O Evangelho Segundo Isaías - Peter Colón
Não muito
tempo atrás, houve uma descoberta perto de Tel Megiddo, no Norte de Israel. Foi
uma inscrição dedicatória em grego, encontrada nos escombros de uma igreja do
Século III. Nela se lia: “Akeptous [nome de mulher], que ama a Deus, ofereceu a
mesa [possivelmente uma mesa de Ceia] a
Deus Jesus Cristo como memorial”.
As
palavras “Deus Jesus Cristo” revelam como os cristãos primitivos – formados de
crentes judeus e gentios – consideravam Jesus, mesmo antes do Concílio de
Nicéia (325 d.C.), que afirmou que Deus é uma Triunidade. Aproximadamente 1.000
anos antes, o profeta judeu Isaías havia mencionado a mesma coisa (Is 48.16).
Muitas
das profecias de Isaías, de fato, enfocavam a pecaminosidade da humanidade e um
Redentor divino que estava por vir, de forma que Isaías é mencionado como o
primeiro evangelista da Bíblia; e o Livro de Isaías é frequentemente chamado de
“O Livro da Salvação”.
O Dr.
Victor Buksbazen, cujo comentário sobre Isaías é um trabalho definitivo sobre o
assunto, escreveu:
Em
Isaías, a profecia bíblica atingiu seu clímax inspirado. O que Demóstenes
representava para a oratória grega, Isaías representava para a profecia
hebraica. Ele foi a voz de Deus para Israel, a consciência da nação, o arauto
do Messias e de Seu Reino universal. (...) Durante muitos séculos, Isaías tem
sido conhecido como “O evangelista do Antigo Testamento” e suas profecias têm
sido descritas como “o Evangelho segundo Isaías”. O profeta Isaías esteve mais frequentemente
nos lábios de nosso Senhor e dos apóstolos do que qualquer outro profeta.[1]
O Proclamador do Messias
Jesus leu
do Livro de Isaías quando estava na sinagoga de Nazaré. “Indo para Nazaré,
onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e
levantou-se para ler” (Lc 4.16):
“O
Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os
pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista
aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do
Senhor” (vv.18-19; cf. Is 61.1-2).
Então,
Ele devolveu o rolo de pergaminho ao assistente da sinagoga e se sentou. Com
todos os olhos fixos nEle, Jesus declarou: “Hoje, se cumpriu a Escritura que
acabais de ouvir” (Lc 4.21). Jesus estava dizendo que era o Servo divino, o
Ungido (em hebraico, Moshiach) sobre quem Isaías falara.
Buksbazen
escreveu também:
Comentadores
judeus aplicam estas palavras ao próprio profeta Isaías. Mas nenhum profeta
jamais falou de si mesmo desta maneira. (...) A missão descrita nos versículos
1-3 é de natureza tão radical que apenas o próprio Deus seria capaz de realizá-la.
[2]
O Livro
de Isaías contém muitas referências diretas e indiretas ao Messias, chamando-O
de “Renovo do Senhor” (Is 4.2), “rebento do tronco de Jessé” (Is 11.1), “meu
servo [de Deus]” (Is 42.1), e “o meu escolhido [de Deus], em quem a minha alma
se compraz” (Is 42.1).
A Palavra
declara que Ele é o herdeiro por direito ao trono de Davi (Is 9.7; cf. Lc
1.32-33) e diz que Ele autenticará Seu papel como Messias ao curar os cegos, os
surdos e os aleijados (Is 29.18; Is 35.5-6; cf. Mt 11.3-5; Lc 7.22). Ele também
estabelecerá a Nova Aliança (Is 55.3-4; cf. Lc 22.20) e um dia estabelecerá um
Reino Messiânico sobre o qual reinará e no qual será adorado (Is 9.7; Is
66.22-23; cf. Lc 1.32-33; Lc 22.18,29-30; Jo 18.36).
O Salvador Único e Exclusivo de Isaías
O povo de
Israel via Deus como seu Salvador (Is 43.3; 45.15,21). Suas experiências no
Êxodo e suas caminhadas pelo deserto o convenceu que somente Deus pode salvar.
Por inspiração, Isaías profetizou a respeito de um Redentor que viria a este
mundo como bebê: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o
governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro,
Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6). E Buksbazen
escreveu:
O
nascimento dEle como criança indica Sua humanidade. Que Ele nos tenha sido dado
(lanu - “para nós”, em hebraico) como filho, enfatiza o fato de que Ele
é um presente de Deus para o Seu povo. Seu caráter sobrenatural é mais tarde
indicado pelo fato de que (...), de uma maneira peculiar, Deus confiou a Ele o
governo sobre o Seu povo. (...) Os peculiares quatro nomes duplos dados à
criança enfatizam Seu caráter divino.[3]
O povo de
Israel via Deus como seu Salvador. Suas experiências no Êxodo e suas caminhadas
pelo deserto o convenceu que somente Deus pode salvar.
Buksbazen
também disse que os comentadores judeus não contestaram a natureza messiânica
da profecia “até os tempos modernos, em que a controvérsia cristológica
tornou-se muito acalorada”. [4] Na verdade, o Targum Jonathan, uma tradução do
aramaico e comentário da Bíblia hebraica, datado do primeiro século,
parafraseou Isaías 9.6 da seguinte forma:
“Pois, a
nós um Filho nasce, a nós um Filho é dado: e Ele receberá a Lei sobre Si para
guardá-la; e Seu nome é chamado desde a Antiguidade, Maravilhoso, Conselheiro,
Eloha [Deus nas Alturas], O Poderoso, O Que Habita na Eternidade, O Messias,
porque a paz será multiplicada sobre nós em Seus dias”.
Esta
visão rabínica concorda com o profeta Isaías, de que o Filho que “nasceu” e
“foi dado” é Deus.
Qualquer
pessoa que conhecesse e entendesse a profecia de Isaías deve ter-se regozijado
quando soube o que o anjo disse aos pastores em Belém: “É que hoje vos
nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). O
Messias divino havia chegado e redimiria Seu povo.
O Único Caminho de Isaías
O Cântico
do Servo Sofredor em Isaías 52.13-53.12 é considerado como o pináculo mais
elevado das profecias de Isaías. Uma leitura não-tendenciosa não pode levar a
qualquer entendimento a não ser aquele de um Messias que sofre, morre e
ressuscita para trazer redenção eterna a Seu povo: “Mas ele foi traspassado
pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos
traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.5).
O Servo
Sofredor é o Salvador Sofredor. John Richard Sampey (1863-1946), um estudioso
que mais tarde tornou-se presidente do Seminário Teológico Batista do Sul,
disse relativamente a Isaías 53:
A
aplicação ao Novo Testamento desta grandiosa profecia sobre Jesus não é uma
acomodação de palavras originalmente faladas sobre Israel como nação, mas o
reconhecimento do fato de que o profeta pintou antecipadamente um retrato do
qual Jesus Cristo é o original. [5]
A
mensagem do evangelho de Isaías não é muito diferente do evangelho que pregamos
hoje. Ela segue:
- Deus é santo (Is 43.15)
- Todos pecaram contra Deus
(Is 59.12)
- O pecado separa o homem de
Deus (Is 59.2)
- O Messias tratará da questão
do pecado (Is 53.6)
- Devemos buscá-lO e clamar
por Seu nome para recebermos redenção.
Os
rabinos certa vez declararam: “Todos os profetas profetizaram relativamente
aos, ou até os, dias do Messias” (Talmud Sanhedrin 99a). Quando Jesus esteve na
sinagoga de Nazaré, talvez uns poucos tenham percebido o cumprimento das
profecias de Isaías. Quão bem-vindas estas boas-novas devem ter sido àqueles
que creram! (Peter Colón - Israel My Glory - http://www.chamada.com.br)
Notas:
- Victor Buksbazen, The Prophet Isaiah [O
Profeta Isaías] (1971: Bellmawr, NJ: The Friends of Israel Gospel
Ministry, Inc., 2008), 78.
- Ibid., 462.
- Ibid., 163.
- Ibid.
- Richard Sampey, citado em Gilbert Guffin, The
Gospel in Isaiah [O Evangelho em Isaías] (Nashville, TN: Convention
Press, 1968), 79.
Olá pastor João Luiz
ResponderExcluirPaz, graça...muitas saudades da nossa vigília com o pastor Guedes - Benção pura!
A mensagem, além de edificante é assaz esclarecedora.
Virei por este seu belo espaço virtual sempre que o bom Deus me propiciar tempo para fazê-lo.
Abençoe-te Aquele que nos amou primeiro, antes mesmo de que LHE pedíssemos perdão.
Seu admirador e conservo nEle.
Alberto Filho
Estou a tentar visitar todos os seguidores do Peregrino E Servo, e verifiquei que eu estava a seguir sem foto, por motivo de uma acção do google, tive de voltar a seguir, com outra foto. Aproveito para deixar um fraterno abraço.
ResponderExcluirAntónio Jesus Batalha.