Quem induziu Davi a fazer o censo do povo: Deus ou Satanás?
Do ponto de vista humano, é bem mais fácil, e ideal, que as conseqüências más do pecado sejam limitadas apenas ao malfeitor. Todavia, por causa dos envolvimentos inter-relacionados entre família e sociedade, tal limitação não é possível. Em certo sentido, milhões de pessoas pereceram durante o período nazista por causa de um único homem, Adolf Hitler.
No caso de Davi, naturalmente, não havia uma má intenção, por detrás de seu propósito teimoso de realizar um recenseamento de todos os cidadãos de seu país. É muito provável que sua motivação fosse o orgulho pelas suas realizações como gênio militar, e pela prosperidade que o reino obtivera sob seu governo.
Todavia, é erro presumir que os súditos de Davi não estivessem também contaminados por essa atitude orgulhosa. 2 Samuel 24.1 diz:" Tornou a ira do Senhor a acender-se contra os israelitas, e ele incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, levanta o censo de Israel e de Judá". É muito provável que a conveniência de realizar-se um censo havia sido sugestão dos conselheiros do rei, tanto com objetivos militares como para se obter uma base exata quanto à cobrança de impostos.
Deve ter havido um surto de orgulho nacionalista, tendente a minimizar a graça e o poder soberano de Deus, em vez de reconhecê-lo como o Autor de todas as extraordinárias vitórias no campo de batalha, e a extensão de sua hegemonia desde o Egito até as margens do Eufrates e os limites da Síria ao Norte. A nação de Israel precisava desse castigo, pois de outra jamais se diria que "tornou a ira do Senhor a acender-se contra os israelitas".
Lendo 1 Crônicas 21.1 entendemos como Satanás conseguiu o seu intento: "Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o censo de Israel". Como é seu hábito, quando encontra um meio para atuar, o diabo agiu no sentido de estimular o desejo de Davi, e dos líderes do povo, para que levassem a cabo aquele projeto egoístico, ainda que o general Joabe fosse contrário a isso (cf. v. 3).
Não deveria causar surpresa, portanto, que a contabilização do poderio militar humano das doze tribos, no esplendor de sua força, constrangesse o Senhor a fazê-los lembrar-se de que não seria por meio de grandes números que eles prevaleceriam, mas apenas pela Sua graça.
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