A Responsabilidade da Riqueza
Para pelo menos dois terços do mundo, a pobreza é o problema principal. Mas a prosperidade também produz seus perigos. Os ensinamentos da Bíblia a respeito da riqueza e da pobreza são extremamente variados. Diferentes considerações e atitudes refletem a complexidade da vida humana.
Para encontrar um ponto de vista equilibrado e um estilo de vida autêntico, precisamos levar em consideração tudo, até mesmo as partes aparentemente contraditórias.
A riqueza é uma bênção. A Bíblia nunca diminui o valor de nossa vida física. Deus a criou, ela é boa, e finalmente a Ele vai libertá-la das forças que a fazem deteriorar-se. Por isso os primeiros gigantes da fé são considerados pessoas que Deus abençoou com riqueza material – Abraão, Jacó, Jó, Davi, Salomão. Quando Deus salvou Israel, deu-lhe uma terra próspera, como também um relacionamento com Le. Sem tal confirmação da legitimidade da prosperidade material, não haveria motivos para melhorar fisicamente os outros. A Bíblia nunca idealizou a pobreza, embora alguns movimentos cristãos posteriores o tenham feito.
A riqueza deve ser buscada pelo trabalho. A criação de Deus não faz provisão para nossas necessidades sem o trabalho. Fomos criados para cuidar do mundo de Deus, e a queda no pecado acrescentou considerável fardo a esse trabalho. Espera-se que trabalhemos seis dias em sete para ganhar o nosso pão, mas podemos aumentar nosso lucro e diminuir a carga de trabalho utilizando a mente.
A pobreza é algo a ser evitado, por meio da diligência e do trabalho árduo. Entretanto, fazer da riqueza o alvo de nossa vida é perigoso. O Novo Testamento insiste em que as pessoas devem trabalhar até ter mais do que precisam e, assim, ser capazes de compartilhar. Através da história os cristãos têm enfatizado com freqüência a necessidade do trabalho árduo. Se esse dever não for aceito pelos ricos e pobres, não pode haver esperança de eliminar a pobreza do mundo.
A riqueza cria responsabilidades. Israel foi advertido de que, caso se rebelasse contra Deus e desobedecesse a seus mandamentos, suas bênçãos materiais seriam anuladas. Obedecer a Deus inclui desfrutar de Sua criação de maneira plena e partilhar de Suas bênçãos com os outros.
Esse estilo de vida está incrustado na lei de Moisés em mandamentos como o de emprestar sem juros a alguém que está necessitado ou cancelar dívidas pendentes depois de sete anos.
Jesus também insistiu em que negligenciar esse tipo de "justiça, misericórdia e fé" atrai o juízo de Deus. Essa preocupação levou em tempos passados, à virtude judaica e cristã de dar esmolas, e, recentemente, à preocupação com o desenvolvimento das comunidades pobres.
A riqueza é perigosa. Nós seres humanos decaídos, facilmente consideramos nossas responsabilidades especialmente quando a riqueza nos faz sentir menos dependentes de Deus. Os ricos são advertidos a tomar cuidado. Jesus adverte as pessoas contra a avareza, que ataca a humanidade decaída como uma doença. A avareza vem da idéia errada de que a vida real se encontra nas propriedades. Ela leva as pessoas a se afastarem do reino de Jesus, onde se encontra a vida real. A avareza também leva à injustiça e à exploração, as quais Deus odeia. Os indivíduos, as comunidades e as sociedades devem resguardar-se contra a avareza e a injustiça para que a pobreza seja eliminada.
O reino de Jesus produz verdadeira riqueza. A queda provocou a pobreza na humanidade em todos os níveis. Terras estéreis, leis injustas, exploração preguiça, roubo, enfermidades e acidentes, tudo pode causar pobreza material. Jesus viu a pobreza humana como mais que um problema material: nossas necessidades se estendem à área mental, espiritual e social da vida.
Jesus falou a respeito de um reino em que não haveria mais pobreza de espécie nenhum. Mas esse reino só viria por meio do seu sofrimento – Ele tinha de Se tornar pobre para nos fazer ricos – e Ele convocou os Seus discípulos a partilhar de Sua obra. Isso poderia significar sofrimento, pobreza ou perseguição, mas poderia ser alegremente suportado porque o resultado é grande bênção para nós mesmos e os outros e a renovação final de toda a criação.
Em tempos normais os discípulos de Jesus são chamados para colocar toda a sua riqueza (posses, tempo, aptidões e oportunidades) a serviço do reino de Jesus. Isso significa reconhecer as coisas que são de valor real, eterno (pessoas reconciliadas com Deus e umas com as outras, paz, comunhão, cuidado) e usar nosso dinheiro (cujo valor em si mesmo é temporário) para ajudar a criá-las. Vemos uma demonstração prática disso quando a igreja primitiva de Jerusalém partilhou generosamente de suas posses a fim de abolir a pobreza em sua comunidade. Os que empregam sua riqueza na causa de Jesus vão desfrutar de riqueza genuína do Seu reino agora e eternamente.
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