continuemos a glorificar o seu nome.



LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Isaías 38.1-8.

1 - Naqueles dias, Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; e veio a ele Isaías, filho de Amoz, o profeta, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás.

2 - Então, virou Ezequias o rosto para a parede e orou ao Senhor.

3 - E disse: Ah! Senhor, lembra-te, peço-te, de que andei diante de ti em verdade e com coração perfeito e fiz o que era reto aos teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo.

4 - Então, veio a palavra do Senhor a Isaías, dizendo:

5 - Vai e dize a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos.

6 - E livrar-te-ei das mãos do rei da Assíria, a ti, e a esta cidade; eu defenderei esta cidade.

7 - E isto te será da parte do Senhor como sinal de que o Senhor cumprirá esta palavra que falou:

8 - eis que farei que a sombra dos graus, que passou como sol pelos graus do relógio de Acaz, volte dez graus atrás. Assim, recuou o sol dez graus pelos graus que já tinha andado.



PROPOSTA DA LIÇÃO

Adão enfermou no corpo, na alma e no espírito;

As enfermidades geram limitações e impedimentos?

Existem enfermidades de origem maligna?

A depressão pode ser entendida como tristeza?

Síndromes: sintomas produzidos por muitas causas;

Doenças psicossomáticas: desajustes do emocional?

Culpado pelas enfermidades? Deus? Somos pó;

Dor e sofrimento servem para confiarmos mais em Deus;

Deus é imutável! A sua maneira de agir é única.



INTRODUÇÃO

Enquanto estivermos neste corpo corruptível sofreremos com as doenças e enfermidades ou podemos afirmar que tais males não podem nos afrontar por professarmos a fé em Jesus? Esta situação somente mudará quando recebermos o novo corpo, incorruptível (1Co 15.52).



Entre as aflições do tempo presente, “a enfermidade é a que mais temos dificuldade em aceitar”, justamente por imaginarmos que estamos blindados contra os males que afligem a humanidade.



Não esqueçamos do aviso: “no mundo tereis aflições”, de todas as ordens, natural, econômica e física. O fato de termos alcançado o perdão dos pecados não nos dá a garantia de saúde perfeita ou pronto restabelecimento das enfermidades, prova disto foi o que aconteceu com o paralítico de Cafarnaum, levado por seus amigos até a presença de Jesus, o qual primeiramente teve seus pecados perdoados (Mc 2.5). A cura ocorreu devido a desconfiança e perturbação dos fariseus (Mc 2.10-12).



O ocorrido com o paralítico de Cafarnaum e com o cego de nascença (Jo 9.2) nos prova que o pecado não é a única ou a principal causa das enfermidades, existem algumas que são para a manifestação da glória de Deus (Jo 11.4).



O homem herdou a natureza pecaminosa, manifesta no Éden, e “passamos a viver numa terra amaldiçoada em virtude” (Gn 3.17), portanto não temos como negar que possuímos um corpo “marcado para morrer”.



O grande anseio da humanidade é justamente a isenção de sofrimentos e um mundo marcado pela ausência de enfermidades. Aproveitando-se disto, a teologia da prosperidade, ganhou terreno ao longo dos últimos anos, justamente por se utilizar destes anseios e transformá-los em carro chefe de suas pregações.



Sob a falsa alegação de que enfermidades e sofrimentos são características da ausência de fé, muitos são enganados e materializam suas esperanças no “terreno” e superficial. Talvez por isto Jesus tenha recomendado silêncio aos necessitados, conforme recebiam a cura (Mt 12.16). Porque tanto anuncio, tanto barulho nos dias hodiernos? Certamente acontecerá o que Jesus tentou evitar na época, pois tais “milagreiros” são procurados devido a esperança no reino material e não no espiritual.



Encontramos inúmeros registros bíblicos de instrumentos fiéis usados por Deus, que enfrentaram a adversidade e ou as enfermidades e não se encontravam em pecado ou fora da direção de Deus, portanto não foram punidos, apenas ficaram sujeitos aos males, como qualquer outro ser humano da história.



I. A ORIGEM DAS ENFERMIDADES - Ler os textos: Jo 5.14; Jo 9.2; Lc 13.2,3; Ez 33.11



1. A QUEDA E AS ENFERMIDADES

Qual a origem das doenças? Deus criou o homem para desfrutar de uma saúde perfeita e por isto deveria viver em comunhão com seu Criador (Gn 1.31), para dominar sobre a criação terrena, mas a queda o fez conhecer o salário do pecado, a morte (Rm 6.23). Este desequilibro pós queda (Gn 3.17-19) propiciou o surgimento das enfermidades, como conseqüência direta do rompimento da relação Deus e humanidade.



A. As enfermidades podem nos atingir em três níveis e por três razões

A.1 Os três tipos de doença sobre os quais a Bíblia nos fala são basicamente os seguintes:



i. As enfermidades adquiridas; - a Bíblia nos ensina que Deus criou um cosmo perfeito, os homens perfeitos, mas estes se meteram em muitas astúcias, suas decisões morais foram influenciando, prejudicando, arruinando a existência como um todo, o pecado trouxe conseqüências para o universo como um todo. Resumindo: enfermidades adquiridas, é resultado de um mundo caído, depravação total da natureza, separação entre Deus e o homem, divisão interior no homem, legado de nossos pais, conflito da própria carne, as agressões espirituais, todas essas forças interagindo vão deixar marcas na alma, ou seja, o pecado é a causa primaria das enfermidades adquiridas.



ii. As enfermidades terapêuticas; - Algumas enfermidades geram limitações que nos impedem até mesmo de realizarmos a Obra do Senhor. Algumas destas são permitidas por Deus para crescimento de nossa fé, mesmo que não aceitamos ou entendamos desta forma. Temos muitos exemplos de fiéis que foram acometidos de enfermidades, dentre os quais destacamos:

Eliseu, o profeta que mais realizou prodígios e milagres, da parte de Deus, mas que enfrentou a enfermidade e morreu (2 Rs 13.14);

Ezequias (2 Rs 20.1-11);

Jó (Jó 1.1-22);

Timóteo (1Tm 5.23) que recebeu recomendações de Paulo para resolver seus problemas estomacais;

Trófimo, um auxiliar de Paulo, que ficou doente em Mileto (2 Tm 4.20);

Epafrodito (Fp 2.25-27);

Paulo (2Co 12.7-9).

Por uma razão simples: Ninguém aprende coisa alguma na alegria, a alegria não tem a didática que faz o ser humano tornar-se sábio, não promove grandeza interior, inclusive por sua natureza- fogosa, pouco reflexiva.



iii. As enfermidades autoproduzidas; - São as doenças que a ciência moderna chama de psicossomáticas, resultado da desarmonia, traumas, rachaduras psicológicas, amarguras guardadas, sentimentos de culpa que esmagam, etc.

Todos nós temos verdugos psicológicos, carcereiros na nossa consciência, que nos fazem enfermar.



2. ENFERMIDADES DE ORIGEM MALIGNA.

A Bíblia relata alguns casos de enfermidades cuja origem era maligna, entre as quais destacamos o caso do jovem lunático (Mt 17.14-18; Mc 9.17-27), do homem mudo (Lc 11.14) e da mulher que andava encurvada devido a um espírito de enfermidade (Lc 13.10-17).



O inimigo de nossas almas não pode tocar na vida e na saúde de ninguém sem a permissão de Deus (Jó 2.6), por isto temos a certeza de que ele não poderá vencer os nascidos de novo (1 Jo 5.18).













II. AS DOENÇAS DA VIDA MODERNA



1. DEPRESSÃO.



A depressão não é somente uma tristeza, embora o desalento, sem uma causa aparente, seja um dos seus muitos sintomas. Chegou a ser considerada a doença do século, devido a sua complexidade e dificuldade de diagnóstico. Pode ser causada por vários fatores, tais como: medicamentos, doenças físicas, período pós-parto, etc. Todos estão expostos e sujeitos a este mal (Sl 42.3-6,11; 2 Co 1.8).



Uma pessoa que professa a fé em Jesus pode ser afligido por esta doença? Encontramos na Bíblia servos de Deus enfrentando esta terrível enfermidade?



Davi é, um grande modelo e exemplo de que um único crente pode ser submetido a vários tipos de enfermidades:

Salmo 38.1ss



Se tomarmos as imagens ao pé da letra, notaremos várias doenças, as quais exigiriam vários profissionais para delas cuidar. Se estivesse num hospital, ele seria encaminhado a diferentes profissionais:

. a um clínico geral, porque não havia saúde em nenhum dos seus órgãos (v. 3a)

. a um ortopedista, porque seus ossos estavam fracos (v. 3b)

. a um dermatologista, porque sua pele estava cheia de feridas (v. 5)

. a um psiquiatra, porque ele se achava um louco (v. 5b)

. a um psicólogo, porque estava aflito e sem razão para viver (v. 6)

. a um urologista, porque seus rins ardiam (v. 7a)

. a um cardiologia, porque seu coração batia descontroladamente (v.10a)

. a um oftalmologista, porque sua visão falhava (v. 10c)

. a um otorrino, porque perdera a audição (v. 13a)

. a um fonoaudiólogo, porque não conseguia mais falar (v. 13b)

. a um enfermeiro, para lhe ministrar a medicação necessária,

. a um biólogo, porque precisava se submeter a uma série de exames laboratoriais

. a um radiologista, porque seus ossos precisam ser radiografados,

. a um fisioterapeuta, porque não conseguia andar

. a um professor de educação física, porque precisava de exercícios que fortalecessem seus músculos

. a um nutricionista, porque precisava se alimentar adequadamente



Elias, o tesbita (I Reis 19.1-4);

Jó (Jó 3.11; 6.11; 17.1);

Abraão (Gn 15);

Jonas (Jn 4);

Davi (Sl 13.1-3; 57.6-7).

A depressão, o grande “buraco negro” da vida é o momento que o Maligno aproveita para inutilizar o servo de Deus para a obra e para a vida, mas mesmo em meio a esta situação, ele ainda é assistido e pode contar com o cuidado, proteção e orientação de Deus (Is 57.15).

2. SÍNDROME DO PÂNICO.

Síndrome do pânico, “crise ansiosa aguda” ou pavor repentino e incontrolável, apresenta os seguintes sintomas: taquicardia, sudorese, aumento da pressão arterial e tontura. É preciso muita oração, apoio da família e da igreja, além de tratamento médico especializado.





3. AS DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS.

As doenças psicossomáticas manifestam-se quando os desajustes do sistema emocional transformam-se em doenças físicas. Estando o sistema emocional abalado, possivelmente haverá reflexos no corpo. A pessoa emocionalmente fragilizada ou estressada pode vir a ter dor de estômago, insônia, fadiga, artrite e dores de cabeça. As causas de tais sintomas não se encontram em nosso físico, mas na mente. A fé em Jesus Cristo e na sua Palavra é um excelente remédio para ajudar-nos a manter a saúde física e mental.



As doenças psicossomáticas “são provocadas por distúrbios emocionais comuns, tal como o ansiedade, estresse, depressão, competitividade, busca pelo sucesso profissional, descontroles dos processos mentais”. São distintas das doenças orgânicas, as quais abalam o corpo humano.



Para a medicina psicossomática, o homem é um ser integral, somático, social, intelectual e espiritual (Lc 2.52) “uma unidade que sente e sofre de maneira global”.

1.1 Cerca de 80% das doenças que se instauram, que se enraízam na vida do homem moderno, têm como causa:



• Desordem psíquica;

• Desestruturação emocional;

• Sistema nervoso abalado;

• Traumas que o atingiram na infância;

• Útero materno;

• Desagregrações familiares;

• Dor, indiferença no trato;

• Emoções carregadas de sentimento de culpa, etc.

1. Perdas: de ente querido, condições sociais bens materiais, frustrações amorosa, ideológica, derrotas, recessão econômica, subemprego, desemprego, etc.

2. Conflitos internos, várias ações podem se desencadear:

3. Angustia, sentimentos e pensamentos muitos difíceis de tolerar.

Culpa,Impotência,Abandono,Medo,Falta de interesse,Tristeza,Desânimo,Insegurança,Apatia,Choro persistente,Negativismo,Irritabilidade,Falta de concentração,auto-estima depreciada,Idéias de matar,

Roubar,



III. O QUE FAZER DIANTE DA DOR E SOFRIMENTO

1. NÃO CULPAR OU QUESTIONAR A DEUS.

Muitos culpam a Deus pelas enfermidades e agem como o rei Ezequias, se martirizando e questionando sobre suas situações. Por seu lamento, a ele foi concedido um acréscimo de quinze anos de vida (Is 38.5), contudo neste período de sobrevida, ele cometeu um de seus maiores erros (Is 39.1-8). O certo é que muitos esquecem de que são pó e que ao pó retornarão (Gn 3.19).



Culpar ou questionar a Deus situações desagradáveis que enfrentamos no decorrer de nossa história é “fruto da ignorância, da falta de conhecimento”. Mesmo sendo difícil entendermos e aceitarmos o silêncio de Deus, que às vezes é doloroso, mas necessário para nos colocar na posição de servos.



O patriarca Jó, foi um caso atípico, pois clamou tanto pelo fim do silêncio de Deus e quando ouviu a voz, antes fosse melhor não ter escutado, pois em vez de respostas para a sua situação ele ouviu uma bateria de perguntas, as quais ele não tinha respostas (Jó 38; 39; 40; 41).



2. CONFIAR EM MEIO À DOR.

A dor e o sofrimento não devem afastar-nos da presença de Deus, pelo contrário, pois devem servir de aprendizado e enriquecimento de nossa confiança, mas como é difícil nos portarmos e entendermos os desígnios de Deus, principalmente nos momentos calamitosos da nossa vida (Sl 37.5; Rm 8.28).



3. A ESPERA DE UM MILAGRE.

Deus é imutável e continua a operar milagres e maravilhas, todavia não podemos nos esquecer da sua soberania. Ele opera quando quer e a sua maneira de agir é única.



A ação de Deus a fim de restaurar ou mudar uma situação em nossa vida poderá ocorrer de “forma milagrosa ou por meio dos recursos” extras, tal como a medicina, mas para isto é necessário entendermos que os propósitos de Deus não podem ser confundidos com a nossa vontade e caprichos.



A espera por um milagre é o momento que ocorre o enriquecimento do cristão, crescimento, um amadurecimento.



CONCLUSÃO



Um dia não houve e em outro não haverá, mas por enquanto não temos como fugir da realidade nua e crua que nos cerca. Enfermidades, aflições e sofrimentos que servem para distinguir o que serve e o que não serve a Deus, pois ninguém está imune as enfermidades, mas a distinção e vitória do cristão reside justamente na confiança que é depositada em Deus.



Quero concluir dizendo o seguinte:



Há doenças adquiridas, há doenças recebidas ou aproveitadas como terapia, e há doenças autoproduzidas, em função das nossas emoções e ansiedade.



Deus, porém, tem cura para todas elas.

No entanto hoje vamos crer que Ele há de curar essas enfermidades que nós mesmos geramos, através de sua palavra saradora pelo poder iluminado do Espírito Santo.



O grande drama da vida não é morrer, “é não viver”, morrer sem Ter vivido, e não Ter vivido significa, “não Ter amado”.



Quem de fato ama, morre de vida vivida.



Que esta palavra se converta em medicina para o seu corpo em nome de Jesus, Amém.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Vocação em Xeque




Tremi ao ler este texto. Chorei ao terminar.

Vocação em xeque


  
Pastores feridos

Pastores que abandonam o púlpito enfrentam o difícil caminho da auto-aceitação e do recomeço.
  
 
  Marcelo Brasileiro


Desânimo, solidão, insegurança, medo e dúvida. Uma estranha combinação de sensações passou a atormentar José Nilton Lima Fernandes, hoje com 41 anos, a certa altura da vida. Pastor evangélico, ele chegou ao púlpito depois de uma longa vivência religiosa, que se confunde com a de sua trajetória. Criado numa igreja pentecostal, Nilton exerceu a liderança da mocidade já aos 16 anos, e logo sentiria o chamado – expressão que, no jargão evangélico, designa aquele momento em que o indivíduo percebe-se vocacionado por Deus para o ministério da Palavra. Mas foi numa denominação do ramo protestante histórico, a Igreja Presbiteriana Independente (IPI), na cidade de São Paulo, que ele se estabeleceu como pastor. Graduado em Direito, Teologia e Filosofia, tinha tudo para ser um excelente ministro do Evangelho, aliando a erudição ao conhecimento das Sagradas Escrituras. Contudo, ele chegou diante de uma encruzilhada. Passou a duvidar se valeria mesmo a pena ser um pastor evangélico. Afinal, a vida não seria melhor sem o tal “chamado pastoral”?


 
As razões para sua inquietação eram enormes. Ordenado pastor desde 1995, foi justamente na igreja que experimentou seus piores dissabores. Conheceu a intriga, lutou contra conchavos, desgastou-se para desmantelar o que chama de “estrutura de corrupção” dentro de uma das igrejas que pastoreou. Mas, no fim de tudo isso, percebeu que a luta fora inglória. José Nilton se enfraqueceu emocionalmente e viu o casamento ir por água abaixo.  Mesmo vencendo o braço-de-ferro para sanar a administração de sua igreja, perdeu o controle da vida. A mulher não foi capaz de suportar o que o ministério pastoral fez com ele. “Eu entrei num processo de morte. Adoeci e tive que procurar ajuda médica para me restabelecer”, conta. Com o fim do casamento, perdeu também a companhia permanente da filha pequena, uma das maiores dores de sua vida.

Foi preciso parar.  No fim de 2010, José Nilton protocolou uma carta à direção de sua igreja requisitando a “disponibilidade ativa”, uma licença concedida aos pastores da denominação. Passou todo o ano de 2011 longe das funções ministeriais. No período, foi exercer outras funções, como advogado e professor de escola pública e de seminário.  “Acho possível servir a Jesus, independentemente de ser pastor ou não”, raciocina, analisando a vida em perspectiva. “Não acredito mais que um ministério pastoral só possa ser exercido dentro da igreja, que o chamado se aplica apenas dentro do templo. Quebrei essa visão clerical”. Reconstruindo-se das cicatrizes, Nilton casou-se novamente. E, este ano retornou ao púlpito, assumindo o pastoreio de uma igreja na zona leste de São Paulo. Todavia, não descarta outro freio de arrumação. “Acho que a vida útil de um líder é de três anos”, raciocina. “É o período em que ele mantém toda a força e disposição. Depois, é bom que esse processo seja renovado”. É assim que ele pretende caminhar daqui para frente: sem fazer do pastorado o centro ou a razão da sua vida.


Encontrar o equilíbrio no ministério não é tarefa  fácil. Que o digam os ex-pastores ou pastores afastados do púlpito que passam a exercer outras atividades ou profissões depois de um período servindo à igreja. Uma das maiores denominações pentecostais do país, a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ), com seus 30 mil pastores filiados – entre homens e mulheres –, registra uma deserção de cerca de 70 pastores por mês desde o ano passado. Os números estão nas circulares da própria igreja. Não é gente que abandona a fé em Cristo, naturalmente; em sua maioria, os religiosos que pedem licença ou desligamento das atividades pastorais continuam vivendo sua vida cristã, como fez José Nilton no período em que esteve afastado do púlpito. É que as pressões espirituais e as demandas familiares e pessoais dos pastores, nem sempre supridas, constituem uma carga difícil de suportar ao longo doa anos. Some-se a isso os problemas enfrentados na própria igreja, as cobranças da liderança, a necessidade de administrar a obra sob o ponto de vista financeiro e – não raro – as disputas por poder e se terá uma ideia do conjunto de fatores que podem levar mesmo aquele abençoado homem de Deus a chutar tudo para o alto.


 A própria IPI, onde José Nilton militou, embora muito menor que a Quadrangular – conta com cerca de 500 igrejas no país e 690 pastores registrados –, teria hoje algo em torno de 50 ministros licenciados, número registrado em relatório de 2009. Pode parecer pouco, mas representa quase dez por cento do corpo de pastores ativos. Caso se projete esse percentual à dimensão da já gigantesca Igreja Evangélica brasileira, com seus aproximadamente 40 milhões de fiéis, dá para estimar que a defecção dos púlpitos é mesmo numerosa. De acordo com números da Fundação Getúlio Vargas, o número de pastores evangélicos no país é cinco vezes maior do que a de padres católicos, que em 2006 era de 18,6 mil segundo o levantamento Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações Sociais. Porém, devido à informalidade da atividade pastoral no país, é certo que os números sejam bem maiores.


FERIDOS QUE FEREM



 O chamado pastoral sempre foi o mais valorizado no segmento evangélico. Por essa razão, é de se estranhar quando alguém que se diz escolhido por Deus para apascentar suas ovelhas resolva abandonar esse caminho. Nos Estados Unidos, algumas pesquisas tentam explicar os principais motivos que levam os pastores a deixar de lado a tarefa que um dia abraçaram. Uma delas foi realizada pelo ministério LifeWay, que, por telefone, contatou mil pastores que exerciam liderança em suas comunidades eclesiásticas. E o resultado foi que, apesar de se sentirem privilegiados pelo cargo que ocupavam (item expresso por 98% dos entrevistados), mais da metade, ou 55%, afirmaram que se sentiam solitários em seus ministérios e concordavam com a afirmação “acho que é fácil ficar desanimado”. Curiosamente, foram os veteranos, com mais 65 anos, os menos desanimados. Já os dirigentes das megaigrejas foram os que mais reclamaram de problemas. De acordo com o presidente da área de pesquisas da Life Way, Ed Stetzer – que já pastoreou diversas igrejas –, a principal razão para o desânimo pode vir de expectativas irreais. “Líderes influenciados por uma mentalidade consumista cristã ferem todos os envolvidos”, aponta. “Precisamos muito menos de clientes e muito mais de cooperadores”, diz, em seu blog pessoal.



 Outras pesquisas nos EUA vão além. O Instituto Francis Schaeffer, por exemplo, revelou que, no último ano, cerca de 1,5 mil pastores têm abandonado seus ministérios todos os meses por conta de desvios morais, esgotamento espiritual ou algum tipo de desavença na igreja. Numa pesquisa da entidade, 57% dos pastores ouvidos admitiram que deixariam suas igrejas locais, mesmo se fosse para um trabalho secular, caso tivessem oportunidade. E cerca de 70% afirmam sofrer depressão e admitem só ler a Bíblia quando preparam suas pregações. Do lado de cá do Equador, o nível de desistência também é elevado, ainda mais levando-se em conta as grandes expectativas apresentadas no início da caminhada pastoral pelos calouros dos seminários. “No começo do curso, percebemos que uma boa parte dos alunos possui um positivo encantamento pelo ministério. Mais adiante, já demonstram preocupação com alguns dilemas”, observa o diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo, o pastor batista Lourenço Stélio Rega. Ele estima que 40% dos alunos que iniciam a faculdade de teologia desistem no meio do caminho. Os que chegam à ordenação, contudo, percebem que a luta será uma constante ao longo da vida ministerial – como, aliás, a própria Bíblia antecipa.

E, se é bom que o ministro seja alguém equilibrado, que viva no Espírito e não na carne, que governa bem a própria casa, seja marido de uma só mulher (ou vice-versa, já que, nos tempos do apóstolo Paulo não se praticava a ordenação feminina) e tantos outros requisitos, forçoso é reconhecer que muita gente fica pelo caminho pelos próprios erros. “O ministério é algo muito sério” lembra Gedimar de Araújo, pastor da Igreja Evangélica Ágape em Santo Antonio (ES) e líder nacional do Ministério de Apoio aos Pastores e Igrejas, o Mapi. “Se um médico, um advogado ou um contador erram, esse erro tem apenas implicação terrena. Mas, quando um ministro do Evangelho erra, isso pode ter implicações eternas.”



Desde que foi criado, há 20 anos, em Belo Horizonte (MG), como um braço do ministério Servindo Pastores e Líderes (Sepal), o Mapi já atendeu milhares de pastores pelo país. Dessa experiência, Gedimar traça quatro principais razões que podem ser cruciais para a desmotivação e o abandono do ministério. “Ativismo exagerado, que não deixa tempo para a família ou o descanso; vida moral vacilante, que abre espaço para a tentação na área sexual; feridas emocionais e conflitos não resolvidos; e desgaste com a liderança, enfrentando líderes autoritários e que não cooperam”, enumera. Para ele, é preciso que tanto os membros das igrejas quanto as lideranças denominacionais tenham um cuidado especial com os pastores. “Muitos sofrem feridas, como também, muitas vezes, chegam para o ministério já machucados. E, infelizmente, pastor ferido acaba ferindo”.

Quanto à responsabilidade do próprio pastor com o zelo ministerial, Gedimar é taxativo: “É melhor declinar do ministério do que fazê-lo de qualquer jeito ou por simples necessidade”. A rede de apoio oferecida pelo Mapi supre uma lacuna fundamental até mesmo entre os pastores – a do pastoreio. “É preciso criar em torno do ministro algumas estruturas protetoras. É muito bom que o líder conte com um grupo de outros pastores onde possa se abrir e compartilhar suas lutas; um mentor que possa ajudá-lo a crescer e acompanhamento para seu casamento e família e, por fim, ter companheiros com quem possa desenvolver amizades e relacionamentos saudáveis e sólidos”, enumera.


EXPECTATIVAS

Juracy Carlos Bahia, pastor e diretor-executivo da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB), sediada no Rio de Janeiro, conhece bem o dilema dos colegas que, a certa altura do ministério, sentem-se questionados não só pelos outros, mas, sobretudo, por si mesmos. Ele lida com isso na prática e sabe que o preço acaba sendo caro demais. “Toda atividade que envolve vocação, como a do professor, a do médico ou a do pastor, é vista com muita expectativa. Quando se abandona esse caminho, é natural um sentimento de inadequação”. Para Bahia, o desencantamento com o ministério pastoral é fruto também do que entende como frustrações no contexto eclesiástico. Há pastores, por exemplo, que julgam não ter todo seu potencial intelectual utilizado pela comunidade. “Às vezes, o ministro acha que a igreja que pastoreia é pequena demais para seus projetos pessoais”, opina. Isso, acredita Bahia, estimula muitos a acumularem diversas funções, além das pastorais. “Eu defendo que os pastores atuem integralmente em seus ministérios. Porém, o que temos visto são pastores-advogados, pastores-professores, enfim, pastores que exercem outras profissões paralelas ao púlpito”, observa.

 


No entender do dirigente da OPBB, esse acúmulo de funções mina a energia e o potencial do obreiro para o serviço de Deus. A associação reúne aproximadamente dez mil pastores batistas e Bahia observa isso no seio da própria entidade: “Creio que metade deles sofra com a fuga das atividades pastorais para as seculares”. Contudo, ele acredita que deixar o ministério não é algo necessariamente negativo. “A pessoa pode ter se sentido vocacionada e, mais adiante na vida, por meio da experiência, das orações e interação com outros pastores, é perfeitamente possível chegar à conclusão que a interpretação que fez sobre seu chamado não foi adequada e sim emotiva”.

Quando, já na meia idade, casado e com dois filhos, ingressou no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN), na capital pernambucana, Recife, Francisco das Chagas dos Santos parecia um menino de tanto entusiasmo. Nem mesmo as críticas de parentes para que buscasse uma colocação social que lhe desse mais status e dinheiro o desmotivou. “A igreja, para mim, é a melhor das oportunidades de buscar e conhecer meu Criador para que, pela graça, eu continue com firmeza a abrir espaço em meu coração para que ele cumpra sua vontade em mim, inclusive no ministério pastoral”, anotou em sua redação para o ingresso no SPN, em 1998. Ele formou-se no curso, foi ordenado pastor em 2003 e dirigiu igrejas nas cidades de Garanhuns e Saloá.

Hoje, aos 54 anos, Francisco trabalha como servidor público no Instituto Agronômico de Pernambuco. Ainda não curou todas as feridas e ressentimentos desde que, em 2010, entregou seu pedido de desligamento da denominação. Ele lamenta o tratamento recebido pelos seus superiores enquanto foi pastor. “Minha opinião sobre igreja não mudou. Nunca planejei um dia pedir licença ou despojamento do ministério. Mas entendo que somos o Corpo de Cristo, e, se uma unha dói, todos nós estamos doentes”, pondera. “Não é possível ser pastor sem pensar em restaurar vidas – e existem muitas vidas precisando de conserto, inclusive entre nós, pastores”.

A vida longe dos púlpitos ainda não foi totalmente sublimada e Francisco sabe bem que será constantemente indagado sobre sua decisão de deixar o ministério. “A impressão é que você deixou um desfalque, que adulterou ou algo parecido”, observa. Ele não considera voltar a pastorear pela denominação na qual se formou, porém não consegue deixar de imaginar-se como pastor. “Uma vez pastor, pastor para sempre”, recita, “muito embora as pessoas, em geral, acreditem que seja necessário um púlpito.”


Rebanho às avessas 

A maioria dos pastores que se afastam de suas atividades ministeriais não abandona a fé em Cristo. Cada um deles, a seu modo, mantém sua vida espiritual e o relacionamento pessoal com Deus. Mas há quem saia do púlpito pela porta dos fundos, renegando as crenças defendidas com ardor durante tantos anos de atividade sacerdotal. Para estes – e, é bom que se diga, trata-se de uma opção nada recomendável –, existe a Freedom from Religion Foundation (“Fundação para o fim da religião”), entidade criada por ninguém menos que o mais famoso apologista do ateísmo da atualidade, o escritor britânico Richard Dawkins, autor do best-seller Deus, um delírio. Ele e um grupo de céticos lançaram o Projeto Clero, iniciativa que visa a apoiar ex-clérigos – pastores, padres, rabinos – no reinício da vida longe das funções religiosas. “Sacerdotes que perdem sua fé sofrem uma penalização dupla. Eles perdem seu emprego e, ao mesmo tempo, sua família e a vida que sempre tiveram”, argumenta Dawkins, no site do projeto. Não se tem notícia confiável de quantos ex-líderes aderiram ao Projeto Clero, mas parece óbvio que a ideia do refúgio ateu não é apenas abraçar sacerdotes cansados da vida religiosa, mas também engrossar o rebanho crescente daqueles que repudiam a possibilidade da existência de Deus.


Mudança difícil 

Não foi uma escolha fácil. Quando o ex-pastor batista Osmar Guerra decidiu que seu lugar não era mais o púlpito, logo foi fustigado por olhares de decepção das pessoas que estavam ao seu redor e acreditavam em seu trabalho espiritual. Afinal, desde menino ele era o “pastorzinho” de sua igreja em Piracicaba, no interior paulista. Desinibido e articulado, o garoto, bem ensinado pelos pais na fé cristã, apresentava uma natural vocação para o pastorado. Por isso, foi natural sua decisão de matricular-se Faculdade Teológica Batista de São Paulo e, após os anos de estudo, assumir a função de pastor de adolescentes da Igreja Batista da Água Branca (IBAB), na capital paulista.

Começava ali uma promissora carreira ministerial. Osmar dividia seu trabalho entre as funções na igreja e as aulas de educação cristã, lecionadas no tradicional Colégio Batista. Tempos depois, o pastor transferiu-se para outra grande e prestigiada congregação, a Igreja Batista do Morumbi. Mas algo estava fora de sintonia, e Osmar sabia disso. Toda sua desenvoltura na oratória, sua capacidade de mobilização e seu espírito de liderança poderiam não ser, necessariamente, características de uma vocação pastoral. E, como dizem os jovens que ele tanto pastoreou, pintou uma dúvida: seu lugar era mesmo diante do rebanho?  “Eu era um excelente animador. Mas me faltava vocação, e fui percebendo isso cada vez mais”.


O novo caminho, ele sabia, não seria compreendido com facilidade pela família, pelos amigos e pelas ovelhas. Mas ele decidiu voltar a estudar, e escolheu a área de rádio e TV. E, mesmo ali, não escapou do apelido de “pastor”, aplicado pela turma. Quando conseguiu um estágio na TV Record, percebeu que ficava totalmente à vontade entre os cenários, as produções e os auditórios. Com seu talento natural, Osmar deslanchou, e o artista acabou suplantando o pastor. Depois de pedir demissão da igreja, em 2005, ele galgou posições na emissora e hoje é o produtor de um dos programas de maior sucesso da casa, O melhor do Brasil, apresentado pelo Rodrigo Faro.

“Durante muito tempo, fiquei em crise”, reconhece hoje, aos 31 anos. “Tive medo de tomar a decisão de deixar de ser pastor. Mas, hoje, sinto-me mais confiante e honesto comigo mesmo e perante os outros”, garante. Longe do púlpito, mas não de Jesus, Osmar Guerra continua participativo na sua igreja, a IBAB, onde toca e canta no louvor. De sua experiência, ele se acha no direito de aconselhar os mais jovens. “Defendo que, antes do seminário, as pessoas busquem formação em outras áreas, ainda mais quando são novas”, diz. Isso, segundo ele, pode abrir novas possibilidades se o indivíduo, por um motivo qualquer, sentir-se desconfortável no púlpito. Contudo, ele não descarta o valor de um chamado genuíno: “Se, mesmo assim, a vontade de se tornar um pastor continuar, isso é sinal de que o caminho pode ser esse mesmo.”




Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2012/06/vocacao-em-xeque.html#ixzz1yTZFPYTe 
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial Share Alike

Ecologia, Aquecimento Global, Desenvolvimento e Sustentabilidade




Questão Ecológica, aquecimento global, desenvolvimento e sustentabilidade
"Até quando vocês vão desprezar a natureza, pela ambição de acumular e consumir (e se consumir), e assim, apodrecer o Planeta Terra irresponsavelmente?"
(Atualização de Ex 16.28) 


Continuação


3 - Sustentabilidade, novo paradigma civilizacional.


Para se obter sustentabilidade requer-se, de um lado, a diminuição do consumo, sobretudo do excessivo e do supérfluo, e, de outro, a redução das gritantes desigualdades que podem ser sintetizadas em dados como o do consumo de carne. Atualmente, 45% da produção de carne e peixe, principais fontes de proteína animal, são consumidos por 20% da população do planeta, enquanto somente 5% do que se produz deste gênero de alimento é destinado aos 20% mais pobres.

A proposta denominada "pegada ecológica" é uma ferramenta interessante para se constatar, de modo mensurável, as disparidades, pois identifica os excessos de pegada ou consumo. Por exemplo, "os EUA, que não têm uma qualidade de vida muito superior à da Itália, segundo se pode afirmar, usam duas vezes e meia mais pegada do que os italianos" . Mahatma Gandhi disse: "o mundo tem recursos suficientes para atender às necessidades de todos, mas não a ambição de todos" . Logo, a ambição e o lucro desenfreados devem ser considerados crimes e punidos. Para além da função social da propriedade, no campo e na cidade, é preciso se criar marco legal que exija também responsabilidade ecológica. Para quem devastar o meio ambiente, a pena será a expropriação da propriedade, ou seja, confisco sem pagamento.

O progresso de um sistema econômico que agride a vida no e do planeta, e "já sacrificou muitas vidas, espécies e ecossistemas, tende à catástrofe planetária e podemos ir ao encontro do destino dos dinossauros" .
O Planeta Terra é Gaia, um grande ser vivo que garante a vida de uma imensa biodiversidade, mas está sendo despelado - por excesso de desmatamento - e envenenado pelo excesso de agrotóxicos jogados na terra e nos cursos de água. O Brasil já é o maior consumidor de agrotóxico do mundo. Por ano já são mais de 1 bilhão de litros de veneno jogado na agricultura brasileira, a do agronegócio. Em média, são 4 litros de veneno por pessoa por ano. A hora clama por reforma agrária, com agricultura camponesa segundo os princípios da agroecologia.

4- GÊNESIS 1-11: A luz e a força divina estão em toda a biodiversidade
2a parte: JULGAR - Por uma sociedade sustentável, sustentada...

Nenhum texto bíblico mais sugestivo que o do Gênesis 1 a 11 para orientar nossa convivência sustentável com respeito à biodiversidade, ao Brasil, ao mundo, à Vida - com biodiversidade, povos, culturas e religiões. Os relatos no Gn 1 a 11 - lidos de forma atualizada e militante - hão de inspirar-nos para um lidar saudável com os desafios diante do aquecimento global e outros problemas atuais, causados, principalmente pelo sistema econômico neoliberal genocida.
De acordo com a ONU, em 2005 aconteceram 360 desastres naturais: 168 inundações, 69 tornados e furacões e 22 secas que afetaram 154 milhões de pessoas. No final de 2004, um tsunami ceifou a vida de 280 mil pessoas.
Em Gn 1-11 há relatos que não podem ser interpretados como se fosse simples história das origens do universo e da humanidade. Com uma roupagem simbólica, eles nos conferem uma responsabilidade decisiva na construção do mundo e da história, após o longo processo da evolução cósmica. O Deus da vida nos convoca à missão de parceiros na Aliança da Criação-Salvação. Para Gn 1-11 não há uma multidão de ídolos que povoaram ou povoam a terra com suas ‘monarquias' dos poderes cultural-político-econômico-religiosos.

A criação toda se encontra em Deus - grávido do universo - e desde sempre, do mesmo, ela flui, passando por uma gestação progressiva, em que a gratuidade do mistério da vida se anuncia a partir de formas minúsculas e na lentidão do infinito, do eterno. A pessoa humana capta e se arrisca de verbalizar o que é encoberto por um silêncio impenetrável. Daí, seu recurso a metáforas - Deus cria falando e recorre a dias - que expressam, simbolicamente, um mistério que ora amedronta ou encanta, ora suscita nossa admiração ou nos interpela.

Deus, então, cria a partir da palavra, isto é, deixa emanar de seu ser - não por meio de simples decreto nem por um poder ditatorial - uma rica gama de seres. É algo como o próprio espírito de Deus ‘pairando' sobre as águas (Gn 1,2b), melhor dizendo, todas as criaturas, toda a realidade, tudo e todos são permeados, perpassados pelo divino, pelo espírito de vida. O divino não está acima e nem fora do real, porém está na realidade com todas as suas relações se encontra abrigada em Deus.

Nesta perspectiva o profano é realidade sagrada, pois emanado de Deus reflete algo de seu mistério. Se a criação acontece a partir da palavra - sopro divino - participa, em seu íntimo, do mistério divino e merece de todos, no respeito, a gratidão. Somos, pois, elevados a administradores do divino a ponto de -descuidando da criação - anularmos algo da essência divina e cometermos uma lesa-divindade. Conseqüentemente, maltratando da criação, prejudicamos a nós mesmos.
"Houve uma tarde e uma manhã!" (Gn 1,5.8.13.19.23.31). Eis o refrão a revelar que para o povo da Bíblia a vida caminha das trevas da noite para a luz da aurora. "Faz escuro, mas cantamos", diria o/a autor/a de Gn 1-11. Com mãos à obra, havemos de construir a esperança. Na criação de relações e instituições libertadoras, como sugere Gn 1, exclamamos: "Que Beleza! Tudo é muito bom! A vida, a mãe terra, a irmã água, toda a biodiversidade, tudo é destinado e chamado a ser fruto e berço de relações humanitárias a serviço da vida!"

O ser humano reconhece em si, e em todos os seres, algo da imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26). Sim, não só o ser humano. Toda a complexidade da vida - terra, água, seres vivos, cerrado, Amazônia, ar, sol, lua, estrelas, etc - reflete o divino, irradia a luz e a força de Deus. Longe de nós o antropocentrismo, com sua arrogância excludente, que tanto mal tem feito à humanidade. Finalmente, graças a também a tantas crises, percebemo-nos fazendo parte, pertencendo uns aos outros. Irmãos insetos e passarinhos, por exemplo - exímios ecologistas - ajudam a limpar o ambiente, cuidando do equilíbrio da natureza. O irmão morcego, grande semeador, e o pardal benfeitor cumprem a missão de semear uma variedade infinita de espécies por onde vão passando.

"Cuidem da terra!" (Gn 1.28). Não queiramos trair esta sua missão, simplesmente explorando e submetendo todos. Reinemos compartilhando responsabilidades e crescendo em todos os sentidos, não só na dimensão econômica. Cresçamos espiritualmente, deixemos de ser analfabetos espirituais, políticos e ecológicos. Não nos curvemos diante de sua ignorância e cobiça, nem diante de nenhum tipo de tirania. Exerçamos liderança. Participemos da coordenação da terra, isto é, do destino dos seres e do equilíbrio da vida. Ao cuidarmos da terra, nos beneficiamos a nós mesmos.

O mundo do campo parece ser o chão geográfico e econômico do Gn 1-11. A humanidade é gente tirada da terra (Gn 2,7). Somos tão filhos e filhas da terra e da água quanto somos filhos e filhas de Deus. É hora de aprofundarmos nossa ligação íntima com a mãe terra que não pode continuar sendo tratada como mercadoria, sendo espoliada de seu sangue - as águas e o verde. Rasgar o ventre da mãe terra, deixá-la coberta de chagas e ferida de morte é genocídio, é condenar seus próprios filhos/as.

Somos gente colocada em uma horta / roça para cultivá-la qual jardim (Gn 2.8-9). Nossa missão é cuidar, proteger, pastorear toda a biodiversidade. Conviver de forma fraterna com todos e tudo. Isso é construir uma sociedade sustentável. Preservar, desenvolver e aperfeiçoar ao máximo deve ser a meta prioritária. Construir e produzir ... só se for dentro dos limites da sustentabilidade. "Sociedade sustentável", eis um grande desafio. Quando continuamos depredando, impiedosamente, a natureza e conservando relações injustas, cometemos uma falácia, uma grande mentira. Nada de nos esconder atrás da ignorância e maldade em discursos e práticas de pequenos e grandes agro-industriais. Sociedade implica respeito por natureza e pessoas. O sistema capitalista tem deixado um rastro de destruição. O futuro da humanidade e da biodiversidade está intrinsecamente ligado à construção de uma sociedade que se sustenta por uma envolvente, multiforme e responsável ecologia. Ecologia é cuidar da harmoniosa integração dos seres. Mulheres não podem ser consideradas inferiores só porque se teriam originado de uma costela de homem. (Gn 2.21). Leitura fundamentalista não! Homem e mulher são "carne da mesma carne"; emanam do mesmo Deus, sendo sua imagem viva. Eva, a culpada de tudo? A interpretação pode ser outra. Eva se mostrou rebelde frente à rotina, tão comum ao macho. Desde então, toda mudança deve algo a uma incômoda e santa rebeldia. Quem lidera o processo de amadurecimento humano provoca alguma instabilidade, porém estimula a abandonar o infantilismo.

Só quando expulsos do paraíso do sossego e da acomodação, somos impelidos a abraçar o processo histórico com suas potencialidades e ambigüidades. Desde o início, o ser humano passa pela adolescência para chegar à fase adulta, pagando um preço a fim de viver e conviver em um mundo melhor. Ele conquista progressiva autonomia, assumindo o que faz parte da vida: dar à luz em dores de parto e suar por seu sustento. Isto - embora muitos o sintam qual castigo - conduz o ser humano a assumir a maioridade, fazendo-o caminhar com as próprias pernas. Os que buscam o novo, às vezes, com rebeldia, andam de mãos dadas com Deus. "Eis que faço novas todas as coisas". Eles se fazem co-criadores de Deus.
"Pecado original" ... Tem a ver com uma inerente e original limitação de não querer assumir a própria condição humana em sua fragilidade. Requer-se a leveza da humildade em conviver com limitações e falhas, uma vez que, em nós, há desequilíbrios e virtudes de tantas gerações qual poeira cósmica a nos humilhar ou dignificar. Aqui, não cabe gloriar-se nem culpar outros. Somos vasos de barro, lembrou Paulo apóstolo. A realidade nos desafia para crescer em autonomia sem recair na auto-suficiência da soberba com prepotência. Longe de nós a dependência que humilha e a arrogância que subjuga. Tanto no bem como no mal, nada é somente meu. Pagamos um preço, não só à condição humana como também à herança genética e a mil e uma circunstâncias do passado e do presente.

Um dos sintomas do pecado original é o instinto excludente de "propriedade privada", tanto no plano individual como no plano sócio-político-cultural-econômico-religioso. O filósofo Jean Jacques Rousseau pondera que o pecado original entrou no mundo quando alguém resolveu cercar um pedaço de terra e dizer: isto é meu. Os outros, amedrontados pelo poder, abaixaram a cabeça e aceitaram. Ou seja, a raiz de muitos desvios e injustiças estaria nessa instituição da "propriedade privada". De propriedade de bens necessários à vida passou à propriedade dos meios de produção, o que consagrou a violência no mundo. Daí, é só um passo para Caim matar Abel.
Outro sintoma de pecado original é insinuar que a mulher é ‘sedutora', eternamente conspirando, para fazer os homens caírem nas garras do mal. Veja a que pode chegar um preconceito, uma atitude covarde: Mulheres-cobra, de língua dupla, mentirosas, perversas e maliciosas. Em Gn 3, a "serpente" pode ser considerada como a lucidez interior ou a informação exterior que conscientizam Eva, isto é a mulher, a fim de que se disponha a crescer humanamente. Não seria tanto o caso de uma imoral sedução, mas a partilha dos bens da cultura. A visão machista não tolera tal atuação feminista. De fato, em um clima apocalíptico e de patriarcalismo, o livro apócrifo do Eclesiástico chegou a avaliar Eva como a primeira a pecar (Eco 25,24).

Gênesis 3 não fala de mulheres carregando uma certa essência impura e pecaminosa, por isso distanciadas da plena presença do divino. Excluir as mulheres de lugares e instituições, impedi-las de "tocar" no sagrado, de partilhar do altar, de ritos e liturgias, é trair o sentido da mensagem bíblica. A biblista Maria Soave nos alerta: "Foi a serpente conhecedora da sabedoria que fez a humanidade acordar: "Não acreditem na força da violência e dos donos das armas! Não acreditem nos tiranos e nos senhores! Tomem da fruta da árvore, tenham força para gritar não, para acreditar na mudança, para tirar do trono os reis poderosos e seus deuses onipotentes e vingativos! Na evolução da história, a humanidade tomou a fruta e comeu. Nossos olhos se abriram e tivemos a coragem de expulsar reis poderosos, sacerdotes opressores e deuses violentos. Tivemos a coragem de ser felizes. Eva - a humanidade com o cheiro de terra - a partir daquele dia, passou a ser chamada com o nome de serpente: hawwah, Eva, Mãe de todos os viventes."


Caim mata Abel, no passado e no presente. Caim é ferreiro, da cidade. Detentor da tecnologia de guerra e do poder. Abel é pastor, peregrino semi-nômade. Assim era e é o povo de Deus. Não nos fixemos apenas em Caim e na sua violência. Deus se comove com a dor de Abel e interpela Caim: "Onde está seu irmão Abel?" (Gn 4.9). Deus não fica neutro, opta pela defesa do agredido. Os enfraquecidos por sistemas de morte - tal como o capitalismo selvagem - podem inspirar-se no Deus de Abel e no Abel de Deus.
No relato do dilúvio (Gn 6-9) não nos limitemos à inundação destruidora que reforça em nós a imagem de um Deus justiceiro a punir a humanidade. Olhemos, prioritariamente, para Noé, homem justo, íntegro e que andava com Deus (Gn 6.9). Noé, mesmo não sendo profissional, faz uma arca. Em tempos de seca se prepara para enfrentar as inundações. Preocupa-se em salvar toda sua família: um casal de todas as espécies vivas. Assim, Noé se torna o pai da ação ecológica e da defesa intransigente de toda biodiversidade. Assim como Chico Mendes, há milhares de Noés pelo mundo afora, participando da construção de uma sociedade sustentável.

Em Gn 11.1-9 olhemos não apenas para a arrogância humana que constrói uma torre / cidade para destronar Deus. Vejamos, a presença amorosa de Deus que suscita a diversidade de línguas e culturas, inviabiliza todo e qualquer ‘pensamento único' e, assim, gera a dispersão de planos diabólicos das hegemonias ameaçadoras. O evangelho de Lucas fez questão de registrar no Cântico de Maria, a mãe de Jesus: "Deus derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes".

Abraão e Sara (Gn 12). Abraão... Algo novo surge do cansaço, quando tudo é julgado perdido. Sara... Esperança há, mas de tão vagarosa provoca zombaria sem desviar-se do caminho. O casal é convocado para o desconhecido, ameaçado pelo que não deseja. Tem de deixar sua terra e reconhecer, duas vezes, que filho não lhe pertence. É no aparente abandono que o novo recebe sua nova chance. Resta-lhe uma risada e um grito de dor a ecoar pelos caminhos do tempo, conscientizando seu povo, a humanidade. Passos certos têm de ser dados. Nada de pressa. Falhas não fecham portas.

Abraão..., inspiração dos que crêem..., maltratados no presente, ameaçados pelo futuro. Com Sara, na velhice, ele gera um filho. E na terra do Faraó, ele não assume a companheira como sua. Ao mesmo tempo, fiel a si mesmo, até na perda, se faz defensor da vida contra a morte. Modelo dos que crêem, troca o incerto pelo certo, mas, fragilizado, recebe a ordem: "Vá, retire-se". O caminhar faz o caminho.
Ousa viver com uma promessa sem livrar-se de sua pequenez. Deus não precisa de super-homens. Em Sara e Abraão, somos todos justificados pela fé. O pensamento iluminado nos preserva contra a ditadura de um poder central - a partir de dentro de si e de fora. Aqui, não pode haver oposição entre fé e mundo, entre sagrado e profano, entre fé pessoal e autoridade. Autonomia e responsabilidade formam a base de uma maturidade espiritual. O impulso dinâmico da fé está na base da evolução da história e da fé.
Enfim, com o ser humano intimamente ligado à mãe terra, com homem e mulher em pé de igualdade e dignidade, com a liderança de Eva, com Abel, Noé, Abraão e Sara, a bênção de Deus envolve todas as criaturas e nos convoca para recriarmos o mundo em suas relações e instituições. Tudo isso é uma beleza!

Vale a pena investir nossas energias nesta empreitada para o nosso bem e para o bem das próximas gerações.

Com Fé no Deus da vida, fé nos pequenos, fé em toda a biodiversidade e fé em nós mesmos, vamos, com mãos à obra, cantando...

5- E o descanso de Deus?


Este mundo sem o descanso de Deus, de sua presença, corre o risco de converter-se em fábricas que poluem e de homens e mulheres que atuam em um mercado de trabalho gerador mais de morte, que de vida propriamente. Não podemos aceitar a redução de pessoas a meras máquinas funcionadoras de um sistema de morte. "Obedeço ao sistema. Não posso modificar nada", se desculpam muitos funcionários que mantém a máquina mortífera funcionando a todo vapor.

Por que viver para trabalhar? Até os momentos de repouso são, muitas vezes, usados por indústrias do lazer que mais cansam as pessoas do que as descansam.

Por que mineração, grandes supermercados e grande parte do comércio devem funcionar dia e noite e aos domingos e feriados também? É sofisma dizer que é para poder atender quem trabalha durante o dia. Por que não se pode diminuir a carga horária, deixando assim mais tempo livre para as pessoas resolverem seus problemas pessoais e tendo inclusive tempo para participar de forças vivas da sociedade?

Para a reorganização da sociedade israelita na metade do século VII a.C, numa fase posterior à dominação da Assíria e procura contrapor-se aos valores e práticas deste povo imperialista da época , inclusive no cuidado para com a natureza, o livro do Deuteronômio nos dá algumas recomendações:

a) Dt 22.6-7 - nesta passagem, o texto diz explicitamente que se alguém encontrar no caminho, sobre uma árvore ou na terra, uma ave sobre um ninho, com ovos ou filhotes, e tendo necessidade destes alimentos, poderá ficar com os filhotes, mas deverá poupar a ave ("livre deixarás a mãe").

b) Dt 20.19-20 - No Deuteronômio, mesmo em um capítulo em que apresenta orientações para situações de batalha, não é esquecido o cuidado com a natureza. Nesse sentido, é interessante a indicação para se poupar as árvores produtivas: "quando sitiares uma cidade... não destruas as árvores a golpes de machado; porque poderás comer dos frutos. Não derrubes as árvores. Ou as árvores do campo seriam porventura homens para fugirem de tua presença por ocasião do cerco?" (Dt 20.19). Neste sentido, esta preocupação demonstrada no texto é oportuna para o nosso contexto, dado que ainda se constata o prosseguimento de uma das formas mais aviltantes de agressão ao meio ambiente, a devastação de florestas.

c) Dt 23.13-15 - nesta passagem, existe a indicação para se manter a limpeza do acampamento: "Fora do acampamento terás um lugar onde te possas retirar para as necessidades. Levarás no equipamento uma pá para fazeres uma fossa... Antes de voltar, cobrirás os excrementos." (Dt 23.13-14). Aqui aparece a preocupação para com o saneamento em meio ao acampamento do povo, dado importante para as condições de vida daquelas pessoas. Em nossos dias o déficit em saneamento básico é vergonhoso, atinge cerca de 2,5 bilhões de pessoas no mundo.

6- No deserto, uma lição de consumo responsável


Após amargar uns 500 anos debaixo do imperialismo dos faraós no Egito, os oprimidos se uniram, se organizaram e fugiram atravessando o Mar Vermelho. Moisés foi o guia e líder desta caminhada pelo deserto. O povo precisava de comida e recebeu o maná, "Moisés lhes disse: Isto é o pão que o Senhor vos dá para comer" (Ex 16. 15b). Entretanto, havia normas para evitar o desperdício e permitir que todos tivessem o necessário. Cada um só podia recolher o que de fato precisava, "Eis o que o Senhor vos mandou: recolhei a quantia que cada um de vós necessita para comer, um jarro de quatro litros por pessoa" (Ex 16. 16a). O que fosse acumulado a mais apodreceria, "alguns, porém, desobedeceram a Moisés e guardaram o maná para o dia seguinte; mas ele bichou e apodreceu" (Ex 16.20).

A terra é repartida de modo a evitar a concentração de bens, e consequentemente de poder, "Entre estes se repartirá a terra em herança, de modo proporcional ao número de pessoas" (Nm 26. 53). Logo, é impossível ser cristão sem lutar pela efetivação de reforma agrária. A concentração da terra em poucas "mãos/garras" é o que garante o galopar do agronegócio, algo tremendamente devastador do meio ambiente, concentrador de riqueza, vulnerabilizador da soberania, pois vai deixando o território sem povo e quase não gera emprego.

Além de prescrever o descanso individual no sábado, a Bíblia prevê também um descanso da terra no Ano Sabático, que deveria acontecer de sete em sete anos (Ex 23.10-11). E a lei do descanso não parava por aí, indicava também um Ano Jubilar (a cada cinqüenta anos), no qual a terra deveria voltar às famílias que originalmente as ocuparam, demonstrando assim, que a terra deveria ser usada segundo o desejo de seu legítimo dono, que é Deus. Diz o Senhor: "As terras não se venderão a título definitivo, porque a terra é minha, e vós sois estrangeiros e meus agregados" (Lv 25.23). A intenção aí é cuidar da justiça social, impedindo a latifundiarização