Salmos 139.7
“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua
face?”
O Espírito Santo
sempre esteve presente, trabalhando para criar, abençoar e redimir. Sua presença
e trabalho não se restringiu à igreja ou às escrituras da Nova Aliança. Ele
habitou, guiou e abençoou a igreja da Velha Aliança também.
Quem pairou por
cima da terra ainda sem forma como uma galinha sobre os seus pintinhos trazendo
ordem e harmonia do caótico e inabitável e continua fazendo a terra frutífera? O
Espírito Santo!Quem se esforçou com os humanos
rebeldes durante anos para levá-los de volta a Deus e à vida? O
Espírito Santo!
Quando Abraão
confiou em Deus para fazer o corpo já envelhecido e o útero fechado da sua
esposa frutífero e dar à luz a uma criança que eles não poderiam ter esperado,
quem estava envolvido em todo o processo desde o começo? O
Espírito Santo!
Os escritores
bíblicos às vezes pensam no “Êxodo” como a partida de Israel do Egito, mas
freqüentemente eles vêem isso como o movimento inteiro de Deus que tirou Israel
do Egito através deserto e os estabeleceu na terra prometida.
Quem estava lá
salvando Israel do cativeiro egípcio e os levando pelo Mar Vermelho? O Espírito
Santo! Quem estava lá no meio deles, providenciando, enquanto eles vagavam pelo
deserto precisando de comida e descanso? E quem agüentou a rebelião e as
murmurações deles, continuando a guiá-los embora eles o afligiram com sua
maldade? O Espírito Santo!
Tendo-os livrado
das condições externas da escravidão, quem foi que habitou neles e trabalhou com
eles, moldando-os com verdades transformadoras que os resgataram da escravidão
interna para todas as formas de corrupção, os permitindo caminhar com as cabeças
erguidas? O Espírito Santo! Quem construiu o Tabernáculo através
das pessoas que ele escolheu e dotou? O Espírito Santo. E quando o profeta
supremo de Deus precisou de ajuda para guiar a nação de Israel espiritualmente,
era o Espírito de Deus – o mesmo Espírito que trabalhou com Moisés – que começou
a trabalhar de um modo mais marcante com os setenta homens escolhido como
cooperadores com Moisés, provendo orientação nacional.
Quando Josué e
os contemporâneos dele morreram, e Israel esqueceu o que Deus tinha feito para
eles, o resultado foi anarquia, guerra civil, retorno da escravidão e abuso de
outras nações. Foi o Espírito santo que veio sobre certos defensores,
fortalecendo as tribos em unidade que resultou em liberdade e descanso.
O Espírito Santo
estava lá quando a monarquia chegou, trabalhando através de Saul até que ele se
mostrou inimigo dos propósitos de Deus. Assim o Espírito de Deus partiu dele e
veio fortemente sobre Davi que chamou a nação para ser um povo debaixo de um só
Deus. Quando ele pecou tragicamente contra Deus, ele rogou a Deus não retirasse
o seu Espírito Santo dele.
Foi durante o
período da monarquia que os profetas apareceram com zelo. Profetas que, como
Miquéias, estavam cheios do “Espírito do SENHOR” e Azarias; que
proclamaram segurança a Judá e ao seu rei.Tanto Neemias
como Zacarias falam do período inteiro antes do exílio como um tempo quando Deus
tratou Israel por meio do Espírito Santo e Pedro fala do
“Espírito de Cristo” “que neles estava” quando eles predisseram o sofrimento
vindouro e a glorificação do Mestre.
Profetas viram
se aproximando um dia de calamidade por causa da quebra da aliança com Israel,
mas eles asseguraram Israel que um tempo vinha quando Deus sinalizaria a
renovação da relação de aliança com o Israel, ricamente derramando sobre homens,
mulheres, meninas e meninos, servos e servas, virgens e velhos. Seria um dia de
novos começos, um dia marcado pela atividade renovadora do Espírito.
É importante que
nós nos lembremos que o trabalho do Espírito de Deus não foi limitado à atos de
redenção dramática ou atividades meramente "religiosas." Salmos 104 combina o
extraordinário com a bênção estável em dia após dia de toda a criação. Isto
inclui ele providenciando o dom de “sabedoria” que significa “pensando como
Deus” e aprendendo a viver e desfrutar dentro do mundo que pertence a ele. A
vida inteira é recheada com a atividade do Espírito Santo.
Então veio a
deportação que os profetas predisseram e Israel, caminho para a escuridão, mas
até mesmo no cativeiro o Espírito Santo estava habitando, falando, habilitando e
prometendo. Ezequiel estava entre os cativos quando os céus abriram e o Espírito
de Deus entrou nele. Vez após vez ele pregava convicção e
consolação que chega ao ápice em 37:1-14, onde uma nação morta em pecado e
exílio é assegurada que o Espírito de Deus os levantaria das suas sepulturas
lhes daria vida.
Quando muitos
voltaram à terra, castigados mas não completamente curados, eles acharam uma
vida dura, seus inimigos animados, sua situação precária e debilitada. Mas
Ageu lhes deu a segurança de que a promessa
da aliança que Deus deu a Abraão ainda estava intacta, portanto eles não
deveriam temer, pois Deus não só era fiel às suas promessas passadas, mas o
Espírito do Deus “habitava” no meio deles. Zacarias encorajou Zorobabel, o
governador, a acreditar que a tarefa assustadora de estabelecer Israel novamente
seria realizada pelo Espírito de Deus.
A literatura
Intertestamentária é recheada de referências ao Espírito Santo e ao trabalho
dele nas vidas de crentes e em outros lugares. Antes do
nascimento de João Batista e o próprio Senhor Jesus mesmo, um anjo assegurou o
envelhecido Zacarias que ele teria um filho que seria cheio do Espírito de Deus
desde o ventre materno. Lucas diz que o anjo
falou para Maria que, em concebendo o Senhor, o Espírito Santo viria sobre ela,
“e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra;” (uma alusão ao Shekinah
da Velha Aliança -- a “glória” que pairava sobre o Tabernáculo). E havia o idoso
Simeão que foi dito pelo Espírito que viveria para ver o Messias de Deus e
estando “no Espírito,” ele entrou no templo, viu o Cristo como criança e louvou
a Deus pela sua fidelidade.
Se tudo isso é
verdade – que o Espírito Santo esteve sempre presente e em todos os lugares, o
que devemos fazer com a declaração de João que até nos dias finais do ministério
terrestre de Jesus, “o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus
não havia sido ainda glorificado.”?
O “dando” e “recebendo” do Espírito nesta
passagem dependem da glorificação de Cristo e tem referência específica aos que
crêem no Cristo. Não é necessário destacar isto contra tudo aquilo que acabamos
de examinar. João sabia muito bem que o Espírito sempre havia estado trabalhando
no povo de Deus e além, e que ele havia estado com eles ao longo do ministério
público de Cristo, porque ele disse isto expressamente. Ele nunca esteve ausente assim, de modo que o “dando” do Espírito fala de alguma
forma especializada da presença dele.
A glorificação
de Cristo envolveu a morte propiciatória, reconciliando nele, sua ressurreição e
a ascensão gloriosa até à destra de Deus. Pedro disse
“Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito
Santo, derramou isto que vedes e ouvis.” Isto é
precisamente o que Jesus estava se referindo quando ele disse “Eu rogarei ao
Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre
convosco,”
O significado do
dar e receber o Espírito na passagem de João 7 veio à tona porque está
relacionado ao retorno do Cristo exaltado que havia terminado a fase terrestre
do seu ministério e tinha se tornado Espírito vivificante.
Em Atos 2, o que
Pedro contou aos seus ouvintes foi isto: eles estavam testemunhando um novo
começo, uma presença nova e especial do Espírito Santo que agora estava – o que
antes ele nunca poderia ter sido – a presença e representação do Cristo
glorificado, que junto com o Pai havia habitado nos crentes Messiânicos que
constituíram o novo templo.
O Espírito não
pôde funcionar neste papel antes, precisamente porque o Cristo no seu ministério
terrestre estava operando no reino da carne (quer dizer, sob as limitações
humanas comuns) e não era um Cristo glorificado, ascendido e universal. Para o
Espírito operar deste modo novo era necessário o Cristo voltar ao Pai.
No desenrolar-se
do propósito de Deus, o Cristo não pôde permanecer com eles a menos que ele
fosse primeiro para longe deles (pelo processo de morte, ressurreição, ascensão
e glorificação) e retornar a eles na pessoa do Espírito que permaneceria.
Assim a
diferença entre o que aconteceu antes de Deus glorificar o Cristo e o que
aconteceu depois disto, é mais sobre a “identidade nova” do Espírito do que
sobre etapas de intimidade ou os tipos de coisas que o Espírito fez. O Espírito
havia se tornado a presença do Cristo glorificado, que não era mais para ser
visto em condições “carnais” (dentro de categorias meramente humano ou
judaicas).
Na era
Messiânica, o Espírito “de Deus,” enquanto ele continua sendo assim, é
identificado agora como o Espírito “de Jesus” ou o Espírito “de Cristo” ou o
Espírito “do Filho” dele. Isto ele não podia ser antes da
exaltação do Cristo. Mas agora o Espírito vem em nome dele. Assim a passagem de João 7 realmente diz mais sobre Cristologia do que sobre o
Espírito.
Além disto, com
a chegada do Cristo, apareceu uma nova ordem mundial. O Cristo não é
mais uma figura terrestre, mas um “Espírito vivificante” e
o povo dele são os cidadãos de céu, no mundo mas não do mundo. Isto significa não só que eles não vêem o Cristo em termos meramente humanos;
eles não se vêem ou a qualquer outro segundo a carne. A perspectiva
deles é agora "espiritual", isto é, surgindo do Espírito.
Em Atos 2, o
vento e o fogo, o dom de idiomas não conhecido aos oradores, a proclamação
profética e a profusão de milagres vinculadas ao Pentecostes, como um momento de
crise e novo começo, foram provas tangíveis que estes eram os dias do Espírito
do qual os profetas haviam falado.
Assim não era a
presença e trabalho do Espírito que era novo, já conhecido ao longo da história
de Israel e a experiência humana como parte da ordem criada. O que era novo era
o ambiente no qual o Espírito estava agora ministrando, a relação que ele agora
sustentou ao Cristo glorificado e ao povo dele recentemente formado.
Perto do fim do
ministério terrestre dele, Cristo falou para seu povo que ele lhes enviaria
outro Conselheiro – um que eles conhecem – que já estava “com” eles mas estaria
“dentro” deles. Enquanto é verdade que o último estado
(“dentro”) fala da inteira experiência nova deles em termos de estar “com”
eles, ainda é verdade que ele faz uma
distinção entre ”com” e “em”.
Eu estou
convicto que Jesus estava falando do tempo quando os crentes se tornariam o povo
da nova aliança e assim se tornaria o templo no qual o Cristo e o seu Pai
morariam pelo Espírito. O Espírito estava com e em Israel
antes da aliança do Sinai, mas com os eventos do Sinai, Israel se tornou algo
que eles não foram antes. Eles se tornaram um povo ou uma nação de aliança com
Deus, que agora habitou em e entre eles como seu parceiro principal na
aliança.
Este trabalho de
Cristo, enviando o Espírito para ungir e habitar na Igreja, o Corpo dele, é o
que significa a frase “batizado no Espírito”. A frase é de João Batista, que quer que os penitentes batizados
saibam que o Cristo deles é maior que ele. No momento apropriado, o Cristo lhes
daria o Espírito ou, nas palavras de João, “vos batizará com o Espírito
Santo”.
O antigo Israel
e muitos indivíduos lá foram ungidos antes do Cristo chegar, mas com a sua vinda
os propósitos e resultados das unções eram novos, isto é, peculiarmente
focalizados. Elas estariam todos sob o título de glorificar o Cristo e lhe fazer
Senhor de tudo e Senhor nas vidas das pessoas. O reino de Deus surgira a sua
manifestação final em relação à humanidade.
O ungindo do
velho Israel com o Espírito é substituído por um novo ungindo de um novo Israel
que, com os gentios se tornara o novo templo no qual Deus habita pelo
Espírito. Esses que compartilham a fé de Abraão
(ao invés de um lugar na aliança Sinaítica), tendo sido batizados em Cristo se
tornam os herdeiros de Abraão.
Este movimento
substitui a aliança Mosaica (que criou duas famílias – judeu e gentio) com uma
“nova” aliança que, no Cristo, faz dos dois, “um novo homem, fazendo a paz”. Israel não é desprezado, mas sua
relação de aliança com Deus é reestruturada e todas as pessoas de fé se tornam
um com ele.
Enviando o
Espírito no nome de Jesus e o fazendo disponível para todos que, confiando no
arrependimento tomam para si o nome de Cristo no batismo, Deus mostra que esse trabalho de reestruturação é dEle. Isto ele faz em
cumprimento às palavras dos profetas, João Batista e o próprio Jesus.
O ungindo do
povo de Cristo pelo Espírito era tudo que eles precisaram para uma vida completa
com Deus no Cristo. Ele proveu todas as coisas necessárias para vida e piedade e
eles não precisaram de mais nada! Este ungido incluiu homens dotados e mulheres
que funcionaram dentro do Corpo de vários modos.
Isto é o que o
João teve em mente quando ele falou do ungir da Igreja com o Espírito Santo que
guia a igreja em toda a verdade. Nenhum conhecimento falso (via
Gnósticos ou outros radicais) é preciso para os completar, não falta nada
essencial para o qual apenas a elite possa ter acesso. João não está sugerindo
que cada indivíduo tenha uma unção do Espírito que o/a faz e ou infalível ou
extremamente douto.
É a Nova
Comunidade que é batizada no Espírito em lugar de cada indivíduo independente.
Em virtude de fazer parte da Comunidade, nós somos habitados pelo Espírito em
nós. Salvação e a recepção do Espírito são sempre pessoais mas eles não estão
disponíveis em isolamento – somente dentro da comunidade da aliança.
Talvez eu possa
ilustrar melhor o que eu estou dizendo aqui. Suponha cada ser humano tem o que
sobrevive a morte biológica, algo que chamamos “espírito” e que habita em nós –
nós jamais diríamos: “Nosso espírito só mora em nosso cérebro, no nosso fígado
ou no coração” separado de, digamos, do nosso pé ou mão. Não, nosso espírito
habita em “nós”, não numa parte isolada de nós. Nem tampouco diríamos, “Nosso
espírito não habita em nossos dedos do pé ou orelhas.” Dizendo que o espírito
habita em “nós”, nós queremos dizer “nós” como um todo completo e não
independentemente em cada órgão como se nós fossemos uma coleção de pedaços
independentes.
Assim, de acordo
com minha visão, não há nenhum habitar “individual” do Espírito. Não existe
nenhum cristão “individual”, como unidades independentes. É certo falar de
cristãos individuais contanto que nós saibamos que eles só existem como parte de
um Corpo. Um dedo não é o corpo inteiro, é uma parte "individual" do corpo mas ainda é uma "parte individual do
corpo". Nós só podemos falar de um dedo ou pé ou olho no contexto de uma pessoa
inteira.
E a habitação
não é no sentido literal do Espírito Santo em nós. Eu penso que o "habitação" é
outra maneira de expressar a vontade dele de identificar-se e ter comunhão
sagrada com a Comunidade da aliança, a Igreja. A habitação é a vontade graciosa
dele de ser e mover entre o povo como o Deus deles, de um modo especial segundo
a aliança. É dito que nós habitamos em Deus tão seguramente quanto é dito que
Deus habita em nós.
Se o habitar é
“literal” ou “figurativo”, as escrituras ensinam que ele habita em nós. As boas
notícias são que ele continua morando em nós e nos abençoa apesar de nossa
ignorância sobre os detalhes.
Deixe-me
resumir:
O Espírito Santo
sempre esteve ministrando, criando, abençoando, redimindo, cuidando, guiando,
enquanto provia e iluminava.
Os profetas
falaram de um dia quando o reinado de Deus se tornaria manifesto no Messias e
que aquele dia seria iluminado pela presença e trabalho do Espírito Santo.
Aquele tempo seria o período de renovação da aliança.
Os propósitos
maravilhosos de Deus começaram a ser vistos com a chegada de Jesus de Nazaré em
cuja vida, morte, ressurreição e glorificação, o reinado de Deus assumiu uma
glória maior que antes.
A presença e
trabalho do Espírito continuaram de algumas maneiras a ser o que sempre foi, mas
agora assumiu um novo sentido. Ele se tornou uma testemunha à glorificação de
Cristo e para a identidade de seu povo, o povo da aliança (a Igreja – composta
de todas as nações). Isto significou que ele estava ministrando com uma nova
fase do propósito de Deus e é aquele novo papel que explica muito do que é
“novo” na Nova Aliança.
O Espírito que
sempre é o Espírito "de Deus" é conhecido como o Espírito "de Cristo", "de
Jesus" e "do Filho" dele. Isto não era possível antes da glorificação de Jesus
Cristo.
O Espírito que
habitou no povo da Velha Aliança – e visivelmente sinalizou isso pela presença
do tabernáculo e do templo – agora habita nas pessoas da Nova Aliança que é
composta de judeus e gentios que receberam o Messias. É dito que o Cristo
"batiza no Espírito santo" quando ele enviou o Espírito ao novo povo da aliança
em quem ele e o Pai habitam pelo Espírito Santo.
Dois pontos a
mais antes de concluir este texto.
Este novo papel
do Espírito poderia ajudar a explicar (como alguns no passado sugeriram) o
"pecado contra o Espírito Santo" do qual o Cristo falou.Para os judeus rejeitarem o Cristo terrestre era pecado mas poderia ser
corrigido depois. Par rejeitar o Cristo exaltado que agora só é conhecido pelo
Espírito Santo é pecar um pecado contra o Espírito Santo para o qual não pode
haver nenhuma cura. Não houve nem há nenhum outro Cristo.
Eu não conheço
nenhuma razão para dizer, com a maioria dos autores, que a diferença entre a
Velha Aliança e a Nova é que aqueles santos da velha aliança não puderam manter
a aliança porque não tiveram o Espírito para neles habilitar. É entendido,
então, que o Espírito, foi enviado para permitir os santos da nova aliança a
manterem a nova aliança. Eu entendo que este é um mal entendido sobre a natureza
de ambas as alianças.
A noção que a
Velha Aliança era "sem Espírito" é um equívoco e a visão que os santos antigos
ficaram para trás em relação aos santos de Nova Aliança em fidelidade, que o
amor e devoção a Deus deles era inferior e superficial é outro equívoco. Por si
só, os “heróis da fé” do autor da carta aos Hebreus deveria acabar com aquela
idéia.
É verdade que
foram reveladas verdades novas e uma nova fase dos propósitos de Deus chegou com
a manifestação do reino de Deus na Nova Aliança. O trabalho e a presença do
Espírito assumiram um significado especial, mas todo o seu habilitar das pessoas
nos tempos da Velha Aliança foi da mesma maneira tão real como qualquer
habilitação na Nova Aliança. Com a chegada da "plenitude do tempo", aquele
trabalho de habilitar teve um novo estímulo e desenvolvimento. Era
"escatológico" e estava relacionada ao novo povo de Deus do “fim dos tempos” e
propósitos que estavam centrados no “último Adão", Jesus Cristo. Tudo aquilo é verdade, eu entendo, mas não tem nada a ver com a profundidade e
autenticidade da fé e devoção dos antigos santos criados e nutridos pelo
Espírito. Ao nível ético, a glória das vidas deles era tão rica quanto qualquer
outro santo no presente. Escolha aí exemplos do Novo e eles podem ser igualados,
pelo menos, no Velho.
Não é difícil
demonstrar formalismo, apostasia e imoralidade nos anciões, mas ninguém nos
escritos da Nova Aliança condena estes de forma tão severa quanto os profetas da
antiguidade. Mero externalismo foi condenado pelos profetas que chamaram pessoas
a terem corações circuncidados e a darem de si para Deus. O próprio Cristo nos
falou que o cânon inteiro da Velha Aliança podia ser resumido nos mandamentos do
amor. Paulo seguiu a orientação dele nisso.
Eu estou dizendo
que muito da ignorância que nós atribuímos aos Israelitas sob a aliança Mosaica
não é deles – é nossa. Eu estou dizendo que o Espírito fez as vidas deles
adorável e sacrificíal e temente a Deus. Eu estou dizendo que o que é "novo"
sobre o trabalho do Espírito na orientação da nova aliança não tem nada que ver
com estes assuntos.